Um Quarto que Se Despe de LembrançasElise chegou ao flat ainda com o coração apertado pela despedida de Ashley. O silêncio do apartamento parecia mais pesado do que o habitual, como se o espaço pressentisse que aquela seria sua última noite ali.Ela largou a bolsa sobre a poltrona e foi até o telefone fixo. Ligou para a portaria.— Boa noite, senhorita Elise. Em que posso ajudá-la?— Você pode, por favor, pedir para a dona Lucinda subir? Ela faz a limpeza aqui do flat. Diga que sou eu quem está chamando. É urgente, mas não é nada grave.— Claro. Avisarei agora mesmo.Alguns minutos depois, a campainha tocou. Elise abriu a porta com um leve sorriso.— Entre, dona Lucinda.— Boa noite, minha flor. Está tudo bem?— Está sim, mais ou menos. — disse, tentando sorrir. — Pode se sentar um minutinho? Preciso conversar com a senhora.A mulher, de cabelos presos em um coque baixo e olhos experientes, as

Ainda estava arrumando as últimas coisas quando o celular vibrou. Era uma mensagem de Philipe:“O helicóptero já está aguardando. Estou mandando o motorista te buscar. Você tem muita coisa para levar?”Elise sorriu e respondeu:— Não, só as minhas coisas pessoais. “E as coisas que você comprou?”— Doei tudo. “Então está certo. O motorista vai até você, e nós vamos nos despedir no heliporto. Assim que chegar, por favor, me liga avisando. Você sabe como a Ashley é preocupada, ela vai querer saber que está tudo bem.”— Não se preocupe, Philipe. Não precisa se deslocar para me levar. Depois vocês me visitam lá, quando forem a trabalho. “Você sabe que, se a Ashley não for, ela vai ficar chateada. Nós vamos estar lá te esperando. O motorista já está a caminho, e eu vou com a Ashley e o Dan para o heliporto para me despedir de você.”Elise agradeceu, mas, ao desligar, pensou consigo mesma:Ont

Philipe apertou de leve a mão de Ashley e continuou:— Ashley, eu sei que ele vai sofrer. Eu conheço meu irmão, como acabei de te falar. Só que o Paul é aquele tipo de pessoa que, quando coloca uma coisa na cabeça, vai até o final.Ashley manteve o olhar fixo nele, em silêncio.— Então, o que nós podemos fazer é estar aqui para ele quando tudo desmoronar. — Philipe suspirou, mas seu tom ficou mais firme. — Agora… o que eu vou sugerir a ele é que se case com a Monique em regime de separação total de bens. Quero que assinem um contrato pré-nupcial.— Você acha mesmo que ele vai aceitar? — Ashley perguntou com cautela.— Vou fazer ele aceitar. — Philipe disse com convicção. — Porque ela não ama o meu irmão. Isso eu sei. E ele também não ama ela. É um casamento por conveniência. Ela está unindo o útil ao agradável… e, como boa advogada que é, poderia arrancar até o último fio de cabelo dele numa separação. Não vou deixar isso acontecer.A