Depois de se darem conta de que era tarde demais para procurarem Guadalupe, tanto pai quanto filho decidiram voltar para suas respectivas casas. Estavam exaustos. O dia foi muito longo e tinha estado cheio de diversas emoções. Leonardo ainda devia pensar como dizer para sua mãe que Guadalupe tinha desaparecido e que no velório de Pietro ela não estaria.Massimo, por sua vez, chegou à mansão dos Amato encontrando-se com a surpresa de que Alessia tinha sido levada de emergência ao hospital. Depois que ele foi embora e a deixou sozinha, ela começou a se sentir mal e tiveram que chamar os serviços de emergência. O bebê nasceria a qualquer momento.Massimo pegou um carro emprestado e saiu imediatamente para o hospital. Quando chegou, Alessia estava em trabalho de parto. Seu bebê tinha se adiantado. A viagem, o estresse e a discussão provocaram que o bebê se adiantasse. As enfermeiras perguntaram se ele era o pai, ao que respondeu afirmativamente.— Tome! Coloque este avental! Assim poderá e

Guadalupe, ao subir no avião, derramou várias lágrimas. Evitou olhar pela janela. Ao pagar com aquele cartão preto, teve a oportunidade de ter acesso a um lugar na primeira classe. Bem sabia que esta seria a última vez que desfrutaria desses luxos. Ela, ao chegar ao seu lugar no avião, só deixou cair seu corpo cansado no amplo assento. Colocou a manta que estava ali, procurou na bolsa e tirou os fones de ouvido e o reprodutor que Emma lhe tinha dado anos atrás. Começou a reproduzir a música tentando se perder nas lembranças do que nunca seria mais.A moça chorou em silêncio até adormecer. Era como se estivesse viajando ao passado. Depois de cinco longos anos, voltava ao seu país. Ela retornava com um bebê no ventre, produto de um amor não correspondido e um coração despedaçado. Só que desta vez, o homem que o partiu lhe tinha dado os melhores três meses de sua vida, mas por infortúnios do destino, este tinha ido embora e ela não o veria nunca mais.Não pôde evitar lembrar do dia que sa

Paloma acordou naquele quarto de hotel no qual uma noite antes tinha derramado lágrimas de dor. Um ronco na barriga lhe lembrou que sua pequena estava com fome. Levantou-se e se arrumou, desceu para tomar café da manhã no restaurante. Depois disso saiu daquele hotel. Tinha descansado o suficiente e devia pensar claramente sobre o que faria em seguida.Conhecia bem as ruas onde estava. Apesar de terem passado cinco anos, ainda lembrava das ocasiões em que ela e sua amiga Regina se escapavam do colégio e perambulavam pela cidade. O preço era caro, com certeza era o castigo, mas bem valia a pena. Novamente voltou a agradecer a essa amiga por lhe ensinar a andar de metrô e usar o ônibus. Isso de ser menina rica não lhe servia, menos agora que não tinha nada nem ninguém.Enquanto viajava no metrô, ficou pensando que a estas horas o que restou de Pietro já devia estar sepultado onde sua família tinha designado. Respirou fundo e depois soltou um longo suspiro. Não foi por nada que seu último

Depois de uma longa viagem, Caterina finalmente chegou em casa. Em seus braços levava a única coisa que restou de seu neto menor. O semblante da mulher estava transtornado. Se via cansada, notava-se que esteve chorando por longo tempo. Não podia acreditar que há apenas dois dias o tinha visto.Tal como disse, ela levou as cinzas de Pietro. Agora ela cuidaria delas como seu maior tesouro. Não haveria o funeral pomposo que planejavam fazer. Só viria o mesmo padre que foi quando Alberto morreu, depois essas cinzas ficariam na casa da avó. No final, todas aquelas discussões antes de que lhes entregassem as cinzas só serviram para nada.Na missa não houve tantas pessoas. Só Caterina, Leonardo e Leopoldo. Angostina estava muito longe para viajar, então só soube que a última decisão tinha sido tomada pela avó.Caterina tinha perdido muito naquele ano. Alberto morreu em abril e, sem que ninguém imaginasse, novamente a morte tinha rondado a família Pellegrini dois meses depois. Desta vez tinha

Guadalupe ficou um bom tempo sentada num banco do monumento à revolução. Pôs-se a pensar onde dormiria agora. O hotel que reservou por uma noite estava bom, mas não para passar a vida ali. Além disso, não sabia quem poderia estar seguindo seus passos. O melhor era apagar todo rastro, pelo que o nome de Ângela ficaria descartado. O de Guadalupe também. De agora em diante se chamaria Valeria. Não tinha documentos, mas também não tinha quem se lembrasse dela, então seria melhor procurar onde dormir e se registrar com outro nome.Sua barriga voltou a roncar, lembrando-lhe que não tinha provado alimento desde a manhã.— Palomita, me perdoe! Num momento procuramos algo gostoso para comer. Sou uma mãe péssima! — disse a moça enquanto acariciava sua barriguinha.Caminhando pelas ruas próximas, encontrou um hotelzinho que não tinha os quartos tão caros. Era algo que podia se permitir. Além disso, tinha passado quase todo o dia no cemitério. Devia trocar de roupa e isso não tinha contemplado. Pa