Marcos decidiu dar uma festa para apresentar Abigail a todos os conhecidos. Então Luiza e Abigail passaram a sexta-feira, véspera do evento, no shopping à procura do vestido ideal. Desde o início da semana, esse era um dos assuntos mais debatidos — Abigail queria algo simples, confortável, que não chamasse atenção. Mas Luiza insistia: a ocasião pedia elegância.Depois de percorrer várias lojas, Abigail finalmente encontrou um que a fez parar. Um vestido azul royal, modelo sereia, moldado ao corpo com perfeição. A fenda lateral na coxa direita e o decote profundo destacavam suas curvas de forma provocante, mas sem vulgaridade. Ela o considerava revelador demais — expunha mais do que estava acostumada —, mas havia algo nele que a fazia se sentir... bonita.Luiza vibrou. Ainda faltavam os sapatos, os acessórios e a maquiagem, mas já estavam no caminho certo. Horas depois, as duas voltaram para casa carregando sacolas e exaustão.No quarto, Abigail guardou suas coisas e se sentou no chão,

Já haviam se passado alguns dias desde a festa na casa de Marcos, e a última vez que Abigail e Sérgio tinham se falado foi no cinema. Desde então, ele evitava qualquer tipo de contato. Pensava em ligar para ela todos os dias, ou até inventava desculpas para ir até a casa de Marcos — qualquer coisa que justificasse vê-la. Mas nunca passava da intenção. Não era certo.Ele sabia que ignorá-la era cruel, mas acreditava que manter distância seria menos doloroso no fim. Não queria alimentar esperanças em Abigail, tampouco enfrentar a culpa por desejar algo que nunca deveria ter acontecido. Por mais que tentasse se convencer de que era o melhor a fazer, ele só pensava nela: no vestido que usava na festa, na forma como riu no cinema, no modo como seu corpo tremeu ao se entregar a ele naquela noite... Tudo aquilo o consumia.Do outro lado da cidade, Abigail não estava diferente. Por mais que fingisse para si mesma que o ignorar dele não a afetava, sabia que era mentira. Aquela ausência dizia ma

Já fazia quase um mês desde que Abigail começou a trabalhar no escritório. Desde aquele almoço constrangedor, ela evitava ao máximo ir ao refeitório. Não queria alimentar ainda mais os boatos e, principalmente, não queria cruzar com Susi. Infelizmente, trabalhar no mesmo andar tornava impossível não vê-la. Mesmo assim, Abigail fazia de tudo para manter distância. Não queria causar nenhum tipo de conflito no ambiente de trabalho — embora tudo em sua presença parecesse provocar tensão.Sérgio percebia. Percebia mais do que gostaria. Estava sempre de olho nela, atento a qualquer sinal de desconforto ou perigo. Por mais que tentasse manter uma postura fria e profissional, era difícil. Extremamente difícil. Evitava ficar sozinho com Abigail, evitava conversas que pudessem sair do protocolo. Ele conhecia o próprio limite — e da última vez, passou longe dele. Ela era jovem, estava vulnerável, e merecia uma vida tranquila. Ele, ao contrário, era caos. Um homem que carregava seus próprios fanta

Abigail estava nervosa com a viagem. Desde que arrumara sua mala no sábado, uma ansiedade constante a acompanhava. Marcos passou o fim de semana todo questionando se ela realmente estava bem para ir. Ela sabia que ele só queria protegê-la, mas aquele excesso de zelo a deixava ainda mais insegura.Sérgio chegou pontualmente às oito na casa de Marcos, como combinado. Abigail já o aguardava sentada no sofá, de vestido claro e cabelo preso de qualquer jeito, com um ar distraído. Marcos ainda não tinha ido para o escritório.— Bom dia — Sérgio disse ao entrar na sala, com um meio sorriso. — Não sabia que minha chegada era tão aguardada.— Até parece — Marcos respondeu, rindo. — Preciso ter certeza de que minha filha vai estar segura.— Comigo? Ela vai estar mais que segura — respondeu Sérgio, confiante.— É o mínimo que espero. Por mim, ela nem iria. Mas ela disse que está bem então...— Pode confiar em mim.Henrique entrou para pegar as malas.— Bom, esse é nosso sinal. Vamos?Abigail se d

Já fazia alguns dias desde que Sérgio falou com Miguel sobre Alex. A ansiedade crescia a cada hora, ele queria algo concreto, uma falha, uma mancha no passado que finalmente pudesse colocar aquele desgraçado na cadeia. Miguel estava próximo de concluir a investigação — só faltava localizar uma antiga namorada. Sérgio mal podia esperar para fazer justiça por Abigail.Ele não contou nada a Marcos. Aquilo era dela, a dor, o passado, o direito de escolher quem saberia.Mas além de Alex, havia Felipe. Ele havia saído da cadeia dois dias atrás. O juiz o liberou com uma ordem de restrição que, para Sérgio, valia tanto quanto papel molhado. Então providenciou dois seguranças para ficarem com Abigail o tempo todo.Quando ouviu a batida na porta, Sérgio autorizou a entrada.— Com licença, senhor — Abigail entrou, fechando a porta com cuidado.— Abigail — ele disse, irritado — quantas vezes vou ter que pedir pra parar de me chamar de senhor?— O senhor é meu chefe... como eu deveria chamá-lo? — e