EULÁLIA Antes que eu caísse, ele pegou-me pela cintura e me imobilizou, uma mão em minha boca para abafar meus gritos. — Perdão... — sussurrou no meu ouvido, o pesar quase sincero. “Perdão para quem, seu idiota? Para quem pede isso?” Da minha boca só saíam resmungos incompreensíveis. Tentei mordê-lo e lutei como pude, torcendo meu corpo, cravando as unhas em sua pele, mas Ciro parecia mais forte e obstinado que da última vez. Carregou-me até a janela quebrada e pulou, me fazendo gritar, não apenas pelo medo da aterrissagem, também por ele ser louco o suficiente para me levar do castelo do Supremo. O vento gelado da madrugada cortava minha pele, e o cheiro metálico de sangue impregnava o ar. Eu nem sabia mais onde doía em mim, estava descalça a esta altura e tinha arranhões pelas costas, pernas, braços; assim como ele, que tinha até mesmo no pescoço e rosto. "Não!" Gritei internamente, esperneando, me debatendo. Ele me prendeu com toda força que tinha. Caímos, por um milagre,
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