Eu me tornava o amigo perfeito que Heitor parecia desejar: noites em bares, festas, mulheres, companhias desconhecidas. Mas, no fundo, eu sabia exatamente o que buscava — recuperar anos de atraso, desejos reprimidos, a omissão disfarçada de racionalidade. E, naquela sexta-feira à noite, não era diferente.Terminei a última cirurgia exausto. O cansaço me consumia, mas mal finalizei as anotações no prontuário — medicamentos, orientações de repouso, agendamentos — quando Heitor surgiu na porta. Segurava o terno em uma das mãos e digitava freneticamente no celular com a outra. Eu estava longe dali, mentalmente esgotado, o corpo implorando por descanso. Começar a musculação tinha me deixado dolorido de um jeito que eu ainda não sabia lidar.Eu queria recusar mais uma noitada. Precisava. Mas, no fundo, sabia que não conseguiria escapar daquela rotina que, de algum modo perverso, me preenchia. Ainda assim, naquela noite, o esgotamento — físico, emocional — me fazia desejar algo diferente, mes
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