É impressionante como a casa de Alessandro e Gabriela continua exatamente a mesma, não importa quanto tempo eu demore para voltar. A vista para o mar, o cheiro de sal e flores silvestres… tudo aqui é completamente mágico, consegue fazer qualquer pessoa relaxar imediatamente. — Dio mio, como vocês cresceram! — Alessandro nos recebe com um abraço apertado, beijando nossas bochechas várias vezes. — Estão lindas demais! — Feliz aniversário, zio — digo, entregando o presente que trouxemos. — Setenta anos… está ficando velho, hein? — Velho? Estou no auge! Olha essa barriga — ele finge indignação, batendo no abdômen ainda em forma. — Ainda conquistando as sicilianas. — Só essa siciliana aqui, amore — Gabriela aparece atrás dele, dando um beijinho no meu rosto. — E essa é suficiente para manter esse homem ocupado. Rimos enquanto o tio Alessandro levanta as mãos em rendição. — Onde está todo mundo? — pergunto, olhando ao redor da área onde algumas mesas já estão preparadas. —

O homem segura o nariz sangrando e olha para Lorenzo com uma expressão que rapidamente muda de raiva para… medo?— Lorenzo Villani — ele murmura, recuando alguns passos. — Eu não sabia… desculpa, não sabia que ela estava com você.Lorenzo não responde. Apenas faz um gesto quase imperceptível com a cabeça para o homem alto e sério ao seu lado.— Tiziano, leve-o daqui — ordena, com uma calma mais assustadora que qualquer grito. — E se certifique de que ele nunca mais incomode ninguém.— Com prazer, caro — Tiziano responde, segurando o braço do homem com força.Os dois desaparecem no meio da multidão, deixando Lorenzo e eu sozinhos no meio da pista de dança.Continuo parada, tentando processar o que acabou de acontecer. — Você — digo, finalmente, franzindo as sobrancelhas. — O que está fazendo aqui?— Aparentemente, salvando você — responde, com aquele sorriso irritante que já conheço bem. — De nada, a propósito.— Eu não pedi para ser salva — rebato, revirando os olhos. — E você ainda

“Aurora Bianchi”O Negroni desce tão forte que quase choro, mas não deixo ninguém perceber. Lorenzo está me observando, esperando qualquer sinal de arrependimento.Não vou dar esse gostinho a ele.— Então — Emily diz, se inclinando para frente — nos fale sobre você, Lorenzo. O que faz além de administrar uma empresa e provocar mulheres indefesas?— Indefesa? — repito, quase engasgando com a bebida. — Emily!— Cuido dos negócios da família — Lorenzo responde, ignorando minha indignação. — Viajo bastante. Tento manter a vida interessante.— Que tipo de negócios? — Pietro pergunta, tomando um gole do próprio drink.— Importação, exportação — diz, mexendo no anel do indicador, pensativo. — Alguns hotéis, restaurantes. Coisas que minha família construiu ao longo dos anos.— Tradição familiar — meu irmão comenta. — Como Aurora com nosso pai.— Exato — Lorenzo concorda, desviando o olhar para mim. — Embora imagine que Aurora tenha tido mais… escolha nessa questão.— O que isso quer dizer? —

“Aurora Bianchi” Acordo com o sol entrando pelas cortinas e demoro alguns segundos para lembrar onde estou. Me sento na cama absurdamente confortável e olho ao redor do quarto de tons azuis e móveis claros, até meus olhos pararem na janela, onde o mar se estende ao longe. É quando tudo volta com força à minha mente. A boate. O homem me agarrando. Lorenzo aparecendo do nada. O pub à beira-mar. Os Negronis. A fonte. — Oh, Dio mio — murmuro, cobrindo o rosto com as mãos. Eu beijei Lorenzo Villani. Na fonte da casa dele. Bêbada como uma adolescente. E a pior parte é que ele… me rejeitou. Passo a mão no rosto, tentando organizar as memórias. Lembro vagamente dele me tirando da fonte, de uma mulher mais velha me ajudando a trocar de roupa, de cair na cama completamente exausta… Mas lembro perfeitamente do beijo. E de como ele parou tudo quando eu… — Aurora, você é uma idiota — sussurro, balançando a cabeça. Olho ao redor novamente, procurando pelas minhas roupas, mas só encont

A segunda-feira chega mais rápido do que eu esperava, e me encontro no escritório às sete da manhã, uma hora antes do usual. Não consegui dormir direito e desisti de ficar rolando na cama. Emily chega às oito e me encontra já no meu segundo café, organizando compulsivamente os mesmos documentos pela quinta vez. — Jesus, Aurora — ela diz, largando a bolsa na cadeira. — Você dormiu aqui? — Não consegui nem dormir — admito, passando a mão pelos cabelos. — Fica indo e voltando na minha cabeça. — O quê? Que você vai trabalhar com o Lorenzo ou que beijou ele? — As duas coisas — murmuro, jogando a caneta na mesa. — Emily, eu não sei o que me deu. Nunca fiz nada parecido na vida. — Talvez porque nunca tenha encontrado alguém que te fizesse perder o controle assim. — Eu não perdi o controle — respondo, revirando os olhos. — Eu estava bêbada. — Aurora — ela se senta na beirada da minha mesa — você pode enganar todo mundo, menos a mim. Vi como você olhou para ele no sábado à noite. — C