Dmitry observava o prédio onde Susan morava, o motor do carro desligado, mas a tensão dentro dele ainda pulsando. A rua estava silenciosa, as luzes urbanas se tornando borrões distantes sob seus olhos.Ali, naquele andar iluminado, ela estava. Frágil à primeira vista… Mas ele sabia. Susan não era frágil. Ela era resistência. Era negação. E, por isso, era ainda mais perigosa.Ela era diferente.Ele conhecia mulheres. Sabia o jogo, as manipulações, as rendições rápidas ou teatrais. Mas Susan… Susan o enfrentava com olhos que a denunciavam mesmo quando a boca insistia em mentir.Ela o desafiava. Fazia cada fibra de seu corpo implorar para tomá-la de novo. E ele tomaria. Mas não era só o corpo dela que ele desejava. Era o todo. Era a confusão em sua mente, o medo, a vergonha, o desejo que ela escondia mal. Era isso que o consumia.Ela.“Ela tá fugindo de nós…”A voz do lycan soou dentro de sua cabeça, mais baixa, mas carregada daquele sarcasmo animalesco, com a malícia de quem saboreava

O VDNH ainda fervilhava de vozes, risos e música quando Dmitry cruzou novamente a entrada principal. Os olhares voltaram-se para ele como ímãs. A aura dele, antes contida, agora exalava um poder primal. Mesmo sem o cheiro explícito de sexo ou de marcação, os Lycans sabiam. Eles sempre sabiam.Não havia nada a esconder.A simples visão de sua mão entrelaçada à de Susan ao deixarem o salão já havia sido um desafio à sua união com Natália. Agora, seu desaparecimento por quase uma hora era uma afronta direta. Uma declaração de que ele não escondia mais nada.Do outro lado do salão, Dmitry avistou Aleksandr encostado no bar, uísque na mão e um sorriso de deboche nos lábios. O olhar que lançou a ele foi de um cinismo quase preguiçoso.— Então o gelo finalmente rachou, hein, Dmitry? — Aleksandr murmurou ao vê-lo passar, com aquele tom leve demais para ser casual.Dmitry não respondeu. O humor dele já estava por um fio. Ter deixado Susan sozinha, mesmo que dormindo, causava-lhe incômodo. Irri

Dmitry saiu do banheiro e pegou o celular sobre a mesa de cabeceira. Uma nova mensagem de Alexei piscava na tela:"Os conselheiros querem ver você. Parece que Natália correu pra abrir a boca sobre a ruivinha. Cuidado, eles estão espumando."Ele bufou, já esperando por aquilo.— Claro que ela correu.Sua voz soou baixa, carregada de desprezo.Enquanto vestia a camisa, seus dedos roçaram a pele do pescoço, onde o cheiro de Susan ainda marcava cada poro. Era doce, quente, inconfundível. O lycan dentro dele rosnou de satisfação, vibrando sob sua pele."Ela é nossa. Ninguém vai tirá-la de nós.""Que tentem."Dmitry não discutia mais com ele, estavam em sintonia agora. Ambos sabiam o que aquela mulher significava. Predestinada. Essência. Instinto.Talvez algo mais, mas ele ainda não estava pronto para nomear o que sentia.Vestiu o paletó, ajustou os botões com movimentos meticulosos, e saiu do quarto decidido. O Complexo dos Conselheiros não era longe, mas cada passo parecia uma contagem re

Susan andava de um lado para o outro no quarto espaçoso, os braços cruzados contra o peito e os pés descalços afundando levemente no tapete felpudo sobre o assoalho de madeira escura. Estava nervosa, o estômago embrulhado e a respiração curta.O quarto... Era lindo. Grande demais. Silencioso demais.Parecia saído de uma revista de luxo: tetos altos com molduras rebuscadas, lustres de cristal, cortinas pesadas em tons de vinho profundo, móveis de madeira maciça com detalhes dourados, e uma lareira imponente — ironicamente apagada.Bonito demais. Mas vazio.Frio. Não de temperatura, mas de presença e além de sozinha ela se sentia ilhada. Observada.Tentou olhar pela janela. Do alto, viu a movimentação dos homens de segurança: uniformes pretos, olhos atentos, postura rígida. Guardas demais. Todos armados. E certamente todos Lycans.Ela recuou, o coração acelerando ainda mais.— Não vou conseguir sair daqui… — Murmurou, sentando-se na beirada da cama. Os dedos trêmulos agarraram o lençol.

Susan estava deitada de lado na cama, o travesseiro abraçado contra o peito. A luz suave do abajur aquecia o quarto de tons acolhedores, mas ela ainda se sentia como uma peça deslocada no meio daquele luxo silencioso e estranho.Um leve toque na porta a tirou dos pensamentos. Antes que ela pudesse responder, a maçaneta girou com discrição, e a figura rígida e elegante de um homem entrou.— Senhorita Grigorieva. — Disse com uma reverência polida. — Meu nome é Vladimir. O senhor Rurik pediu que eu entregasse isto pessoalmente.Ele se aproximou com um carrinho de prata coberto por uma redoma de vidro. Ao levantar a tampa, um aroma doce invadiu o quarto: chocolate quente e frutas vermelhas em camadas, envoltas num creme delicado. Ao lado, uma pequena torta amanteigada e uma taça de chá de frutas.Susan sentou-se devagar, surpresa.— Ele mandou isso pra mim?— Com instruções diretas da chef Marina. — Vladimir respondeu. — Sobremesa favorita da casa. — Então inclinou a cabeça respeitosamen