PamelaAssim que deixamos nossas malas no chalé e nos ajeitamos um pouco, Caleb me chamou para jantar fora. Ele disse que tinha feito uma reserva num restaurante famoso, conhecido não só pela comida, mas pelo ambiente todo luxuoso. Eu ri e falei que não precisava de tanta pompa, mas ele insistiu, dizendo que aquela noite era só nossa.Me arrumei sem pressa. Escolhi um vestido preto, justo, que sempre me deixava confiante, e prendi o cabelo em um coque meio bagunçado, deixando algumas mechas soltas caírem pelo rosto. Passei um batom vermelho só para provocar Caleb — eu sabia que ele ficava maluco quando eu usava essa cor.Ele estava impecável. Terno escuro, gravata bem alinhada, cheiro de perfume caro que já me deixava tonta antes mesmo de entrarmos no carro. Ele me olhou de cima a baixo quando saí do quarto e sorriu daquele jeito que me fazia sentir única.— Se você aparecer assim no restaurante, todos os franceses vão se apaixonar por você. — ele comentou, ajeitando a minha mão na de

PamelaDepois da Torre Eiffel, eu tinha certeza que nada poderia me impressionar mais em Paris. Mas, como sempre, Caleb fez questão de me provar o contrário.Acordamos cedo, tomamos um café delicioso no chalé — croissants, frutas frescas, suco de laranja e aquele café forte que ele insistia em preparar, mesmo que eu achasse amargo demais. Ele parecia determinado a me fazer provar todas as delícias francesas, mesmo que fosse só para depois rir da minha cara quando eu dizia que preferia pão com manteiga.— Hoje vamos até o Arco do Triunfo. — ele anunciou, enquanto ajeitava o relógio no pulso.— Outro clássico de Paris? — perguntei, animada.— Claro. Você acha que eu vou te trazer até aqui e deixar passar? Nem pensar.Pegamos um carro e logo chegamos à famosa rotatória onde o Arco se erguia, imponente, no meio do caos do trânsito parisiense. A construção era gigantesca, muito maior do que eu tinha imaginado. Os detalhes esculpidos, a imponência da pedra, tudo fazia com que eu me sentisse

MarciaQuando o médico entrou no quarto, senti minhas pernas ficarem bambas. Eu já não aguentava mais aquela espera, aquela sensação de que algo horrível tinha acontecido. Passei os últimos dois dias vivendo como se estivesse dentro de um pesadelo. Mas, quando ele abriu a boca, a minha respiração voltou a fluir.— Senhora, seu marido não foi envenenado. — As palavras dele vieram firmes, mas tranquilizadoras. — O que aconteceu foi uma reação alérgica grave. Ele ingeriu frutos do mar.Eu me agarrei na beirada da cama de Jonas, como se o chão tivesse desaparecido.— Frutos do mar? — repeti, sem acreditar.O médico assentiu, com a calma de quem lida com esse tipo de situação todos os dias.— Sim. Ele apresentou um quadro alérgico fortíssimo, mas agora já está fora de perigo. Está estável, e se não houver complicações, ele terá alta ainda hoje.Eu olhei para Jonas, que ainda estava deitado, mas com os olhos abertos, cansados, como se tivesse acordado de um longo pesadelo. A mão dele aperto

PamelaSaímos da sala da Mona Lisa, e eu ainda estava meio fora de mim. Meus olhos ardiam de tanto chorar, mas o coração estava leve, cheio de uma sensação que eu não conseguia explicar. Caleb caminhava comigo pelos corredores imensos do Louvre e eu segurava firme a mão dele, como se fosse meu porto seguro naquela imensidão.— Quer ver mais? — ele perguntou, olhando para os lados, onde esculturas gigantescas e corredores intermináveis se espalhavam.— Quero — respondi sem pensar. — Eu não quero que esse dia acabe nunca.Ele sorriu daquele jeito que sempre me deixa com as pernas bambas e seguimos. Vimos esculturas gregas, salas enormes cheias de quadros que pareciam mais janelas para o passado do que simples pinturas. Eu tentava absorver tudo, mas confesso que já estava cansada. Meus pés doíam, mas meu coração estava em festa.Depois de quase duas horas andando, Caleb olhou para o relógio e soltou um suspiro.— Pamela… — ele começou, com aquele tom que eu já conhecia. Algo vinha aí. —

PamelaEu nunca pensei que um chalé de inverno pudesse parecer tão mágico. Lá fora, a neve caía devagar, cobrindo tudo de branco, e lá dentro só havia o calor da lareira e o silêncio quebrado pelo crepitar da madeira queimando. Eu me sentia dentro de um filme, daqueles que a gente assiste suspirando e sonhando em viver. Só que dessa vez era real. Era eu. Era o Caleb.Ele mexia na caixinha de som que tinha trazido, parecia até meio perdido entre os botões, mas quando a música começou a tocar, eu prendi a respiração. Era uma melodia suave, lenta, romântica. Uma daquelas que não exige letra, porque só a melodia já parece falar tudo.— Vem cá — ele disse, estendendo a mão pra mim.Eu olhei, meio rindo, meio nervosa. — Você tá querendo dançar comigo no meio da sala?— Não. — Ele sorriu de um jeito que me desmontou. — Eu tô querendo dançar com a mulher da minha vida.Meu coração bateu forte, e eu não tive escolha. Entreguei minha mão, e ele me puxou devagar, colando meu corpo ao dele. Senti