- Sua cara está péssima! – Ouvi a voz de Arlo, que chegava em casa.- Se acha que a minha cara está péssima, imagine a minha mente. Às vezes parece que estou vivendo num filme de terror... literalmente.Ele sentou-se ao meu lado. Se fosse há um tempo atrás eu daria uma bundada para o lado. Mas conforme o passar dos meses, percebi que Arlo era um amigo de verdade e não tinha segundas intenções comigo.Arlo gostava de homens, mas também se envolvia com mulheres. Aconteceu que eu entendia perfeitamente a sua relação com o sexo oposto: fingir que não era gay. Por algum motivo, que eu desconhecia, ele queria passar a imagem de “pegador”. E por isto os homens com os quais ele se relacionava ficavam escondidos enquanto as mulheres eram expostas publicamente.Enfim, eu achava aquilo triste. Mas a decisão era dele. E Arlo foi assim a vida inteira, segundo me contou.- O que houve? – Ele perguntou.- Estou sem trabalho. O que tenho conseguido mal dá para me manter. E ainda tenho a porra daquele

POV TAYLAOlhei para o meu filho, dormindo na cama, e pela primeira vez me questionei se tudo aquilo valia a pena.Ainda não tinham encontrado o meu endereço, mas talvez fosse só mais uma questão de tempo, já que praticamente todos os lugares de onde o podcast havia sido transmitido foram encontrados e “massacrados”.Senti mãos mornas me envolverem e sorri. Escorei a cabeça para trás, sendo amparada pelo peito de Aydan.- Não é sobre moralidade, Aydan... é sobre controle. – suspirei, chateada.- Faz parte da fama, amor! Pelo menos não sabem que é você, o que nos dá um pouco mais de segurança.- Eu não queria parar, mas o medo que descubram Lewis me assombra. Não quero que ele seja de forma alguma prejudicado por isto.- Faremos o possível para que a história pare por aqui. –

POV RYANNona, Ravena e minha mãe chegaram e percebi que Tayla ficou incomodada com a presença delas, exceto de Nona. Enfim, parecia que não importava quanto tempo passasse, eu a conheceria como a palma de minha mão.Feitas as apresentações entre Ravena e Tayla, me dei em conta de que o menino estava ao meu lado. Ele fez menção de levantar e, por algum motivo que não consegui entender, o puxei pela mão.Aquela mão era uma coisa pequena e macia, ainda marcada por aquela gordura infantil que desaparece com os anos. Os dedos eram curtos e rechonchudos, como salsichas em miniatura, com covinhas no lugar das juntas. As unhas, rosadas e ligeiramente irregulares, pareciam ter sido cortadas às pressas, provavelmente enquanto se mexia, impaciente. Ou as roía?A palma era suave como pétala, sem calos, sem rugas profundas. O garoto cheirava a sabão de bebê

POV TAYLAAcordamos na cama eu, Lewis, Cheshire e...- Aydan? – Quase gritei quando o vi deitado do outro lado da cama.Ele abriu os olhos e fiz sinal com o dedo nos lábios para que eu não gritasse, apontado para Lewis.Sorri e suspirei, sussurrando:- Te amo! Obrigada pela surpresa!Aydan levantou com cuidado, cobrindo Lewis e Cheshire. Espreguiçou-se enquanto eu observava seu corpo perfeito e definido. Sim, eu achava meu marido um gato! Infelizmente ele gostava da mesma fruta que eu. Mas não existia melhor pai para o meu filho, nem pessoa para cuidar de mim e me proteger como ele.Levantei e corri na sua direção, abraçando-o. Aydan alisou meus cabelos carinhosamente:- Não acredito que um dia sem me ver deixou-a assim, morta de saudade!- Aydan, eu precisava de você!- Ouvi seu chamado! – ele piscou, indo em direção ao banhei

 POV RYANSenti algo no braço e passei a mão, coçando e voltando a dormir. Novamente tive a sensação de algo me tocando e abri os olhos preguiçosamente. Olhei para Ravena que dormia feito um anjo ao meu lado e quando fui fechar os olhos de novo, vi a sombra do braço na parede e dei um salto na cama, assustado, deparando-me com o filho de Tayla.- Caralho... O que você... está fazendo aqui? – minha voz mal saiu e o coração estava tão acelerado que parecia que sairia pela boca.Aquele garoto estava tentando me matar?- Pode pedir... para o Cheshire voltar para o meu quarto? – apontou para o gato preto que dormia preguiçosamente na ponta da minha cama.Engoli em seco, confuso. Tanto tempo havia passado... e Cheshire parecia também não ter saído da mesa do chá das seis. Voltar a Solidão foi para ele como