Marcia
Quando o médico entrou no quarto, senti minhas pernas ficarem bambas. Eu já não aguentava mais aquela espera, aquela sensação de que algo horrível tinha acontecido. Passei os últimos dois dias vivendo como se estivesse dentro de um pesadelo. Mas, quando ele abriu a boca, a minha respiração voltou a fluir.
— Senhora, seu marido não foi envenenado. — As palavras dele vieram firmes, mas tranquilizadoras. — O que aconteceu foi uma reação alérgica grave. Ele ingeriu frutos do mar.
Eu me agarrei na beirada da cama de Jonas, como se o chão tivesse desaparecido.
— Frutos do mar? — repeti, sem acreditar.
O médico assentiu, com a calma de quem lida com esse tipo de situação todos os dias.
— Sim. Ele apresentou um quadro alérgico fortíssimo, mas agora já está fora de perigo. Está estável, e se não houver complicações, ele terá alta ainda hoje.
Eu olhei para Jonas, que ainda estava deitado, mas com os olhos abertos, cansados, como se tivesse acordado de um longo pesadelo. A mão dele aperto