P.D.V de KaylaAo abrir os olhos, vejo Ivy me segurando. Meu pai está próximo, junto de Eleanor e uma mulher que não conheço. Mas algo nela me é familiar. Sinto uma energia parecida com a do meu sonho.A única coisa que me vem à mente, de imediato, é: estou com sede.Percebo que meus cabelos estão levemente úmidos, como se tivessem sido lavados ou refrescados.— Pai. Senhora Eleanor. Ivy, estou bem agora. Podem melhorar essas expressões de espanto? Porque, sinceramente, estou começando a ficar com medo também.Dou um leve sorriso, tentando aliviar o clima, até que me lembro do que realmente está acontecendo. Mas não quero deixá-los tristes ou preocupados. Eles criaram Kaiden com amor e respeito. Se ele não aprendeu isso, a culpa não é deles.Então encaro a mulher desconhecida. Suas vestes lembram as de uma cigana elegante — é muito bem arrumada, e lindíssima. A pele morena escura, quase nëgra, tem a tonalidade fosca. Os olhos âmbar vivos parecem ver através de mim. Ela é alta, magra,

P.D.V de KaidenDepois de extravasar com John e conversarmos um pouco, decidi que vou ficar na cidade. De qualquer forma, já estou indo para a faculdade. Vou morar em um dos apartamentos da família. O ano letivo começa agora, no final de agosto — acho que vai ser bom para mim. Quero manter certa distância por enquanto.Meu pai não gostou muito da ideia. Disse que eu deveria ficar próximo de Stella e do bebê. E o pior é que eu sinto uma conexão imensa com ele, algo estranho, profundo.Mas minha mãe conseguiu convencê-lo de que é melhor assim, pelo menos até o nascimento do meu herdeiro. Talvez eu volte antes, tudo vai depender de como as coisas se desenrolarem. É estranho quando você traça um plano e, de repente, tudo muda. E mesmo sem saber direito o que fazer, você tenta manter alguma estabilidade, mesmo que tudo já esteja diferente.John disse que vai comigo. Ele também foi aceito em Yale — meio que de última hora, mas deu certo. O que importa é que vamos estar juntos. Ele parece se

P.D.V de EthanNo orfanato ( logo após festa de 15 anos de Kayla)A Madre me chamou para uma conversa. Em três meses, eu completaria dezessete anos. Ela disse que algo importante aconteceria naquele mês. Que eu precisaria retornar às minhas origens. E que, em breve, meu verdadeiro lugar no mundo seria revelado.Eu queria me despedir de Kayla. Ela acabara de fazer quinze anos, eu havia confessado que a amava. Queria vê-la uma última vez. Mas a Madre Superiora não deixou. Disse apenas que, um dia, nossos caminhos se cruzariam de novo.Fui enviado para outro estado, duas pessoas que eu nunca tinha visto antes vieram me buscar. O destino era um lugar próximo à cidade de Cambridge, uns dez minutos de carro, parecia um condomínio, mas era muito mais que isso. Um complexo gigantesco, repleto de casas quase idênticas, organizadas com precisão. No centro, uma casa grande, uma praça impecável e um jardim absurdamente bem cuidado. Era bonito. Perfeito demais.Na casa principal, fui recebido por

P.D.V de Ethan O sol ainda não havia tocado o topo das montanhas quando meu pai me chamou para o campo. Darian não precisava levantar a voz. Bastava aquele seus olhos verdes, firmes como aço e antigo como a própria floresta. Ele era alto e atlético em sua forma humana, mas o que era marcante era a sua presença — um Alfa nato, e agora, meu mentor e pai. Ao lado dele, estava Torren, seu Beta. Um homem de poucas palavras, cicatrizes profundas e uma calma feroz. Ele me observava como se pudesse pesar minha alma com os olhos. — “Hoje começa tua verdadeira forja, Ethan,” meu pai disse. “Ser Alfa é muito mais do que força.” Os treinos eram brutais. Corridas entre as árvores sem descanso, combates corpo a corpo que me deixavam com as costelas ardendo, estratégias de emboscada, domínio de território. Torren me empurrava ao limite — e quando eu pensava que não podia mais, ele me forçava a ir além. Mas havia algo mais profundo ali. Cada golpe que recebia, cada vitória arrancada no suor, mo

P.D.V de KaylaO portão do orfanato se abriu lentamente com o mesmo rangido familiar de sempre, como se murmurasse um “bem-vinda de volta”. O jardim estava bem cuidado, as hortênsias floresciam ao lado do caminho de pedras que levava à entrada principal. Assim que descemos do carro, Ivy olhou ao redor com curiosidade — os olhos atentos absorviam tudo, do prédio antigo até os vitrais coloridos da pequena capela ao fundo.A porta principal se abriu antes que pudéssemos bater. E lá estava ela: Madre Superiora Margaret. Impecável, postura ereta como sempre, mãos cruzadas à frente do hábito escuro. Mas havia algo suave em seu olhar hoje, algo que nem ela conseguiu esconder por muito tempo. Quando me aproximei, seus olhos se encheram de ternura.— Kayla... — disse em um tom calmo, quase sussurrado. — É bom ter você de volta, minha filha.Ela me envolveu em um abraço firme, e por um instante eu me permiti relaxar completamente. Aquele gesto raro, quase sagrado vindo dela, dizia mais que pala