AmelieOlga voltou para o corredor e puxou um carrinho de ferro com uma refeição. Em seguida, ela fechou a porta.— A partir de hoje, irei ajudá-la nas suas principais necessidades. — Onde está Albert?— O senhor Albert tem suas obrigações.Respirei fundo. — Por que estou aqui, Olga?— Você teve uma febre alta, convulsões. Passou dias presa em delírios. O senhor Albert precisou mandar trazer um médico. Por isso que ele a colocou aqui.— E Willian e Arthur?— Devia estar preocupada com seu marido, mesmo sendo uma adúltera, o senhor Albert a trouxe de volta.Sorri fracamente.— Albert me trouxe apenas por capricho. Eu tenho o ventre seco, não terei utilidade e ele sabe disso.— Ainda assim, é casada com ele. Cabe a ele decidir o que será de você daqui para frente.Fechei os olhos por um longo momento. Suas palavras eram verídicas, mas eu me recusava a aceitá-las.— As correntes são longas, vai permitir que circule pelo quarto. Se lave e coma sua refeição, eu voltarei daqui a pouco.Ol

AmelieDias se passaram. O frio estava mais intenso, a neve também. A paisagem estava tomada pelo branco e a floresta que antes era cheia de verde, agora sustentava poucas folhas, ainda assim, eram cobertas pela neve.O chão lá fora era raspado todos os dias e já não havia movimentos intensos de empregados. Não era bonito, as roseiras pareciam ter morrido, mas na verdade estavam esperando o fim daquele período.Eu ainda não tinha visto Albert, minhas perguntas também não eram respondidas por Olga. Em muitos momentos sentia o impulso de atacá-la e roubar o molho de chaves que ela carregava na cintura, mas ela era cautelosa, nunca chegava perto o suficiente.Ao invés disso, mandava outros empregados limparem o quarto e reporem a água. Meus banhos e refeições eram bem controlados. Eu me questionava por horas seguidas a respeito disso, mas não encontrava explicações convincentes. Em outros momentos, eu tinha pena de Olga, ela não parecia conhecer outra vida, na verdade, ela não tinha vi

AmelieOlhei meu reflexo depois de colocar as jóias. Descobri há alguns dias que Albert tinha pegado as que eu tinha levado. Elas estavam dentro da minha caixa porta joias agora. Algumas sumiram, deviam ter sido vendidas por Willian, ele tinha organizado nossa partida, isso tinha um custo alto.Ensaiei um sorriso. Eu tinha passado um pouco de pó no rosto, algo suave, apenas para esconder algumas imperfeições. Também passei um batom, nada vulgar, apenas um vermelho enfraquecido.Não prendi os cabelos, já estava acostumado com eles soltos, eram mais bonitos assim. Eles gostavam dos meus cabelos soltos, gostavam de acariciar e penteá-los. Willian cheirava e dizia que tinha um cheiro bom, assim como minha pele.O vestido de hoje era um rosa mais escuro, baixei o máximo possível para mostrar meus ombros e colo. Não estava tão magra, nesses últimos meses, eu vivi muito bem com eles. Era alimentada e cuidada todos os dias.Suspirei. A falta deles era quase insuportável e ultimamente venho

ArthurO grito nos fez levantar. Amelie. — Está acontecendo alguma coisa. — Puxei mais uma vez as correntes, meus pulsos e tornozelos estavam machucados de tanto insistir. — Ele vai matá-la, precisamos sair daqui.Puxei novamente sentindo a pele da minha mão rasgar mais uma vez. Aquele maldito, ele iria matá-la igual fez com sua última esposa. Igual fez com nossa mãe.— Willian… — Não continuei, ele não parecia estar ouvindoWillian encarava fixamente a entrada desse lugar, a sombra dele era projetada na parede pela única vela deixada por nosso pai mais cedo. De repente, caiu de joelhos, ele gemeu e me afastei ao perceber. Não, não era possível. Isso nunca aconteceu dessa forma. Não era noite e muito menos de lua cheia.Seus braços tremeram e ele não segurou a voz ao sentir dor e normalmente não acontecia. O suor ficou mais abundante em sua pele e seus músculos tremeram. Suas costas incharam, e a pele rasgou. Ele conteve o grito e quase pude sentir sua dor.Afastei-me. A sombra proj

WillianAbri a porta com cuidado, Arthur tinha deixado o quarto apenas uma vez para tomar um banho e procurar comida. Ficamos por dias sem comida e água, a transformação também cobrava um preço.Amelie estava dormindo. Arthur colocou uma camisola nela e tirou as joias, ela estava limpa daquele sangue e parecia tranquila, a febre já tinha diminuído.Arthur estava dormindo ao seu lado e segurava sua mão, ele também estava bastante cansado. Acendi mais algumas velas no castiçal, logo estaria escuro.Eu os deixei novamente e segui pelo corredor. Costumava correr por aqui quando era criança, nossa mãe brigava, mas logo estávamos correndo de novo. Foram bons dias, mas muito poucos.A casa estava fria e verifiquei as velas, assim como as lareiras dos cômodos principais, precisava providenciar um novo quarto, um mais quente para que Amelie ficasse confortável nesse inverno.Quando entrei em um dos cômodos, a primeira coisa que vi foi um grande jarro com flores secas, a maioria das pétalas tin