A simples menção de Kael fez a raiva subir como labaredas pelo corpo de Darian. Já estava guardando aquilo desde o baile, desde o momento exato em que sentiu o cheiro inconfundível de desejo impregnado em Kael — desejo por Lyanna. Agora, o rei lhe confiava a proteção dela… como se fosse necessário. Como se ele, um Guardis, precisasse de ordens para defender quem ama. Se pudesse, arrancaria a cabeça daquele príncipe arrogante com as próprias mãos, pensou, os olhos brilhando em dourado por um breve instante. Darian caminhava com determinação pelos corredores de pedra do castelo quando avistou um dos serviçais do rei organizando pergaminhos no salão anexo. — Você — chamou com voz firme, sem desacelerar o passo. O rapaz se virou rapidamente, fazendo uma pequena reverência. — Sim, senhor Darian? — Prepare um convite para o chá da tarde. Envie à família Cobalto. Diga que é para tratar de assuntos oficiais… negócios do reino. — Claro, senhor. Algum detalhe específico? Darian

Ryan caminhou até seu quarto e nem percebeu quando chegou lá. A porta se fechou com um clique abafado. Ryan permaneceu imóvel, parado no centro do quarto. As paredes de pedra, adornadas com tapeçarias douradas e brasões antigos, pareciam mais frias do que nunca. Ele tirou lentamente as luvas de couro, jogando-as sobre uma cadeira próxima. Caminhou até a pequena mesa diante da janela e se sentou com o corpo inclinado para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos. O silêncio era pesado. A imagem de Emma passou por sua mente: os olhos confiantes, o riso leve, a forma como confiava nele sem reservas. "Seduza ela, engravide-a, faça disso uma arma." As palavras do pai rodavam como veneno em sua mente. Ryan se levantou abruptamente. Caminhou até o espelho e encostou as duas mãos na moldura dourada, encarando seu próprio reflexo. — Até onde eu vou por um maldito 'estou orgulhoso de você'? Seu olhar era duro, quase de desprezo. Não por Lyanna. Por si mesmo. Então, abaixou a cabeça

Ryan caminhava sozinho pelos corredores de pedra polida do castelo de Andwood. A luz que entrava pelas janelas altas não aquecia seu espírito. Seus passos ecoavam no silêncio como se cada um deles carregasse o peso da noite anterior. Sentou-se num banco próximo ao jardim interno, as mãos entrelaçadas no colo. Estava inquieto. Desde a conversa com seu pai, o rei Velran, sua mente não encontrava paz. — Um neto a qualquer custo… — murmurou, encarando o vazio. — Ele nem disfarça. Reclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. — E eu achando que agora, com o noivado firmado, iriam relaxar um pouco... Mas não. Nunca é o suficiente. Eles estão tão obcecados em governar Kharador, tão sedentos por controlar o sangue branco que são capazes de passar por cima de qualquer um. Até de mim. Sua mandíbula se contraiu. O desejo de agradar os pais travava uma guerra surda com o pouco de integridade que ainda preservava no peito. Ele se via dividido entre o herdeiro leal que os reis moldaram c

Darian terminava de ajustar as roupas dentro da bolsa que levaria e alguns mantimentos para a viagem. Em sua mesa, documentos, mapas e uma pequena caixa de madeira com compartimentos ocultos estavam organizados meticulosamente. O sol iluminava de forma oblíqua a parede de pedra, e ele respirou fundo antes de guardar o último dos pergaminhos selados. Estava pronto para partir. Seu olhar voltou brevemente à mesa, onde um frasco pequeno de vidro translúcido repousava sob um lenço de linho. Sistymoll. A substância calmante havia sido usada de forma imprudente — e letal. Alguém a misturou à bebida do copeiro. Alguém que sabia dos efeitos e da dosagem exata para deixá-lo vulnerável antes de eliminá-lo.“Preciso seguir a trilha desse veneno. Em Solmere, comerciantes do mercado negro se aproveitam da demanda entre nobres covardes que não querem sujar as próprias mãos.” Com passos firmes, saiu e montou seu cavalo. O portão externo de Kharador começava a se abrir, e com o capuz já puxa

No dia seguinte Darian seguiu viagem e após algumas horas cavalgando chegou finalmente ao destino. O mercado de Moedas dos Penhores parecia brilhar por dentro, com suas paredes de vidro e vitrines recheadas de pedras raras e joias cintilantes. Era o lugar onde nobres desesperados trocavam heranças por segredos. Darian entrou com passos firmes, sem se intimidar com os olhares dos avaliadores e comerciantes. No balcão principal, um homem magro e elegante examinava uma pedra com o auxílio de uma lupa fina de prata. Não ergueu os olhos de imediato. Só o fez quando sentiu a presença de alguém imponente demais para ser comum. — Bom dia, senhor. — disse Darian, sua voz controlada. — Tenho uma moeda aqui... e algumas perguntas. — Ele abriu discretamente o sobretudo e mostrou o distintivo dos Guardis Reais. O penhorista engoliu seco. Largou a pedra com cuidado sobre o feltro e ergueu os olhos. — O que posso fazer pelo Reino, Guardis? — Gostaria de ver seu livro de registros. — di