NarradorGreta não só segurava nas mãos o dinheiro destinado à imobiliária, mas também as instruções sobre como deveria comunicar-se com Magdalena; essa era a condição imposta por Charlotte para poder efetivar o cheque. A mulher estava sumamente nervosa, com o coração partido e completamente desorientada. No fundo, sabia que se tinha apaixonado por aquele homem mais velho, que a tinha levado para a cama em múltiplas ocasiões, usando enganos, prometendo-lhe um mundo cheio de possibilidades, e ela entregou-se com a esperança de que ele a amava de verdade.Com lágrimas nos olhos, observou como o seu telefone tocava insistentemente; era o seu amado, que a procurava há um par de horas. Tinham um encontro antes que começasse a sua jornada de trabalho e, evidentemente, o único destino para onde ele se dirigia era o apartamento dela. Charlotte tinha-lhe dado o endereço e tinha-lhe instalado uma pequena e moderna câmara na sua jaqueta, para poder vigiar todos os movimentos de Greta em tempo re

CharlotteNo dia seguinte, cheguei ao escritório com um sorriso radiante. O meu coração transbordava de felicidade ao repetir uma e outra vez o vídeo em que Greta confessava tudo a Magdalena. A satisfação invadia-me ao pensar em quantas vezes a minha sogra tinha zombado de mim quando o seu filho me fazia sofrer. Se tentasse contar essas vezes, não teria dedos suficientes nas mãos e nos pés.Deixei a minha mala na secretária, tirei a jaqueta e deixei à mostra a minha pequena blusa. O verão na Califórnia estava a ser abrasador, então desfrutava da liberdade de estar um pouco mais confortável enquanto estava sozinha.Liguei o meu laptop e comecei a trabalhar, mas os gritos vindos de fora tiraram-me da minha concentração.«O que está a acontecer?», levantei-me da minha secretária e espreitei para ver que Federick estava a discutir com a minha secretária, que lhe negava a entrada. Levantei o telefone para comunicar com Iris.«O que sucede, Iris?»«Senhora, estou a explicar ao consultor com

NarradorFederick resistia ao que Charlotte lhe tinha dito, mas estava claro que ela estava decidida a terminar com ele. Precisava desabafar, então a sua única opção foi falar com Helen, que sempre tinha sido o seu apoio incondicional.«Federick! A tua voz ilumina o meu dia.»«Sim, sou um ingrato. Como tens estado?»«Muito bem, melhor agora que te ouço. O que te traz por aqui?»«Quero que saíamos para tomar um café. Gostarias?»«Ai, querido! Hoje não posso, mas tenho uma ideia melhor: que te parece se nos virmos no Clube Las Vegas amanhã? Precisamos de algo mais forte que café; esta semana tem sido uma loucura no trabalho, e umas bebidas fariam-me bem.»Federick soltou uma risada, surpreendido por essa faceta de Helen que não conhecia.«Está bem, vemo-nos amanhã, Helen!»No dia seguinte, Charlotte preparava-se para o encontro que Dorian lhe tinha proposto. Embora não fosse o homem que realmente desejava ao seu lado, não lhe desagradava a ideia de passar um bom bocado. Dorian chegou ao

NarradorCharlotte abriu a porta da sua mansão e encontrou a sua mãe, Dora, que a esperava na sala com um olhar zangado.«Charlotte! Filha, sei que já és adulta, mas devias ter avisado que não dormirias em casa. Preocupei-me muito contigo. Além disso, liguei para o teu telemóvel e estava desligado. Assustaste-me!»«Mãe, tens razão. Perdoa-me, saí para tomar umas bebidas com Dorian e perdi a noção do tempo. O meu telemóvel ficou sem bateria. Ia regressar direto a casa, mas ele insistiu que ficasse com ele», respondeu Charlotte com um tom abafado.«Estás bem, filha?», Dora levantou-se e aproximou-se lentamente da sua filha. Apesar da independência de Charlotte, a sua mãe conseguia notar quando algo não estava bem.«Sim», disse Charlotte, com a voz entrecortada.«O que te aconteceu, Charlotte? Diz-me!»Charlotte franziu o cenho e, de repente, desatou a chorar. Dora não teve mais opção senão abraçá-la com força, enquanto a sua filha chorava desconsoladamente, como se fosse uma criança peq

Federick«Federick, estás muito calado. O que te sucede?», perguntou Helen.Baixei o olhar, incapaz de articular palavra, pelo menos não sobre o que realmente me atormentava. Helen pegou na minha mão e acariciou-a com ternura.«Se não te sentes confortável a contar-me o que se passa, está bem. Não te vou pressionar, mas não é preciso ser adivinho nem cientista para saber que o que te tem assim tem nome próprio e é loira.»Suspirei, engolindo em seco para reunir coragem e responder.«Sim, aprendeste a conhecer-me, Helen. A verdade é que estou a morrer por Charlotte, mas estou consciente de que na posição em que estou, nem sequer poderia lutar por ela. Essa mulher está rodeada de pretendentes, e são bastante bons, para ser honesto.»Helen soltou a minha mão e virou-se para me olhar.«Achas-te menos que os outros? Por acaso acreditas que uma mulher só se fixaria em ti pelo que tens e não pelo que és?», afirmou, irónica.«Para uma mulher como Charlotte, sim. Olha para mim, quem sou eu ago