No quarto do hospital, logo após a saída de Briana com os gêmeosAssim que a porta se fechou atrás de Briana e dos meninos, Ashley permaneceu em silêncio por alguns instantes, absorvendo tudo o que havia acontecido. Foi então que ela olhou para Philipe, curiosa, e perguntou com a voz ainda emocionada:— Philipe... por que você disse que os meninos não costumam abraçar ninguém? Eles pareceram tão naturais comigo... e depois com você. Disseram que só abraçam a família. Eles nunca tinham te abraçado?Philipe soltou um leve suspiro e se aproximou da poltrona ao lado da cama, sentando-se com cuidado. Seus olhos, agora mais calmos, refletiam admiração e surpresa.— Não... — ele disse, com um meio sorriso nostálgico. — Eu conheço o Samuel e o Mihael desde pequenos. Sempre falavam comigo, brincavam com palavras, às vezes até tiravam sarro do meu jeito sério... mas nunca se aproximavam ao ponto de um toque. Nem um aperto de mão. Eles são assim, seletivos.

Philipe fechou o livro dos Médiuns e se encostou melhor na cabeceira, puxando Ashley delicadamente para deitar-se mais perto. Ela acomodou a cabeça no peito dele, sentindo o ritmo calmo do coração que tantas vezes temeu perder.— Amor... — disse ela num sussurro. — Eu e você... precisamos estudar de verdade. Não só pelo que sentimos, mas porque vamos criar o nosso filho dentro de uma fé. Não necessariamente uma religião em si... mas ele vai crescer sabendo que Deus existe.Philipe acariciava seus cabelos com leveza, ouvindo cada palavra com atenção.— Concordo plenamente. Ele vai escolher o caminho dele quando crescer, mas o que é essencial... é que ele tenha uma base, uma raiz. Que saiba quem é Deus, que sinta a presença Dele na vida, no amor, nas escolhas...— E a gente precisa conversar com a Briana — continuou Ashley. — E quando o pai dela melhorar, pedir para ela estudar mais também... os gêmeos vão precisar de muito mais que um psi

O Reencontro em Casa e a Descoberta do CoraçãoO sol já começava a se despedir no horizonte quando o carro de Philipe estacionou em frente à casa. Com delicadeza, ele saiu e abriu a porta para Ashley, ajudando-a a descer com cuidado. A enfermeira que os acompanhara até ali despediu-se sorridente, dizendo que voltaria mais tarde para conferir os sinais vitais e a recuperação do pós-operatório.Benjamin, ao ouvir o som do motor, saiu correndo da sala, com os bracinhos levantados, chamando pela mãe com um sorriso largo e os olhinhos brilhando de saudade.— Mamã! Mamãaaa!Ashley ajoelhou-se com esforço, apesar das dores que ainda sentia, e o envolveu nos braços com lágrimas escorrendo pelo rosto.— Meu amor, meu bebê a mamãe estava morrendo de saudade de você! — disse, acariciando os cabelos do menino enquanto o beijava várias vezes no rosto. — Você cresceu nesses dias, está ainda mais lindo!Os avós de Ashley estavam ali, de pé, na

Trinta dias depois...O sol atravessava suave pelas janelas do quarto do hospital, aquecendo o rosto de Christian, que olhava para fora com olhos cheios de vida. O semblante já não era o mesmo homem pálido de antes. Agora havia cor em suas bochechas, serenidade no olhar e uma força nova em seu espírito.Do lado de fora, Briana sorria ao lado dos gêmeos, que estavam vibrando com a novidade.— Ele vai ter alta hoje, mãe! — disse Samuel, animado, com o celular na mão. — E já preparamos tudo para a recepção.— Inclusive… — completou Mihael, com aquele ar misterioso que só ele sabia fazer — ...mandamos arrumar um quarto para o nosso sobrinho, lá em casa.Briana franziu o cenho, surpresa.— Para o Ben?— Claro! — Samuel deu de ombros. — Ele é nosso sobrinho. Vai nos visitar sempre. Tem que ter um cantinho dele. Com brinquedos, cama com escorregador e estrelas no teto. A gente sabe do que ele gosta.Briana colocou

Christian respirou fundo, ainda com os olhos vermelhos após a conversa com Ashley. Mas agora, o peso parecia mais leve, como se uma nova energia circulasse pelo ambiente. Ele apertou o botão ao lado do sofá e chamou pela governanta.— Pode chamar a família, por favor. Diga que eu quero todos aqui.Minutos depois, a sala foi se enchendo. Samuel e Mihael entraram primeiro, curiosos. Briana veio logo atrás, seguida de Ethel e Sam, os avós de Ashley. Philipe estava com Benjamin nos braços, com um sorriso contido, mas atento.Christian ficou de pé, com dificuldade, e todos silenciaram ao vê-lo tomar a palavra.— Eu tenho algo importante para dizer. Algo que precisava ser dito em frente àqueles que mais amo. — Ele olhou para Ashley, com um brilho sereno nos olhos. — Um teste de DNA nós já temos. Foi feito durante a coleta. A verdade é uma só: Ashley é minha filha.Um suspiro geral ecoou pela sala, embora todos já sentissem isso no coração.