Ao atravessarem o véu, o ar pareceu desaparecer. Era como respirar dentro de um sonho esquecido — denso, frio e cheio de significados ocultos. O céu era uma pele trêmula, pulsando sombras. O chão, feito de cacos de lembranças, rangia sob os pés com vozes infantis abafadas.Valéria cambaleou, segurando a cabeça.— Isso aqui… tenta entrar na mente — murmurou. — Está cheio de memórias que não são minhas.— Não toque em nada — alertou Léo. — Cada coisa aqui é uma armadilha.Miguel olhava ao redor, buscando um caminho, mas o espaço parecia se curvar e se desfazer toda vez que ele tentava entender onde estavam. Mateo, com os olhos semicerrados, apontou adiante:— Lá... tem algo nos observando.De entre as formas distorcidas, surgiu uma figura. Não caminhava — flutuava, como um pensamento vindo de longe. Tinha a forma de uma menina, mas seu rosto era feito de fragmentos — olhos trocados, bocas que não pertenciam a ela, uma dança de traços mal costurados.— Elisa? — sussurrou Miguel.A Fratur
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