— Camilla, por favor... — Tommy sussurrou, tocando o braço dela. — Você acabou de dar à luz. Ainda está se recuperando, não precisa se envolver agora… Eu posso cuidar disso.— Não venha me dizer o que posso ou não fazer, Tommy — respondeu com firmeza, sem olhar para ele. Sua voz soava baixa, porém decidida, não iria ceder. — Preciso saber o que está acontecendo e porque Petra está aqui, pessoalmente.O beta suspirou, nervoso, ajeitando a camisa manchada de terra. Naquele momento, estavam na ala externa do hospital, onde o cheiro de ervas se misturava com o odor persistente de sangue seco. Ele a acompanhava de perto, um pouco atrás, como se tentasse protegê-la com o próprio corpo, embora soubesse que Camilla não era mais a loba frágil que todos conheciam. Não depois do que sobreviveu, não depois de tudo o que tinha perdido. Estavam esperando há algumas horas já, e a recém-chegada continuava adormecida. Os lobos que cruzavam com eles pelo caminho paravam e se curvavam com respeito. J

Petra desmaiou pela segunda vez, tombando na cama do hospital, o rosto pálido e suado, os olhos revirando sob as pálpebras fechadas. A enfermeira entrou às pressas, avisada pelo grito de um dos sentinelas na porta, e logo a equipe correu para estabilizá-la. O cheiro nauseante do mata-lobos ainda pairava em sua pele, estava impregnado em suas veias, corroendo o que restava de sua força.Camilla observava tudo pela vidraça do corredor, o coração apertado e os olhos úmidos. Não tinha muito o que fazer ali, não naquele momento, e também sabia que seus bebês já sentiam fome agora, que eles precisavam dela, por isso saiu do hospital. Caminhou até a mansão da alcatéia, subiu para o segundo andar, atravessando os corredores em silêncio, até entrar no antigo escritório do alfa, agora sob sua liderança.A porta se fechou atrás dela e o ambiente se tornou mais silencioso. A poltrona de couro ainda cheirava a ele… Kael, mas tudo ali já carregava a marca de Camilla, livros sobre estratégias, mapas

A noite estava silenciosa, como se até os ventos temessem invadir o território da Lua Sangrenta. A escuridão envolvia a floresta ao redor da alcateia, e as luzes acesas nas casas pouco iluminavam a tensão que pairava sobre todos os lobos. O sequestro da Luna não era apenas um golpe contra River, era um ataque direto à essência daquela matilha, e todos estavam desestabilizados.Mas ninguém parecia tão fragilizado quanto o alfa supremo ninguém estava tão desesperado quanto ele.A casa estava mergulhada em penumbra, a porta da frente, que tinha sido colocada no lugar no dia anterior, havia sido deixada entreaberta, como se River não tivesse força para fechá-la. O vento frio cortava o ambiente, trazendo o cheiro úmido da terra e das folhas da floresta. As coisas ainda estavam exatamente como foram deixadas, o simbolo da alcateia central ainda estava pintado no chão de madeira, com sangue que agora estava seco.No quarto do casal, River estava sentado na beirada da cama com os olhos fixos

O Beta da ventos sombrios estava ali de novo, e num momento tão delicado… — Espero que isso seja mesmo importante como você diz, Tommy — disse Solomon, cruzando os braços. — Vou chamar o Supremo.Tommy respirou fundo, tentando conter a ansiedade que queimava em seu peito. Minutos depois, o som de passos firmes ecoou pelo corredor, e River entrou no escritório. A presença dele era esmagadora, o alfa supremo tinha uma expressão dura e fria, estava com os olhos brilhando em vermelho, claramente a ponto de explodir em furia, e a aura de autoridade fazia todos endireitarem a postura.Tommy baixou a cabeça em reverência.— Supremo. — Sua voz estava carregada de respeito.— Fale — disse River, direto, os olhos penetrantes cravados nele.Tommy respirou fundo e começou:— Os soldados da Ventos sombrios encontraram Petra na floresta, ela estava muito machucada, à beira da morte. — Ele engoliu em seco. — A acolhemos e a levamos para a alcateia, agora está sob os cuidados de Camilla.River estre

— Eu também errei. E agora… — ela olhou para a criança — acho que a vida é curta demais para guardarmos ressentimentos.As duas sorriram uma para a outra, e Camilla se inclinou com cuidado para abraçá-la, de forma delicada, evitando os machucados de Petra. O abraço foi breve, mas sincero.O momento, no entanto, foi quebrado pela porta do hospital se abrindo com violência. Um guarda entrou quase tropeçando, a respiração entrecortada.— Luna! — Ele se curvou rapidamente, antes de disparar as palavras. — Os guardas viram movimento da alcateia central! Eles estão vindo em direção a nós!O rosto de Camilla perdeu a cor imediatamente. Olhou para Petra, que estava pálida e com os olhos arregalados.— Precisamos escondê-la — disse Camilla, já se levantando, ajeitando a filha em um braço só.— Sim… sim, por favor — respondeu Petra, apavorada. — Eu não posso ser pega de novo…Camilla voltou-se para o guarda.— Segure-os do lado de fora, ganhe tempo. Se perguntarem, diga que estou no hospital, m