Abri a boca para gritar o nome de Lewis, mas senti alguém impedindo-me, mãos firmes me contendo. Eu não precisava olhar para trás para saber que era ele. Seu cheiro o denunciava, como sempre. Foi como se tivéssemos voltado no tempo... e nada mais no mundo existisse... a não ser o que sempre foi: eu, ele e a casa da árvore.- Não grite! – ele sussurrou no meu ouvido – Vamos subir e ver se ele está lá. Gritos podem assustá-lo.Não entendi porque, mas assenti. E daquela forma Ryan tirou a mão do meu rosto. Ficamos na mesma posição, eu com as mãos na madeira, ele atrás de mim, com todo o corpo no meu.Fechei os olhos e tentei conter as lágrimas. Por que a presença dele doía tanto quanto a ausência? Por que eu não podia esquecer tudo e me entregar de corpo e alma? Por que eu ainda o amava... como sempre a

Enquanto descíamos, todos com muito cuidado, eu torcendo para não haver nenhuma queda, Lewis continuava falando sem parar. Eram muitas coisas em pouco tempo para um garoto da cidade, que levava uma vida pacata e sem grandes emoções. Enquanto na idade dele eu e Ryan vivíamos encrencados, comendo plantas venenosas e caindo de telhados e árvores, meu filho se aventurava entre fios de microfones, onde foi sua maior queda e uma das poucas vezes em que foi parar no hospital.Nos dirigíamos para minha antiga casa, um caminho o qual eu fiz no passado com os olhos fechados, sendo guiada pelos cheiros e galhos que haviam no meio do caminho. Olhei de soslaio para o lugar onde ficava o campo de trevos de três folhas. Me vi apertando o pingente com força, lembrando de cada momento do passado. E Ryan estava em todos eles... tanto os bons quanto os ruins.- Quando você comprou a casa? – perguntei, percebendo qu

Abri uma das cartas, com os dedos trêmulos. A letra desenhada no papel era firme, tanto quanto quem a escreveu, se fosse realmente o mesmo Marco Bonotto que imaginávamos.Sirena,Dez anos se passaram desde a última vez que te vi. Dez anos desde que seus olhos me fitaram pela última vez. E ainda assim, aqui estou, escrevendo para você como se o tempo não tivesse existido, como se cada segundo desde então fosse apenas um intervalo doloroso, mas ainda assim necessário para que o nosso reencontro possa acontecer um dia.O que me faz viver é a esperança de encontrá-la no Taj Mahal, já que não há retorno às minhas cartas. Me pergunto se você casou, teve filhos e esqueceu-me. Eu jamais a esqueci, assim como a promessa que fizemos: dois adolescentes tolos jurando um encontro no Taj Mahal. Nunca fez tanto sentido para mim a escolha deste luga

- O que... você está fazendo? – perguntei, pegando Lewis no colo, como forma de protegê-lo.- Os desenhos na sua pele... são coloridos! – Lewis impressionou-se com as tatuagens, que certamente nunca tinha visto nada parecido.- Quer ver melhor? – Davis ofereceu e Ryan meteu-se na conversa:- Lewis, quer saber como ficou Cheshire?- Cheshire! – Lewis pulou do meu colo para o de Ryan e aquilo, apesar de toda tensão do momento com Davis, me deixou confusa... e pensativa sobre o quanto de coisas que eu talvez tenha errado... a começar por ter dormido com o homem que estava na minha frente, somente para magoar Ryan.Meu filho criou um vínculo com Ryan que eu não conseguia explicar. Lewis sempre foi um garoto doce e comunicativo. Mas a forma como trocou os sentimentos por Ryan no mesmo dia que chegamos ao Rancho Palmer, passando de presunção para confiança,