WULFRIC “Quem a deixou entrar?”Os membros do conselho trocaram olhares, curiosos e interessados. Guardas se mantiveram imóveis, mas atentos. Alguns presentes se entreolharam depois de escutarem o absurdo.Enquanto isso, eu apenas a encarava, chateado com sua presunção de achar que era minha companheira.— Escolhida por quem? — venho a perguntar, com frieza.A loba sorriu, confiante demais.— Pela minha linhagem, pelo destino. Sou a escolha perfeita do universo — começou a soltar mentiras, querendo se referir à lenda.“Quão ridícula essa criatura se parece.”Apertei a mandíbula, com os dentes cerrados de raiva. Odiava mentiras, assim como incenso – e o odor dela era tudo isso.— Desde filhote, fui moldada para ser a Luna Suprema. Criada para você. Minha força, meu sangue, minha linhagem… tudo em mim é seu. Apenas vim tomar meu lugar.Um dos conselheiros tossiu, desconfortável. Outros se mantinham em silêncio, analisando os acontecimentos desde sua chegada.— Quem em sã consciência fa

WULFRICQuando decidi trocar o escritório pelo quarto, deixando de lado, pelo menos naquele dia, as palavras daquele que um dia foi meu Beta, não pretendia ter uma ressaca ilusória de acontecimentos indesejados mais uma vez naquele dia.Porém, quando adentrei meu quarto, senti verdadeiramente a solidão. A noite não cessava. Agora parecia até mesmo sentir frio. Uma coisa impossível para mim.E não se devia ao meu estado, nem mesmo tinha relação com as notícias: sendo elas as melhores… minha Eulália tinha sucesso na primeira missão que sequer lhe cabia. Ela havia conseguido permanecer com os alfas, sendo seu companheiro, estava orgulhoso. Como supremo, me via impressionado.Entretanto, por mais que as notícias fossem as melhores, ainda conseguia sentir o frio de sua ausência. Uma carência desconhecida se apoderava de mim.Meu corpo, envolto ao roupão, sentia a falta da pele quente dela. A cama reforçava que não a teria por aquela noite, que não sentiria seu cheiro no ar: não vindo diret

WULFRICDepois de quase perder a fome, me vi de volta às pesquisas. Eu queria seguir cada passo da missão em que Eulália se arriscava: estava até conseguindo, antes da entrada de Mirella no salão principal.Trajava um vestido azul-escuro, sóbrio demais para o gosto das filhas do Norte, mas com uma fenda ousada demais para os costumes da região Leste. Uma escolha que, para mim, não fez a menor diferença: não me chocou nem agradou."Vejo que não terei paz."Ela me cumprimentou com uma reverência leve:— Supremo. Gostaria de saber se posso ter acesso à biblioteca de estratégias militares. Gostaria de compreender o que foi planejado sob sua liderança.A vontade de rir era grande, mas a frustração era maior. Ela iria me enlouquecer.— Isso está sob sigilo — respondi com fingida calma, voltando os olhos para o relatório em minhas mãos.— Estratégia não se compartilha com quem não está em missão.Ela não se abalou. Deu mais passos, rodeou a mesa grande e se aproximou, parando bem perto de mi

EULÁLIA Kall se posicionava com os braços cruzados, os olhos atentos ao horizonte. Ronan verificava as armas deixadas para trás. — Isso aqui pode ser útil… — disse Ronan, escolhendo algo que parecia um rifle silencioso. — Quer se parecer com os humanos ou apenas assustá-los ainda mais? — Kall perguntou com desinteresse. — Sabe usar uma frigideira? — Ronan perguntou de repente, como se isso fosse a resposta. Fiquei mais curiosa com o que supostamente ele diria. — Óbvio que não! — Galen já parecia irritado. Ronan olhou na minha direção e deixou um sorriso sexy surgir. Aquele sorriso poderia me afetar se eu já não tivesse meu companheiro, e Ronan, a dele. — Ele é mesmo uma cabeça oca, Luninha. — debochou, fazendo Kall apertar os olhos. — Eu sou o líder da missão e você vive puxando meu saco. O que você quer, afinal? — Kall parecia irritado demais para o meu gosto. Semicerrei os olhos para ele e pensei: “Ele não estaria nervoso, estaria?” — Seus nervos andam fora do lugar. — avi

EULÁLIAA retirada foi rápida. Em vinte minutos, todos estavam fora. Tudo havia sido limpo e, como prometido, nenhum humano envolvido sobreviveu.Quando chegaram ao acampamento, cada resgatado foi levado para uma barraca isolada, com sentinelas vigiando cada entrada. Dois dos lobos estavam desacordados. A criança permanecia inconsciente.E o híbrido dormia depois das séries de calmantes fazerem efeito, mas trazia consigo três algemas de contenção nos braços e nos tornozelos. Não esperei para ver se ele havia voltado à forma humana ou não. Só queria me afastar.Kall estava em silêncio, ajudando no que precisassem. Ronan me observava à distância o tempo todo, pois eu estava encolhida em um canto afastado, tentando evitar atenção sobre mim.Sentia minhas mãos tremendo, mas, sempre que as encarava, percebia ser apenas ilusão. Porém, o peito pesava.Ainda pensava no que havia acontecido antes. A cena se repetia na minha mente como um filme.O híbrido avançando sobre mim e me derrubando no