Guadalupe, depois de dias, conseguiu encontrar um quartinho onde poderia descansar. Tinha procurado lugares mobiliados, mas excediam o orçamento. Procurou a nova modalidade de aluguel, encontrou uma casa central com colegas de apartamento, tinha áreas comuns e seu próprio quarto. Para ela isso estava perfeito, assim não se sentiria tão sozinha. Na parte do trabalho não tinha tido sorte. Sua gravidez evidente fazia com que em lugar nenhum quisessem contratá-la, mesmo fazendo limpeza em escritórios. Uma moça no seu estado não era viável.Depois de alguns dias viu que era o melhor, já que no quinto mês teve um sangramento e sua gravidez estava em risco, pelo que tinha tido que ficar em casa. Seus colegas de casa a apoiaram com sua despensa e comidas. Realmente se sentia abençoada, era como se alguém lá de cima a cuidasse e protegesse. Tinha aprendido a seguir sua intuição, seus pressentimentos, esses que por muito tempo tinha ignorado. Agora a ajudavam a levar uma vida mais tranquila. Já

O jantar, como todos os que realizavam, transcorreu normal. Um pouco de conversa aqui e ali, atividades, tarefas e travessuras de Paloma, datas para que Marco pudesse vê-la. Se alguém pudesse escutá-los, pensaria que eram um casal falando de sua filha, embora isso estivesse muito longe da realidade.Marco parecia tranquilo, embora sua cabeça estivesse uma bagunça, entre o que queria e o que fazia.No início, quando Valeria entrou para trabalhar na empresa de Marco, foi designada à recepção. Fazia os dois turnos que existiam. Pouco a pouco foi demonstrando habilidade para lidar com mais assuntos, mas ao não contar com mais estudos que ensino médio incompleto, Marco a incentivou a terminá-lo para poder designá-la a um posto melhor. Se ela queria melhorar seus rendimentos, devia se esforçar. Sem isso não haveria aumento.Valeria não teve opção e procurou como terminar o ensino médio online. Estudava quando estava no trabalho. Federico estava a par, igual a Marco, embora este fingisse não

Ambos entraram na casa. Camila saiu para recebê-los esboçando um sorriso maroto, embora Valeria não tenha notado.— Olá, Senhor Barzinni! Palomita já dormiu profundamente, mas entre para vê-la, está no seu quarto! — disse Camila apontando o quarto de Valeria.A moça tinha ido à cozinha por um pouco de água. Realmente precisava se refrescar. O fato desse homem andar por sua casa ultimamente a fazia ficar nervosa e desajeitada, mais quando adotava a atitude de pai protetor com sua filha.Marco pegou a maçaneta da porta e com sumo cuidado entrou no quarto de Valeria e Paloma. Uma luz tênue da lâmpada em forma de lua iluminava o quarto com uma luz calorosa. Na cama se encontrava o pequeno corpinho de Paloma. Não tinha cobertor que a cobrisse. A menina tinha a mania de chutar qualquer coberta que colocassem, pelo que Valeria quase sempre comprava pijamas quentinhos e meias peludas confortáveis para que, mesmo que não se cobrisse, não pegasse resfriado.O homem se sentou com sumo cuidado num

Valeria entrou no escritório de Marco. Ele já se encontrava absorto em seus afazeres — o homem que há algumas horas estava profundamente dormindo ao lado de sua filha havia desaparecido. Agora seu semblante era outro: estava sério e concentrado em seu mundo de papéis.— Valeria, como amanheceu Paloma? — disse o homem sem levantar a vista.— Oi, Marco! Ela está bem! Obrigada por perguntar.— Fico feliz em ouvir isso, diga a ela que a amo! — disse o homem finalmente levantando o olhar.Marco viu a garota que tinha diante dele, mas seu semblante não mudou em absoluto.— Valeria, você tem os relatórios de ontem à noite?— Sim, me permite... — disse a garota enquanto pensava no quão ridícula estava sendo, se preocupando com como seu chefe a veria com aquela saia. "Esse homem tem coisas mais importantes do que se fixar num detalhe tão pequeno como esse", pensou.Marco sentiu uma pontada no estômago ao levantar a vista. A mulher que tinha diante dele era absolutamente linda — rogou int

Marco levava numa mão a maleta com o contrato e na outra a pequena mão de Valeria. Ela tinha as bochechas coradas mais do que o normal. Marco devia aceitar que também se encontrava um pouco tonto pelas bebidas que tinha tomado, mas mesmo assim teria que dirigir para levar Valeria para casa. Não seria capaz de mandá-la num táxi na sua condição.Chegando ao quarto que Marco tinha reservado, Valeria sentiu uma estranha pontada no estômago. Por sua mente passou que o lugar era muito sugestivo, pelo que disse a Marco:— Que tal se espero no corredor?— Valeria, como acha que vou te deixar do lado de fora? Entre, te deixar fora é o mesmo que ter te deixado no bar. Além disso, acho que precisa de um café.A moça, com pena ou sem ela, entrou no quarto e se sentou numa das poltronas que havia na salinha de estar. Marco se dirigiu ao quarto em busca do cofre, depois saiu e se dirigiu à zona do coffee-bar. Preparou dois cafés expressos e um deles entregou a Valeria. Ela começou a sentir o calor d