A casa dos Moretti estava envolta em um silêncio pesado, mas também em uma tensão renovada. O luto pela morte de Pedro ainda pairava no ar, e Beatriz, a mãe de Rafael, se encontrava em um estado de aparente resignação. Ela havia perdido seu marido, a pessoa com quem compartilhou todos os anos de sua vida, mas, de certa forma, sentia que havia perdido mais do que isso. Ela havia perdido também a ponte entre ela e seu filho, a chance de curar as feridas que, até então, haviam ficado abertas demais.Rafael sentia o peso do olhar de sua mãe. As semanas após a morte de seu pai haviam sido difíceis para ambos, mas ele sabia que, de alguma forma, o verdadeiro enfrentamento de seu passado ainda estava por vir. Beatriz não havia sido a mesma mulher desde o acidente com Liam. Ela se afastara de Rafael, como se sua dor fosse insuportável demais para ser compartilhada com ele. E, para Rafael, cada olhar de sua mãe havia sido uma lembrança cruel da culpa que carregava dentro de si.

Rafael voltou ao hospital naquela manhã com um semblante mais calmo, mas os sinais de sua luta interna ainda estavam presentes. Ele sabia que não poderia se esconder para sempre em sua dor, e, por mais difícil que fosse, ele precisava retomar o controle da sua vida. A presença de Helena ao seu lado durante os dias de luto tinha sido um alicerce, mas ele também sabia que o processo de cura seria gradual. Ele estava pronto para enfrentar o mundo novamente, ainda que com a dor latente.No entanto, o que ele não sabia era que o hospital, mais uma vez, iria desafiá-lo de uma maneira inesperada.Era uma tarde movimentada quando o alerta soou, e todos os profissionais do hospital foram chamados para um atendimento de emergência. Um grave acidente de carro havia acontecido nas proximidades, e a equipe médica estava em estado de alerta para lidar com múltiplos feridos. Rafael estava na sala de emergências quando a primeira vítima chegou — um jovem de 28 anos, inconscie

Depois de tantas turbulências, Rafael e Helena finalmente estavam em um lugar onde podiam respirar. As paredes do hospital haviam sido o palco para muitas batalhas, mas agora, fora do ambiente profissional, eles podiam explorar um novo tipo de conexão. Um relacionamento que não estava sob os olhos clínicos dos colegas, das expectativas da profissão. Era hora de descobrir quem eram quando não estavam vestindo os jalecos brancos e lidando com a vida e a morte diariamente.Na noite seguinte ao anúncio no hospital, Rafael convidou Helena para um jantar. Não era algo grandioso ou elaborado, mas algo simples, uma chance de estarem juntos sem pressões externas. Ele queria mostrar a ela que as coisas poderiam ser diferentes, mais leves, mais deles.O restaurante era pequeno, aconchegante, com iluminação suave e uma atmosfera tranquila. Quando chegaram, Rafael a conduziu até a mesa reservada para eles e, assim que se sentaram, ele sorriu de forma genuína, mais relaxado

A sala de emergência do hospital estava agitada. A rotina de trabalho havia sido interrompida por um caso crítico. Rafael e Helena estavam no corredor, discutindo rapidamente as condições do novo paciente, um homem de 42 anos, diagnosticado com insuficiência renal aguda e que estava à beira da morte. A única esperança para ele era um transplante de rim imediato, mas os testes de compatibilidade ainda estavam sendo realizados.O coração de Helena estava acelerado enquanto ela analisava os exames. Ela sentia uma tensão crescente, não apenas pela gravidade do caso, mas também porque, embora ambos estivessem acostumados a enfrentar situações desafiadoras, essa situação parecia diferente. O paciente, um pai de dois filhos pequenos, estava com seus órgãos vitais começando a falhar rapidamente, e o tempo estava se esgotando.— Rafael, a situação dele é crítica. Se não encontrarmos um doador compatível nas próximas horas, ele não vai resistir. — Helena disse com firme

O clima de euforia e expectativa tomava conta de Rafael e Helena à medida que os preparativos para o casamento se iniciavam. Depois de tantos altos e baixos, momentos difíceis e alegrias compartilhadas, o grande dia deles estava finalmente se tornando realidade. A vida deles havia seguido um caminho inesperado, mas agora, com tudo o que haviam conquistado juntos, o futuro parecia mais claro do que nunca.Rafael, normalmente uma pessoa pragmática e focada, sentia-se em um turbilhão de emoções. O casamento era algo que ele nunca havia imaginado de forma tão real até agora. Quando ele pensava no dia em que ele e Helena se uniriam, o sentimento de felicidade era indescritível. E, no entanto, também havia uma boa dose de nervosismo. Mas esse nervosismo não vinha de dúvidas sobre o que ele sentia por ela. Pelo contrário, ele estava absolutamente certo de que Helena era a mulher com quem ele queria passar o resto de sua vida. Era um nervosismo bom, um nervosismo que vinha da