EgohenO sol já mergulhava entre as copas retorcidas, lançando longas sombras sobre o chão úmido e coberto de folhas. As árvores sussurravam ao vento, como se carregassem segredos antigos, e cada som, cada estalo de galho, cada farfalhar de folhas, fazia meu coração bater mais rápido.Nos afastávamos da trilha principal, descendo por um pequeno desnível coberto de musgo e raízes salientes. Meus pés já doíam, mas mantive o ritmo. Precisávamos nos apressar. Não podíamos ser vistas.— Abaixa — murmurei de repente, agarrando o braço de Blanca e puxando-a para trás de uma árvore grossa e oca. Ela soltou um som de protesto, mas me seguiu.Ficamos em silêncio. O cheiro chegou antes do som. Fumaça. Soldados. Homens do meu pai.— Estão mais perto do que deveriam — sussurrei, o olhar atento entre os galhos. Pude ver dois deles se aproximando devagar, farejando o ar, as lanças firmes nas mãos. Trajavam as roupas da nossa guarda. Aquilo me gelou por dentro.Blanca se encolheu atrás de mim, mas hav

ConnorEgohen se aproxima, com a expressão preocupada.— Hoop está bem?— Acho que aparecer de surpresa a abalou um pouco, irmã — respondo, mantendo o tom calmo.— Ela é forte. Assim como o vínculo de vocês. Vai superar.— Não sei o que te contaram… mas ela não tem mais a loba.— O quê? Como assim? Eu senti o vínculo, de vocês — ela arregala os olhos, surpresa.— Aí, irmãzinha… tenho tanto a te contar.— Quero saber de tudo. Mas… eu senti a magia dela. — diz Egohen, com um brilho nos olhos. — E ela também sentiu.— Quem? — pergunto, confuso.Ela se inclina levemente e sussurra, para que apenas eu ouça:— Hoop. A magia nela está viva. Blanca percebeu também. E está brincando com fogo. Se continuar provocando-a, Hoop não vai conseguir controlar e o caos se formará.Franzo o cenho, a mandíbula se contraindo de raiva.— Por que trouxe a Blanca? Sempre conversamos sobre isso. Você sabe que eu não suporto essa mulher.— Juro que não tive escolha. Prometo te contar tudo depois — ela suspira,

HoopFiquei imóvel por longos segundos. As luzes se apagaram sozinhas. As flores que restaram pareciam se inclinar, quase chorando pela morte de suas irmãs. E o livro, mesmo fechado, parecia pulsar como um coração obscuro, ainda chamando meu nome.Algo ali, que me fez estremecer mais do que qualquer ameaça física:A magia que habita essa casa reconhece algo em mim.E talvez… esse algo seja o mal.Saí do quarto cambaleando, com o gosto metálico do medo na boca. Quando voltei para o quarto onde Connor dormia, fiquei na porta observando-o. Seu rosto tranquilo contrastava com o caos dentro de mim. Ele era minha âncora. Meu vínculo. Mas… e se eu já tivesse me perdido demais para ser puxada de volta?Morgana não era apenas uma bruxa. Era uma guardiã de algo mais profundo.E agora… eu sabia que tinha tocado isso.As flores do mal morreram ao meu toque. E eu ainda não sabia se isso me tornava imune… ou parte delas....ConnorAcordei com uma sensação estranha. Um arrepio na nuca, como se alg

Alpha Lohan (Vale Verde) Caminho pela floresta sombria em direção à cidade humana, com meus dois escudeiros. O vento é denso, úmido, como se estivesse tentando me empurrar para trás. As árvores sussurram alerta, que escolho ignorar. Sou um Alfa, já comandei guerreiros e famílias, mas agora… agora sou apenas um pai. E minha filha está em um lugar diferente de tudo que ela viu um dia. Já estive na cidade humana, um lugar sujo, que cheira desespero e dor, e nenhum arquivo seria suficiente para prepará-la para aquele lugar. Não sei se está ferida, faminta ou morta. Só sei que precisa de mim. E eu não a deixarei sozinha de novo. A trilha diante de mim é quase invisível, como se a própria terra estivesse tentando esconder os passos de Hoop. Mas eu a conheço. Conheço o cheiro da sua pele, o som do seu riso. Cada parte dela vive em mim. O primeiro presságio de perigo vem no chão: tremores curtos, profundos, como batidas de um coração monstruoso. Paramos. Coloco o dedo sobre os lábios

HoopMais tarde, sozinha no quarto, encaro meu reflexo no espelho. O rosto está mais magro, os olhos marcados por dores e perdas. Mas há algo novo neles. Um brilho.Sou filha de uma linhagem esquecida. Uma esperança viva. Uma cicatriz aberta… mas começando a fechar.E agora… não estou mais sozinha. Tenho meu pai, Meg, Hand e Connor.Olho para a porta, onde Connor está parado, de braços cruzados, me encarando. Seu rosto está sério.— Está tudo bem, meu amor?— Do que me chamou? — Connor pergunta com um sorriso ladino.Reviro os olhos e sorrio.— Ainda está meio confuso, mas com vínculo ou não, eu sinto algo forte por você. Algo que nunca senti antes.Ele não diz nada, apenas me puxa e beija.Ao finalizar o beijo, vejo Blanca ao fundo, nos observando com fúria nos olhos.— Precisa de ajuda, Blanca?— Seu pai fez uma fogueira. Disse que tem coisas a revelar.Meu pai adorava fazer isso na nossa alcateia, era quando ele contava histórias para as crianças, e mesmo adulta eu amava ouvir. Ma