Hugo MouraEngoli em seco e, pela primeira vez, encarei os dois sem o véu do orgulho que tanto me cegara. Heloisa falava com uma firmeza que nunca antes havia visto nela, e o modo como suas mãos estavam entrelaçadas com as de Vittorio me dizia tudo. Era amor. Simples, genuíno e inabalável. E eu, durante tanto tempo, fui incapaz de enxergar.— Eu nunca quis te magoar, pai. — A voz de Heloisa tremeu um pouco, mas seus olhos permaneceram fixos nos meus. — Mas eu também não podia viver uma mentira. Não podia seguir um caminho que não era meu.Suspirei e passei a mão pelo rosto. Cada palavra dela pesava em minha consciência como um lembrete cruel dos erros que cometi. Então, finalmente, olhei para Vittorio.— Eu fui injusto com você. — Minha voz saiu rouca, carregada de emoção. — Durante anos, confiei em você, vi como era leal à nossa família, e ainda assim, quando se tratou da minha filha, eu me ceguei pelo meu próprio orgulho. Te ataquei, te acusei, quando, na verdade, você estava apenas
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