Caroline HartAva fechou a porta devagar, como se tivesse medo até do som. Ficamos ali por um momento, em silêncio, só ouvindo o barulho abafado da chuva contra a janela. Senti o coração batendo rápido demais, como se quisesse sair do peito e fugir dali antes de mim.Ela andou até a janela, puxou a cortina e olhou para fora, pensativa. Eu me sentei de novo na poltrona, puxando o cobertor para cima da barriga, como se aquilo pudesse me proteger de tudo. O silêncio era pesado. Ava parecia estar tentando encontrar coragem para dizer algo."Você não pode aceitar o que ele está pedindo", disse ela de repente, sem olhar para mim. A voz dela era tão baixa que eu mal escutei. "Não pode ceder. Ele sempre vence, Hart. Sempre manipula todo mundo. Mas você… você não pode se vender. Não por causa dele."Respirei fundo, fechando os olhos por um segundo. "Ava, você não entende. Não é só sobre mim. Se eu não aceitar... Ele… ele pode destruir todo mundo que eu amo. Isso não é só sobre orgulho."Eu que

Caroline HartA água morna descia sob meu corpo, eu tentava esvaziar a mente. Mas precisava fugir daqui.Se Damon soubesse desse maldito papel, ele seria capaz de acabar com Zion, mas ele não sabia que estava mexendo com gente perigosa, e poderosa.Damon podia ser um lobisomem, mas Zion e Richard Lancaster eram dois monstros humanos. "A senhora precisa de algo a mais?" a empregada me encarou deixando roupas na cama com uma cara de poucos amigos.""Não… Obrigada." sussurrei."Eu não sabia como me sentir. Eu só sabia, que queria a minha vida de volta. E acreditava,que jamais conseguiria enxergar aquele homem como meu pai.O dia estava arrastado. Não sabia se o tempo passava, ou se eu só existia ali, presa àquela rotina de medo, espera e silêncio. A casa do governador era imensa, mas desconfortável.O clima era horrível.Meu único alívio era que aquele homem... Richard estava fora, em compromissos de campanha.A movimentação de empregados era menos intensa, mas os seguranças circulavam

Caroline Hart O som dos sapatos do governador ecoou pela sala em um tom quase ameaçador, quando entrei no escritório.Dois seguranças à porta, prontos para agir ao menor sinal. Ele estava sentado, rodeado de papéis, mas me olhava como se eu fosse um rato pego na ratoeira. O cheiro do tabaco misturado à colônia cara dele me enjoava."Que merda você estava fazendo pelos corredores, Caroline?" A voz dele cortou o ar, seca, autoritária.Mantive o olhar firme. "Eu precisava andar. Ficar trancada nesse quarto está acabando comigo, o bebê mal para de se mexer."Ele me estudou, olhos frios, depois um sorriso repuxou o canto da boca. "Você acha mesmo que sou idiota? Que não notei a sua ausência por tempo demais, bem na ala que é proibida aos hóspedes?"Suspirei, tentando não tremer. "Só fui tomar um pouco de ar. Preciso disso para não enlouquecer.""Não minta para mim." O tom mudou, mais baixo. " Ou será que quer me obrigar a te trancar de verdade?"Segurei a respiração, buscando um pouco de

Caroline Hart Eu ainda estava de joelhos, sentia meu corpo arfando.Em um movimento fluido, eu quase cambaleei para frente. Era como se eu estivesse perdendo os sentidos humanos.Inexplicável.O vento bateu nos meus cabelos molhados de suor, e, pela primeira vez, senti cada nuance ali presente: o cheiro das folhas, da terra, da seiva, até o perfume da noite misturado ao odor do próprio Damon. Tudo pulsava.Cada som era mais nítido: ouvi um esquilo correndo a metros dali, o ranger de um galho, o coração do meu filho batendo forte, o da Ava, enfraquecido, mas vivo — em algum lugar do hospital, seguro.Eu me virei para Damon, ainda meio atordoada, os olhos ardendo."Me ajude."Ele sorriu, me puxando devagar para perto, como se eu ainda pudesse quebrar. "Agora você será metade humana, metade fera."Ele passou os polegares nas minhas bochechas, me encarando fundo, como quem não vê mais nada além da minha existência."Você nasceu para isso, Hart. Eu sabia desde o começo."Eu não conseguia

Damon ThornAs palavras saíram da boca de Caroline e eu mal podia acreditar no que eu estava ouvindo."Ele mandou matar os seus pais naquela época."Eu a encarei, tentando formular uma reação para o que estava ouvindo. Mas eu não podia acreditar.Não podia acreditar que o destino seria tão cruel a ponto de eu me apaixonar pela filha do humano que mandou matar os meus pais."Do que você está falando..." minha sobrancelha se ergueu.""Damon... Eu não sei se eu deveria te contar isso. Mas não somos assim, não escondemos coisas um do outro." ela sussurrou." Ele contou, que naquela noite, mandou os homens matarem sua mãe, porque seu pai recusou ceder as terras, e quando o seu pai entrou na frente para protegê-la, ele também foi atingido. Isso não é de hoje, ele.. Sempre quis essas terras. "Eu fiquei em silêncio. Por mais que eu quisesse gritar. Quisesse verbalizar todo o ódio que eu sentia, nada saía. Caroline ainda estava ali, de olhos marejados, esperando por uma reação. Mas tudo em m