EULÁLIA Depois da minha primeira reunião com os alfas, a minha imagem de Luna suprema mudou um pouco. Nem todos me evitavam ou sussurravam sem parar quando eu estava distante — muito menos os alfas. Participar da reunião, mesmo que falando pouco, me deu uma espécie de chave-mestra para sair de muitas situações desagradáveis e deu início aos meus trabalhos como Luna. A alcateia não descansava, mas vivia. Wulfric esteve fora por apenas um dia, mas parecia que um mal invisível espreitava pelas sombras das paredes durante sua ausência. O pior de tudo era não saber os detalhes. Suspirei, andando de um lado a outro dentro do escritório particular de Wulfric, depois de tomar meu café da manhã sozinha novamente. Havia sido tão difícil conseguir a chave daquele lugar que, mesmo não sabendo o horário do seu retorno, eu preferia esperar lá dentro. Alguma coisa me dizia que, se saísse sem que Wulfric me encontrasse ali, poderia não conseguir acesso àquela área novamente. Então, tudo que pu

EULÁLIA Não apenas as mãos, mas os braços e tudo que ele tinha me apertava com certa urgência. E aquilo com certeza era culpa do intrometido ser indesejado que havia interrompido nosso momento. Bufei de irritação quase contra seu pescoço. “Adeus momentos. Adeus planos.” Minha frustração me fazia agarrá-lo com força, como um bebê de macaco ou um coala, preso bem perto da copa da árvore. Sequer pensei na identidade daquele ser. Eu queria apenas meu momento de volta, e que, dessa vez, meus desejos fossem realizados. Wulfric se enrijeceu debaixo de mim. Os músculos de seus ombros ficaram tensos, a vibração potente veio rasgando de dentro para fora. O som foi baixo, porém extremamente ameaçador. Não fez as estantes tremerem, nem os objetos — apenas eu tremi. Virei o rosto devagar, com a respiração normal, mas o corpo ainda pulsava de desejo. Atrás de mim, parado próximo à porta semiaberta, estava William. O Beta. Consegui ver pelo canto do olho. Por algum motivo, aquilo me irrito

WILLIAMCaminhei o mais rápido que pude, mantendo a compostura depois de sair do escritório do Supremo, mas estava visivelmente incomodado, sentindo que vacilaria se diminuísse os passos.A imagem daquela que surgiu antes do previsto na vida de Wulfric, aquela loba que deveria ter casado com o idiota do Ciro desde o início, para nunca chegar ao Supremo.Ela reverberava em minha mente, repetindo como estava parcialmente coberta, sentada sobre seu companheiro. Um nó estranho apertava meu peito; não era apenas vergonha por ter interrompido, havia algo mais primitivo, no entanto, incompreendido até mesmo para mim.“Ela devia ter se casado com Ciro. Quando o Supremo fosse encontrá-la, ela já estaria marcada, não teria muito a ser feito, a não ser que ele matasse seu escolhido. Mas sairia com uma péssima imagem. Ela devia mesmo ter ficado onde estava.”Não havia tempo para sentimentos.Respirei fundo. Havia uma missão, nem tudo tinha dado certo, mas eu poderia continuar mantendo minha ident

WULFRIC Reymond chegou no jardim enquanto observava Eulália admirar as flores, sendo eu o maior admirador dela — e não da diversidade delicada que florescia atrás do castelo. — Como foi? — perguntei a Reymond sem me virar para verificar se era, de fato, ele. — Como planejado. — Se colocou ao meu lado. Apertei a mandíbula, chateado por ter sido feito de bobo o tempo todo. — Hoje irei levar Eulália para conhecer a cidade. Quero que continue até a noite da cerimônia. — Quando será a noite da cerimônia? — Reymond manteve sua calmaria, apesar de sentir e ouvir seus pensamentos conflitantes. — Em dois dias. — O encarei, ele devolveu o olhar. — Não podemos fazer mais nada quanto a William. A escolha foi dele desde o início. — Amenizei sua preocupação. — Ficará sem o seu Beta… — Seu olhar ainda era triste. — Entendo. — Voltei minha atenção para Eulália novamente; ela parecia uma criança no parque de diversões. — Ainda é uma parte sua. O alfa sentirá sua perda como se a dor fosse c

EULÁLIAPor um momento, ele pareceu assustado, por isso cruzei os braços, inclinando levemente a cabeça para o lado, decidindo abrir o jogo.— Eu sei onde está.Estranhamente, ouvi o seu coração batendo forte. Algumas qualidades de Wulfric agora eram compartilhadas comigo, o que me deixava muito feliz e confiante. Já conseguia ouvir muita coisa, mas não nessa intensidade. Era divertido nesse momento.“Não fique nervoso demais, pequeno Beta.”— Onde está? — recuperou-se do susto devagar. Eu não fazia ideia do motivo que o deixara tão assustado, mas não me importava de verdade com isso.— Está comigo — completei. Era uma mentira, mas eu queria continuar testando-o.— Então devo estar com sorte — ele estendeu a mão muito perto do meu corpo, voltando a ter sua postura arrogante.Ao invés de continuar fingindo, me pus de pé, o deixando nervoso imediatamente. Ele se levantou de um pulo.— O que está pensando? Não vai me devolver?— Fala como se eu tivesse tomado de você. E não foi o que aco