WULFRIC Tudo que estava acontecendo era parte de um aviso. O que William começou estava inspirando mais lobos e humanos a repetirem suas ações inconsequentes. Eles queriam retaliar, aos poucos, Caerwyn. Caerwyn havia sobrevivido a tantos anos de paz em todo o continente. Mas agora isso havia sido ameaçado pela traição daquele que acreditei ser digno de virar Beta do Supremo. Se eles soubessem que ele é o traidor, as coisas seriam ainda piores. O braço direito do temido Supremo o tinha apunhalado pelas costas por anos. Isso viraria uma comoção, rebelião e geraria falatórios e até atentados contra todos do castelo e que me apoiam. Principalmente, cairiam sobre Eulália, tornando tudo mais perigoso para ela. Eu não voltaria a ser temido até provocar uma grande matança e derramar na terra o sangue de milhares. Resultado: seria visto como louco, impulsivo e irracional. Louco, por atacar alcateias sem dó. Impulsivo, por querer proteger minha companheira de qualquer olhar atravessado.

WULFRIC Durante a madrugada, tive que deixar Eulália sozinha na cama. Era hora de fazer algumas ligações. Mas antes de ir para o escritório, decidi fazer outra rota... Bati na porta e escutei o som da chave girando devagar. Reymond deveria estar esperando no escritório, e eu o faria esperar mais um pouco para que ele não precisasse assistir. Assim que os cabelos loiros e olhos verdes me viram, suas pupilas dilataram. Adentrei seu quarto sem cerimônia — afinal, o castelo era meu, e ele um dia foi meu beta. — Vejo que permanece tempo demais aqui — comecei, olhando ao redor. Tudo estava com uma aparência demasiadamente usada. — Preciso, depois de tudo — disse William, fracamente. O encarei, vendo-o passar à minha frente para sentar-se com cuidado na poltrona mais próxima. — É sua casa, afinal! — disse, indicando o sofá largo. Caminhei até ele, mas não me acomodei. Permaneci de pé, atrás do móvel. — Já se passaram três dias? — ele murmurou, escondendo sua apreensão. — Eu fi

EULÁLIARonan bufou, soltou os braços e respondeu:— Ela fala demais. Vamos logo, estamos perdendo tempo!Sorri para eles, ciente de que aquele era um sinal verde de um alfa turrão e encrenqueiro. Kall me pediu para me aproximar e ir na frente com ele. Estávamos começando a nossa jornada naquele momento.Eu não poderia esquecer de agradecer a Wulfric quando retornasse. Ele havia confiado em mim, mesmo que do jeito dele. Somente em não ligar me mandando de volta no mesmo instante, já era o sinal positivo de sua confiança nas minhas capacidades…Quando voltasse para seus braços, eu pretendia compensar tudo — principalmente aquilo. Afinal, ele havia me colocado dentro das reuniões não apenas para escutar, mas para ajudar, e nunca havia falado nada, porque conhecia muito bem a opinião dos alfas sobre mim.Eu mudaria cada pensamento deles que me envolvesse naquele dia. Pretendia que fosse uma mudança radical.“A caminho da minha função como Luna Suprema, ajudando meu povo.”O caminho foi l

EULÁLIA Ele me analisou primeiro, para então ficar aliviado. Seus lobos cuidavam dos resgatados onde antes era a alcateia deles. Tentei não prestar atenção em Kall, ainda estava incomodada por ele pensar que, por ser o líder, poderia decidir o que eu queria ou deveria fazer — sendo que nem mesmo meu companheiro, aquele acima da hierarquia, me obrigara a nada. Kall olhou ao redor. Viu as correntes quebradas, os caminhões abertos, as crianças correndo de volta ao que agora era apenas um abrigo temporário, Ronan parado ao fundo com as mãos na cintura, observando a cena. — Conseguiu? — Kall perguntou por fim, se aproximando de mim. — Ronan foi melhor. — Indiquei o alfa com a cabeça, desejando passar a atenção para o outro. Kall olhou para ele, depois para mim. Respirou fundo. Sua voz saiu mais baixa. — Eu achei que não dariam certo juntos. — disse ele. Ronan soprou com ironia, então se aproximou a passos lentos, parecendo ofendido. — E eu achei que, de todos, você, alfa Galen, conf

EULÁLIA — Eles nos pagavam bem. E, quando vi que eram como nós, tentei sair... começaram a ameaçar minha família. — Desta vez, ele olhou no rosto de cada um de nós para provar que não notava muita diferença entre ele e cada um presente. Kall continuou a perguntar: — Você deve ter escutado algo. Um nome. Um apelido. O homem pensou, disposto a colaborar em troca de sua vida. — Ele assinava como Marius. Nunca o conheci pessoalmente. Só a voz com os comandos. — Mas com certeza sabia o que eles faziam. — acusou outro alfa. — Eu já ouvi boatos. Experimentos com híbridos. Projetos genéticos antigos que deram errado. Achei que fosse história de bêbado. — Sua resposta assustou a todos. “Projetos genéticos antigos?” Finalmente abro a boca para falar o óbvio, quase em um murmúrio, juntando as sobrancelhas com desconforto e tristeza: — Parece que não eram boatos. O prisioneiro resolveu falar tudo que acreditou ser mentira um dia e que agora dizia como verdade: — Querem controlar.