PamelaAcordei com o cheiro de café fresco se espalhando pelo chalé. O sol ainda estava tímido lá fora, refletindo na neve como se tivesse jogado glitter pelo mundo inteiro. Caleb já estava em pé, mexendo no telefone enquanto pedia nosso café da manhã. Ele parecia concentrado, mas quando levantou os olhos e me viu enrolada no cobertor, sorriu daquele jeito que sempre fazia meu coração disparar.— Bom dia, preguiçosa — ele provocou, guardando o celular no bolso. — Pedi um café da manhã especial pra gente.— Especial? — perguntei, esfregando os olhos, ainda sonolenta.— Queijos suíços e chocolates. Quero ver se você vai resistir.Sorri. Só de ouvir a palavra "chocolate" já fiquei animada. Me levantei, ainda de pijama, e fui até ele. Caleb me puxou pela cintura e me roubou um beijo rápido. — Você está linda até de cara amassada.— Ah, claro... — revirei os olhos, mas não consegui disfarçar o sorriso bobo.Poucos minutos depois, bateram à porta. Um funcionário do chalé trouxe uma bandeja

PamelaMeus dedos estavam praticamente congelados quando tirei as luvas. O calor do chalé da estação me atingiu como um abraço, e eu suspirei alto, agradecendo aos céus por não ter perdido nenhuma parte do corpo na neve.— Acho que nunca mais vou sentir meus pés — reclamei, batendo as botas no chão pra tirar o excesso de neve.Caleb riu, tirando o casaco grosso. Ele parecia imune ao frio, como se tivesse nascido naquele gelo. — Para de drama, você mandou bem.— Drama? Eu quase morri três vezes naquela montanha. — Fingi indignação, mas no fundo estava sorrindo. — Se não fosse você me segurando, eu estaria virando boneco de neve agora.Ele se aproximou, abaixando um pouco a cabeça até nossos olhos se encontrarem. — Eu disse que não ia deixar você cair.Meu coração deu aquele salto bobo. Suspirei e desviei, indo em direção ao balcão. O cheiro de chocolate quente no ar era irresistível.— Dois chocolates, por favor — pedi, tentando não parecer afetada pela intensidade com que Caleb me olh

PamelaEu me joguei na cama do hotel, cansada da viagem, mas feliz de estar finalmente em Roma. A janela estava entreaberta e eu sentia a brisa gelada da noite entrar no quarto, trazendo com ela os barulhos da cidade lá fora. Caleb tinha acabado de entrar no banheiro para tomar banho, e eu fiquei ali, sozinha, mexendo no celular dele, já que o meu tinha descarregado.No começo, a ideia era só procurar algum restaurante próximo, ver uns pontos turísticos… nada demais. Mas quando a tela iluminou e apareceu uma notificação, meu coração travou por um segundo.“Oi Caleb, aqui é a Clarissa, estamos sentindo sua falta aqui na empresa, volte logo.”Clarissa. A secretária dele. Aquela mesma que eu já tinha pegado olhando demais, rindo demais, e se oferecendo pra ajudar em coisas que claramente não eram parte do trabalho dela. Desde a primeira vez que a vi, alguma coisa no meu estômago me dizia que ela passava dos limites.A raiva subiu na hora. Eu nem pensei duas vezes. Minha respiração ficou

PamelaA Itália foi como viver dentro de um sonho. Cada ruazinha estreita, cada praça iluminada à noite, cada taça de vinho e prato de massa pareciam cenas de um filme que eu nunca imaginei estar dentro. Com Caleb ao meu lado, tudo ganhou ainda mais cor. Eu me sentia plena, feliz de verdade, como se tivesse encontrado o lugar certo, a vida certa e, principalmente, a pessoa certa.Mas, como toda viagem perfeita, uma hora a realidade bate na porta. E a nossa realidade tinha nome: a empresa. Caleb não falava muito sobre o trabalho quando estávamos juntos, mas eu sabia o quanto ele era essencial lá. Era como se tudo dependesse dele — e de certa forma, dependia mesmo. Então, quando ele disse que estava na hora de voltarmos para o Brasil, eu respirei fundo e aceitei. Parte de mim queria ficar rodando a Europa com ele pra sempre, mas outra parte sabia que aquilo não era possível.— Amanhã cedo vamos voltar — ele me avisou, em tom calmo, como se já tivesse tudo organizado.Eu assenti, mas con

Eu estava sentado na sala, tentando entender o que Clarissa estava fazendo ali, no meio da minha casa, depois de ter tocado a campainha como se fosse visita de rotina. Aquilo não fazia o menor sentido. Ela era minha secretária, sim, mas o fato de aparecer assim, sem avisar, já era estranho. Eu cruzei os braços e fiquei de frente para ela, com a expressão mais séria que eu conseguia manter.— O que você está fazendo aqui, Clarissa? — perguntei, firme.Ela se mexeu no sofá como se não estivesse à vontade, mas logo levantou o queixo.— Eu estava com saudades de você, Caleb. — falou com uma voz doce, que para mim soou quase ensaiada. — Eu sei que você viajou com a Pamela... e eu só queria te mostrar que posso ser melhor que ela.Eu arqueei uma sobrancelha, rindo baixo.— Melhor que a Pamela? Você sabe o que está dizendo?Ela me encarou, convicta.— Sei sim. Você pode estar casado, mas eu percebo como olha pra ela... sei que tem algum tipo de relacionamento com ela. — inclinou-se para fren