“Liz Bianchi” Quatro anos depois… — Mamma, por que você está usando vestido branco de novo? — Aurora pergunta, balançando as perninhas enquanto Giulia termina de arrumar meu cabelo. — Porque papai e mamãe vão renovar os votos de casamento, Stellina — explico, sorrindo para minha filha de quatro anos no espelho. — Mas vocês já são casados — ela franze a testinha, confusa. — Mas às vezes as pessoas gostam de celebrar o amor de novo, bambolina — Giulia responde por mim, colocando o último grampo. — Pronto! Você está linda, amiga. Olho para o reflexo no espelho e mal posso acreditar. Quatro anos se passaram desde que Aurora nasceu, e tanta coisa mudou. Entre elas, Pietro, nosso menino, como Ettore previu corretamente. Estou grávida de dezesseis semanas e já começo a sentir seus pequenos movimentos. — Tia Giu, a Emily vai chorar — minha filha diz, apontando para a pequena de dois anos que acabou de acordar do cochilo. — Ai, Dio mio… — Giulia suspira, pegando a filha no colo. — Emi

“Aurora Bianchi” Se eu tivesse que escolher entre estar aqui, neste coquetel corporativo entediante, ou assistir à tinta secar na parede, honestamente escolheria a segunda opção. Eu deveria estar em casa. Deveria estar estudando e me preparando para um dos momentos mais importantes da minha vida. Mas aqui estou eu, fingindo adorar socializar com pessoas que só me enxergam como um degrau até o meu pai. Quem mandou seguir os passos de Ettore e não os de Liz? — Você está com cara de quem quer fugir — sussurra Emily ao meu lado, mexendo o drink com o canudinho. — Porque quero — murmuro, forçando um sorriso para o empresário que acaba de acenar para mim do outro lado do salão. — Três horas de conversas vazias e sorrisos falsos. Estou ficando louca! — Bem-vinda ao mundo corporativo — Pietro comenta, se juntando a nós com dois drinks nas mãos. — Nosso pai disse que isso faz parte do seu processo de amadurecimento profissional. — Nosso pai disse — imito a voz dele, fazendo Emil

Durante vinte e três minutos, faço minha apresentação. O nervosismo no início é inevitável, claro, mas logo a confiança toma conta e tudo flui… perfeitamente.No fim, tudo saiu exatamente como planejei.— Impressionante, Srta. Bianchi — diz o Sr. Mitchell, fechando o arquivo. — Muito sólida. Teremos uma resposta até o final da semana.— Obrigada pela oportunidade — respondo, desconectando meu notebook.— A propósito — ele se levanta para me acompanhar até a porta —, você é mais jovem do que eu esperava. Quantos anos tem?— Vinte e três — respondo, notando um leve brilho de surpresa nos olhos dele.— Impressionante alguém tão jovem liderar um projeto dessa magnitude.— Digamos que preferi os negócios às festas nos últimos anos — comento, tentando soar casual.— Imagino que sim — ele sorri. — Teremos uma decisão até sexta-feira, Srta. Bianchi.Assinto e me afasto com a sensação de dever cumprido.Ao passar pela sala de espera, vejo Lorenzo no mesmo lugar, agora focado no notebook. Quand

“Aurora Bianchi” Dois dias. Dois dias desde a apresentação, e eu mal consegui dormir direito. Toda vez que fecho os olhos, vejo aquele sorriso arrogante do Lorenzo ou ouço a voz do Sr. Mitchell avisando sobre a resposta das propostas. E, quando finalmente pego no sono, acordo sobressaltada, achando que perdi a ligação. — Aurora, você vai acabar fazendo um buraco no chão — Emily comenta, me observando andar pela sala pela terceira vez em dez minutos. — Vou acabar ficando tonta. — Desculpa, Emy — murmuro, parando finalmente e me jogando na cadeira. — É que… já deveriam ter ligado, não acha? — Sim, se hoje já fosse sábado — ela responde, balançando a cabeça. — Mas ainda são dez da manhã, Aurora. Temos o dia todo. — Eu sei, mas… — Olha, sei que você está nervosa — ela me interrompe, se levantando da cadeira e vindo até mim —, mas você está se matando de ansiedade por algo que está fora do seu controle. Emily senta na beirada da minha mesa e me encara com um sorriso tão tranquilo

Quando chego à empresa, ainda estou tentando processar o que acabou de acontecer.Parceria. Com o homem que me tira do sério com uma facilidade assustadora.Passo pela recepção quase no piloto automático e sigo direto para o andar administrativo. Preciso contar para o meu pai antes que ele descubra por outra fonte.— Principessa — meu pai levanta os olhos dos documentos quando bato na porta. — Conseguiu o contrato?— Mais ou menos — respondo, fechando a porta ainda hesitante. Não faço ideia de como ele vai reagir.— Como assim, mais ou menos?Ele franze o cenho e larga a caneta. Me sento na cadeira em frente a ele, passando a mão pelos cabelos.— Digamos que a situação ficou… complicada.Nos minutos seguintes, conto tudo o que aconteceu no prédio da BMCTech.Meu pai ouve em silêncio, mas sua expressão vai mudando de expectativa para surpresa, e então para uma irritação contida.— Parceria — ele repete, tamborilando os dedos na mesa. — Com a LT Villani.— É isso ou perdemos o contrato