O escritório estava em um ritmo constante de produtividade, com as equipes envolvidas em seus respectivos projetos. Isabela, sentada em sua mesa, revisava alguns relatórios internos quando recebeu uma mensagem inesperada. O nome de Rafael apareceu na tela de seu celular, acompanhado de um simples “Posso te encontrar agora? Tenho algo interessante para discutir.” Ela franziu a testa, sentindo uma mistura de curiosidade e nervosismo. Rafael, CEO da Constellation Global, nunca havia pedido para se encontrar com ela sem um motivo claro. Sentiu seu coração acelerar, mas rapidamente respirou fundo, se lembrando do quão bem ela havia se saído em eventos anteriores. Sem hesitar, respondeu: “Claro, estarei no meu escritório.” Minutos depois, ele apareceu na porta. A porta de vidro se abriu com um leve rangido e ele entrou, com um sorriso amigável no rosto, mas com aquele brilho de determinação nos olhos. — Oi, Isabela. Tudo bem por aí? — Rafael perguntou, com um tom descontraído, mas o sufi

Os corredores do 15º andar fervilhavam com a movimentação típica de uma manhã pós-reunião estratégica. Executivos de terno passavam com pastas, laptops e olhares determinados, enquanto os analistas sussurravam entre si sobre prazos e demandas. Isabela Duarte caminhava com passos contidos, mas firmes. Em suas mãos, carregava um protótipo impresso — o resultado de sua primeira contribuição direta em uma campanha de comunicação interna, proposta no brainstorm da semana anterior com Rafael. Na folha cuidadosamente plastificada, haviam elementos visuais vibrantes, ícones sutis que representavam diversidade, colaboração e crescimento. Ela passara horas ajustando o equilíbrio das cores, a tipografia e o tom da mensagem: algo acolhedor, moderno, mas respeitoso com a identidade da Constellation Global. Na noite anterior, entre um gole de café e outro, sentiu-se criadora, não apenas executora. Rafael havia pedido que deixasse o material na sua mesa, mas, ao subir, Isabela decidiu aguardar do

O convite chegou de forma inesperada, como tantas oportunidades que pareciam surgir ao redor de Isabela Duarte nas últimas semanas. Estava no refeitório, almoçando com Paulo e alguns colegas do time de limpeza, quando recebeu a mensagem em seu celular corporativo: “Isabela, gostaríamos de contar com sua presença na próxima reunião do grupo estratégico de diversidade e inclusão. Será uma mesa paralela, com o CTO e a diretora de RH. Nos vemos às 15h, sala 12B. — Sra. Almeida.” Ela leu a mensagem três vezes. O coração acelerou. Paulo notou seu silêncio repentino. — Tudo bem? — Fui chamada para uma reunião… diferente — disse, mostrando discretamente o celular. Ele arregalou os olhos e sorriu, orgulhoso. — Eu sempre soube que você não ia ficar apenas limpando chão. Você limpa ideias também, sabia? Ela sorriu, tocada. Mas por dentro, sentia o peso da responsabilidade e o pavor da dúvida: o que exatamente esperavam dela nessa mesa? O que poderia dizer, diante de executivos seniores,

A cafeteria interna da Constellation Global ficava em um canto estratégico do 15º andar — discreta, cercada por plantas ornamentais e com janelas que deixavam a luz suave atravessar as cortinas brancas. Àquela hora da manhã, havia poucas pessoas por ali. Era uma sexta-feira comum, mas a atmosfera já trazia o prenúncio de um fim de semana em ritmo desacelerado. Isabela Duarte desceu até o café após encerrar uma revisão de pauta com a equipe de comunicação. Pretendia apenas tomar um cappuccino rápido antes de mergulhar na organização de um material visual para o Comitê de Diversidade. Mas, ao chegar, viu Rafael encostado no balcão de madeira clara, mexendo o café com um palitinho de bambu. Ele usava a camisa dobrada nos antebraços e o cabelo ligeiramente desalinhado, como quem já enfrentara uma manhã intensa. — Isabela! — chamou ele, ao vê-la entrar. Ela sorriu, surpresa. Havia se acostumado às interações espontâneas entre os dois, mas ainda assim, cada gesto vinha carregado de um cu

A manhã começou como tantas outras: café com pouco açúcar, ônibus cheio, o fone de ouvido trazendo alguma paz através de uma playlist instrumental, e a chegada ao saguão da Constellation Global pouco antes das 8h. Isabela Duarte subiu direto para o 15º andar. Havia muito o que revisar antes da próxima reunião com a equipe de Comunicação e, depois, uma passada na sala da Sra. Almeida para falar sobre a próxima campanha interna. Mas naquela sexta-feira, algo pequeno, quase imperceptível, mudaria o tom de tudo. Isabela colocou sua bolsa no armário do vestiário, como sempre fazia, e retirou de dentro a pasta cinza onde guardava anotações, ideias, desenhos e os protótipos que vinha desenvolvendo para o novo mural digital da empresa. Ao abri-la, um envelope branco escorregou entre as folhas e caiu no chão, bem aos seus pés. Franziu o cenho. Pegou o envelope e o virou, reconhecendo de imediato a caligrafia redonda e inclinada: Mariana. Com as mãos levemente trêmulas — não de medo, mas de