Clarice BorgesSinto uma falta enorme da minha menina, Carolina. Sempre foi uma filha exemplar, nunca me deu problemas, sempre estudiosa e esforçada. Infelizmente, meus filhos não tiveram uma infância fácil. Cedo, o Cláudio precisou trabalhar para me ajudar com as despesas, e nunca deixamos a Carolina trabalhar, ela só precisava estudar e construir um futuro maravilhoso.E estava conseguindo. Eu me sentia tão orgulhosa quando ela passou no concurso público e se tornou enfermeira pediátrica. Estava com a vida estabilizada, me ajudava, mas eu não consigo aceitar que tenha ido morar em outro estado. Sempre foi uma menina de família, leal, tranquila, que só fala o necessário.Desde que ela se foi, o Cláudio se tornou mais presente em casa, mas percebo que anda cada dia mais triste. Espero que não seja por causa daquela mulher sem sal. A cara dela nunca me enganou. Tenho certeza de que só está com ele para ter uma vida tranquila. Meu menino não é rico, mas tem uma vida confortável e é infe

Bruno AlcântaraRealmente, a cidade da Carol é quente demais. A cultura deles é muito diferente e até o café do hotel tem umas coisas estranhas.— Carol, o que é isso que você está comendo no pão? — pergunto, enquanto ela já me olha rindo.— Isso é um X-Caboclinho. Dentro tem tucumã, uma fruta típica daqui, e queijo coalho. Quero levar você para comer em uma peixaria no centro da cidade. Vamos ver como serão as coisas quando chegarmos em casa. Depois que tudo se ajeitar com a minha mãe, almoçaremos algo bem regional. — Ela fala com um sorriso lindo.Eu e minha família provamos de tudo, e o sabor é delicioso. Até a tapioca daqui é muito melhor que a do Rio. Carol disse que a verdadeira surpresa seria o açaí, e realmente é bem diferente do que estamos acostumados a tomar em outros estados.Assim que terminamos o café, Carol liga para a mãe. Ela diz que o filho já teve alta e está indo para casa. Seguimos direto para lá.Entramos no carro e ligamos o ar-condicionado, impossível ficar sem

Bruno AlcântaraAdoro sair um pouco do Rio. Pena que não conseguimos ir a outros lugares, mas voltarei em outra oportunidade com a Carol. Hoje ela acorda enjoada, como diz, a TPM está chegando. Arrumo nossas malas enquanto ela toma banho. Sinto quando o celular dela vibra com uma notificação.Não resisto e olho para ver quem envia mensagens tão cedo.Alex: Bom dia, Carolina, tenho boas notícias, minha mãe logo terá alta…Não consigo ler o resto, não sei a senha de desbloqueio. Coloco o celular de volta na mesa e a espero sair do banheiro.Quem é Alex? Será alguém que ela conheceu no hospital? Tenho certeza de que não foi depois que nos encontramos, já que estamos sempre juntos. A única vez que se afastou foi quando foi ao shopping. Não acredito que ela tenha dado o número para outro homem depois da nossa manhã juntos.Minha cabeça gira e a raiva começa a crescer. Ela sai do banheiro e eu entro sem falar nada, passando por ela como um tiro. Antes de tirar a roupa, volto e digo:— Tem u

Alex SpanosFinalmente volto para o Brasil. Chego um pouco antes do amanhecer e só volto a trabalhar na próxima semana, então decido descansar e aparecer naquela boate hoje à noite. Marco com alguns amigos para curtir. Preciso me distrair, porque a Carolina não retorna minhas mensagens há alguns dias, e estou curioso para saber o motivo.Não quero ficar perseguindo, mas vou por meu time em campo. Caso ela seja firme e diga que não tem interesse, concluo tudo que tenho aqui e volto para Santorini.Acordo já passando da hora do almoço. Faço uma salada e um bife grelhado, pego o celular e olho as redes sociais.Levo um susto.— Que porra de anel é esse no dedo dela? Não acredito que aquele mané conseguiu pedi-la em namoro. Deve ser por isso que ela não me responde.Perco até a fome e decido comentar na foto:Alex: Essa aliança ficou linda no seu dedo, mas tenho certeza de que tenho uma muito mais bonita que essa, rsrs…Largo o celular e tomo meu suco. Deixo a louça na pia e pego um copo

Bruno AlcântaraAcordo bem cedo e deixo a Carolina dormindo. Preciso resolver esse problema no morro, para voltar logo; tenho certeza de que ela ainda estará na cama quando eu chegar. Saio do quarto sem fazer barulho, noto que a casa está silenciosa e que ninguém mais acordou ainda. Vou me encontrar com o Sub para resolver isso de uma vez e voltar para a cama com minha morena antes que ela saia para se encontrar com aquele playboy.Quando chego na casa do Sub, tento ajudar a resolver as coisas. Ele decidiu expandir e exportar mais drogas com o cartel da Colômbia, mas não contava que o Lucas, dono de outro morro que sempre tenta derrubar nossas vendas, roubasse a carga e matasse um dos nossos amigos. Não quero me envolver muito; tenho a Carol agora, e a família dela não faz ideia do que eu fazia.— O Lucas mandou um recado: irá caçar nossas famílias se atrapalharmos os negócios dele outra vez. Dessa vez, foi apenas a carga, mas da próxima, nos arrependeremos.Acabo passando mais tempo