AdamTudo o que eu mais queria era ficar com Julia. Ela era minha âncora, meu abrigo em meio ao caos. Era quem me mantinha conectado à realidade, forçando-me a continuar respirando mesmo quando tudo parecia perdido. Mas... nada é tão perfeito quanto desejamos.Agora, vejo ela escorregar pelos meus dedos, como areia fina. Acha que não a amo o suficiente. Mas não é isso. Eu a amo em cada detalhe, em cada silêncio, em cada escolha que fiz. Justamente por isso, tive que deixá-la ir.Ninguém entende. Ninguém sabe o que realmente aconteceu ou o motivo da minha decisão.Antes:O silêncio foi rompido pela voz firme e carregada de expectativa de seu pai:- Eu fiz o que me pediu. Agora é a sua vez.Adam permaneceu imóvel por um instante, respirando fundo, os músculos do maxilar travados. A lealdade que o mantinha de pé era a mesma que agora o arrastava para o fundo.- Eu sei o que prometi - respondeu com frieza, evitando encarar os olhos do pai. - Não precisa me lembrar.Ele sabia que essa miss

A noite em Londres estava fria, mas surpreendentemente clara, com um céu estrelado que lançava um brilho suave sobre os telhados da cidade. Um manto escuro e misterioso envolvia as ruas, contrastando com a vibração luminosa que escapava dos bares e pubs lotados. Era sexta-feira - e, como sempre, a cidade pulsava com vida. Risos, vozes altas e o tilintar de copos se misturavam ao som de passos apressados nas calçadas iluminadas.Julia caminhava sem pressa, envolta em seu próprio silêncio. O corpo estava cansado, embora seu dia não tivesse exigido esforço físico. O que pesava era a alma. Uma exaustão emocional, profunda e silenciosa, que apertava o peito. A saudade de Adam era constante, como uma sombra que a seguia por onde fosse. Estava em cada esquina, em cada pensamento. Por mais que tentasse se convencer de que era melhor assim, o vazio dentro dela insistia em contrariá-la.Ela sabia - sentia - que Adam a amava. Sempre soube. Mas também sabia que algo maior os separava. Talvez foss

JuliaEu estava no quarto do último andar daquela casa de veraneio. O ambiente era tão amplo que fazia a sala do meu apartamento parecer um armário. Cada detalhe refletia cuidado e luxo discreto. Eu sabia que aquele refúgio existia por causa de Giovanni, que considerava Adam um irmão. Ele nos cedeu a casa sem pestanejar. E depois do que aconteceu, eu já nem sabia mais se aquilo era um esconderijo, um abrigo... ou um exílio.O dia anterior havia sido uma avalanche de surpresas. Nunca, nem nos meus piores pesadelos, imaginei passar por algo parecido. Um acidente quase tirou minha vida - e, no meio do caos, descobri que estava grávida. Sem suspeitar de nada, sem sintomas evidentes. O médico foi direto, e o impacto daquelas palavras me tirou o chão. Mas ali, em meio à confusão do hospital, estava Adam. Pálido, os olhos arregalados de choque, mas presente. Tão presente quanto ausente ele tinha sido antes.Naquele instante, quando ele apareceu sem aviso, sem explicações, achei que fosse mai

Londres estava mergulhada no manto escuro da noite quando Adam e sua equipe se reuniram em uma sala de estratégia ultramoderna, oculta nas profundezas de um edifício seguro. O ambiente era envolto por uma penumbra azulada, iluminada apenas pelas luzes sutis dos painéis holográficos que projetavam no ar as plantas detalhadas do complexo italiano que pretendiam invadir. A estrutura tecnológica do local impressionava - painéis interativos exibiam as rotas de entrada e fuga, enquanto estantes embutidas revelavam uma variedade precisa e letal de armamentos, todos meticulosamente organizados.Os homens do time estavam em silêncio, vestidos com trajes táticos negros, equipados com coldres ajustados ao corpo e rádios de comunicação discretos presos às orelhas. A tensão pairava no ar como eletricidade estática.Adam estava à frente, com a postura ereta e olhos afiados fixos nas projeções. Sua mente trabalhava a mil por hora, calculando cada entrada, cada ponto cego, cada falha possível. Essa m

JuliaOs lençóis estavam completamente bagunçados, ainda quentes do desejo que compartilhamos momentos antes. Fazia tempo que eu não me sentia assim - viva, entregue. Com Adam, tudo sempre foi intenso, inesperado, como se cada toque fosse uma nova promessa. E, dessa vez, havia algo diferente no ar. Algo que me fazia acreditar que talvez, enfim, estivéssemos prontos para sermos felizes. Juntos.Na cama, sim. Mas como casal... ainda havia uma sombra pairando sobre nós.- Admito que estava com saudade disso - disse Adam, com um sorriso satisfeito e um brilho travesso no olhar, ainda deitado ao meu lado, exausto e sereno.Eu sorri também, deixando os dedos passearem distraidamente pelo lençol branco, ainda sentindo o calor do corpo dele ao meu lado. Poderia passar o dia inteiro ali, nua, suada, enrolada nos braços de Adam... mas a vida, claro, tinha outros planos. Em breve, eu teria que encarar a realidade - o trabalho, a rotina, o mundo lá fora. Afinal, o perigo já havia passado.- Por q