Carolina BorgesEsses últimos dias passam correndo. Voltei a trabalhar e consegui conversar com o Alex. Nos entendemos e aceitei seu pedido de desculpas, mas logo depois ele deixou o emprego e voltou para casa. Agora sei o motivo: precisava assumir os “negócios” da família.Continuamos mantendo contato, não porque ele ache que ainda podemos ter alguma coisa, deixei bem claro que isso não vai acontecer, mas porque acabamos fazendo amizade e sei que é sincera e não queremos perdê-la.Cláudio está ajudando o Bruno nos negócios, colocando em prática tudo que sabe. A boate cresce a cada dia. Ele e a Juliana não engrenaram o namoro; os dois entenderam que ele precisa se curar primeiro, mas está na cara que dali sairá algo lindo. Meu irmão é super atencioso e carinhoso com ela, principalmente com o Arthur, que está próximo de nascer. Faltam pouco mais de um mês para o nascimento.Minha mãe e minha sogra brigam para dividir a atenção do netinho que chegará em breve.E, depois de quase um mês,

Bruno AlcântaraDepois que a Carol me envia as fotos confirmando que está tudo bem com o Arthur, ficamos eufóricos e agradecemos a Deus.Ele tem os traços da Juliana, com alguns fios de cabelo cacheados, mas só ficamos realmente aliviados quando o médico vem dar notícias dela. Ele nos informa que ela ficará internada por alguns dias, até sua pressão arterial estabilizar, e que poderemos vê-la assim que for para o quarto.Minha sogra pergunta pelo Cláudio.— O esposo dela estava esperando no quarto, mas o liberei para visitar o filho na UTI neonatal. Assim que ele voltar, todos podem entrar. Deixei a enfermeira Carolina avisada sobre o acesso liberado — explica o médico.A noite é agitada. Todos vemos o Arthur, e o que mais nos surpreende é o pedido de casamento do Cláudio à minha irmã. Ficamos felizes por eles; já passava da hora de assumirem o que sentem.Estou cansado, e amanhã preciso resolver a situação antes de contar para a Carol. Sinto que ela não vai reagir bem, mas não posso

Carolina BorgesNão consigo acreditar que ele queira voltar para essa vida de perigo, deixando a família em angústia. E onde eu fico nessa história? Como pôde pensar que eu aceitaria isso com facilidade? Que o homem que ele deixou no comando resolva a situação, mas ele não precisa se envolver.São os diversos pensamentos que estão passando em minha cabeça nesse momento.Saio do apartamento, pego a chave de um dos carros e desço para a garagem, chorando de raiva. Meu celular não para de receber mensagens e ligações do Bruno, mas eu recuso todas. Por fim, decido desligá-lo e me concentrar no trânsito. Já é alta madrugada e quase não há movimento; o percurso é curto e vou direto para o hospital.Entro pela entrada dos funcionários e vou em direção ao quarto da Juliana. Olho pelo vidro da janela e vejo que eles estão acordados. Decido entrar e me sento no sofá de frente para os dois.Assim que me veem, desabo a chorar. Meu irmão se assusta e corre para o meu lado. Só então ele percebe a p

Carolina BorgesBruno chega e me puxa para perto. Sinto seu perfume e, na mesma hora, tudo que estava agitado dentro de mim se acalma.Isso me surpreende, porque ele está sempre se declarando. Não é que eu não goste; estou completamente apaixonada e já percebi isso faz tempo. Mas essa história de ele precisar se envolver novamente com o tráfico me deixou atordoada, e eu precisei me afastar. Quando a Juliana disse que, se eu me afastasse, estaria por conta própria, aquilo me pegou desprevenida.Mais do que medo, o que sinto é isso: o pavor de que, com os meses passando juntos, ele saia machucado ou, pior, sem vida em algum confronto, me deixando sozinha para superar a falta. Essa foi a razão principal para eu começar a tomar anticoncepcional. Não quero um filho que possa ficar sem o pai devido à vida perigosa que ele leva. Eu mesma não me importaria de ter um mini moreninho agora; ficaria super feliz, e sei que meu moreno ficaria ainda mais.Eu e o Cláudio fomos criados sem pai, e não

Lucas PenaCresci no morro onde o Bruno era o chefe. Sempre fomos amigos, e eu tinha um carinho enorme pela Juliana. Conforme fui crescendo, quis que ela fosse minha mulher, mas o destino tinha outros planos. Minha mãe casou-se com um chefe do morro da zona sul e, quando ele foi morto numa emboscada, viemos morar aqui.Meu padrasto não deixou filhos, e eu assumi o comando em seu lugar, já que o substituto era um picareta. Consegui consertar as merdas que ele fez, trouxe lucro para o morro e ajudei muitas famílias a terem seu próprio ganha-pão. Aqui temos de tudo; a população só precisa descer ao asfalto se quiser.Quando assumi, marquei um encontro com o Bruno. Firmamos um pacto, trocamos nossas pistolas e juramos nunca ser rivais.Mas isso mudou há oito meses, quando ele matou meu primo sem me consultar. Acusou-o de estuprar a Juliana. Sei que aquela baixinha marrenta não mentiria sobre uma coisa dessas, mas ele poderia ter vindo até mim. Podíamos ter investigado com calma, e tenho c