[Tarde daquele mesmo dia]O celular de Alina vibrou duas vezes sobre a mesa de centro. Ela olhou o visor e atendeu no segundo toque.— Oi, Vê. — disse com um tom um pouco mais leve.— Oi, minha linda. Liguei só pra saber como você está.Alina sorriu de leve, abraçando uma almofada no sofá.— Tô melhor... Tô na casa da Gabi, sabe? Mais tarde ela vai sair, é aniversário da sogra dela. — Mas ela volta hoje ainda?— Acredito que bem tarde.— Então eu vou aí. — Disse Verônica com firmeza. — Não vou te deixar sozinha.Alina deu uma risadinha.— Vai mesmo?— Claro que vou. Passo no mercado, levo uns docinhos... e mais tarde pedimos pizza— Combinado!— Beijos até daqui a pouco— Beijos, até![Na mansão – quarto de Verônica]Verônica se trocava rapidamente, jeans confortável, camiseta larga. Quando terminou, foi até o escritório, onde Joaquim estava — claro — com o celular em mãos.— Joaquim, tô saindo. Você pode ficar de olho na Isa?— Posso, claro... — respondeu sem tirar os olhos do celu

08:27“Bom dia, Alina. Eu sei que você não quer falar comigo, mas… só queria te lembrar que tô pensando em você desde a hora que acordei. Na verdade, desde antes disso. Não dormi.”10:12“Você tem todo o direito de estar magoada. Eu fui um idiota. E não tem desculpa pra isso. Mas eu queria te explicar… queria te dizer olhando nos seus olhos o quanto me arrependo.”11:45“Não consigo me concentrar em nada. Cada canto dessa casa me lembra você. Sua ausência tá me sufocando. Só me diz se você tá bem. Por favor.”13:06“Verônica me mostrou sua mensagem. Obrigado por perguntar da Isa… Ela sente sua falta. Eu também.”14:22“Se você quiser que eu desapareça, eu desapareço. Mas não sem antes te dizer que você mudou minha vida, Alina. Que aquela noite foi muito mais do que sexo. Foi a primeira vez que eu me senti… inteiro.”16:50“Amor volta pra mim.”18:03“Se você não quiser me perdoar, tudo bem. Mas eu vou continuar tentando. Porque você vale cada tentativa, cada queda, cada erro que eu t

Joaquim passou a mão pelos cabelos, nervoso. Suas mãos tremiam levemente, mas ele sustentava o olhar dela, como se precisasse provar que estava falando com o coração aberto.— Eu fui um idiota. Não tem outra palavra. Eu estraguei tudo no momento que mais precisava mostrar pra você que era diferente. Que com você… é tudo diferente.Alina cruzou os braços, mas não parecia com raiva. Parecia magoada — o que doía ainda mais nele.— Aquele lugar, Alina… não é quem eu sou mais. Não desde que você entrou na minha vida. Eu só… nunca pensei que você fosse entrar tão fundo, tão rápido. — Ele deu um riso baixo e triste. — Nunca me preparei pra alguém como você.Ela desviou o olhar, respirando fundo, tentando conter a onda de sentimentos que ameaçava transbordar.— Eu sei que aquilo doeu em você. Eu fiquei me perguntando… por que caralho eu não apaguei tudo daquele lugar? — E porque talvez… uma parte de você tenha vontade de manter aquele lugar. Ou necessidade...Joaquim engoliu em seco.— Nãoo

Em minutos, Joaquim dormia. E Alina ficou ali, olhando para o teto, o peito dividido entre dor, amor e esperança. O dia amanheceu com a luz suave filtrando pelas frestas da cortina. Joaquim abriu os olhos devagar, a mente ainda pesada, mas aliviada de ver que finalmente havia dormido. Esticou o braço automaticamente, procurando por Alina… mas ela não estava ali. Franziu o cenho, o mau humor querendo tomar conta de novo. Sentou-se na cama com um suspiro irritado, já se preparando para repreendê-la mentalmente. Ela disse que ficaria até eu acordar, pensou. Levantou e saiu do quarto, descalço e ainda com o cabelo bagunçado. Mal chegou ao corredor, ouviu risadas vindas do quarto de Isabela. Parou por um instante, reconhecendo a voz de Alina entre as gargalhadas infantis da filha. A expressão fechada começou a se desmanchar, substituída por curiosidade. Empurrou a porta devagar e encontrou a cena mais doce que podia imaginar: Alina com Isabela nos braços, girando com ela devagar pelo q

Mas nada na cozinha daquela manhã seria esquecido tão cedo. Joaquim era conhecido por ser um homem sério. Extremamente reservado, impaciente, e muitas vezes frio, especialmente com quem não sabia lidar com ele. Os funcionários o respeitavam – ou melhor, o temiam. Nunca o haviam visto trocando carinhos com a ex-esposa, nem demonstrando qualquer gesto de afeto. Quando estavam juntos, mal se olhavam nos olhos. Eram sempre formais, quase mecânicos. Joaquim nunca foi o tipo que fazia brincadeiras ou puxava conversa sem motivo. Cada palavra sua tinha propósito. Cada gesto, controle. Alguns diziam, meio em tom de piada, meio com sinceridade, que ele tinha uma pedra no lugar do coração. Ele era implacável. Direto. Não tinha paciência para erros ou desculpas. Os que não se adaptavam, não duravam. Era comum ver funcionários novos pedindo para sair após poucos dias — o baque era grande demais. Joaquim não tolerava incompetência, e fazia questão de deixar claro com olhares cortantes ou um s