Ainda temos muito o que viver
Ainda temos muito o que viver
Por: Lia Rodrigues
Ainda temos muito o que viver

“ Em meios à tantos lugares em busca de desafios e respostas...não existe aventura mais enigmática do que quando viajamos para dentro de nós mesmos”.

Hoje amanheceu um friozinho suave e atadas aos meus delírios consequentes de uma pequena insanidade mental, lembranças da minha infância ressurgiram, a chácara que ficava bem em frente à minha casa foi recriada em minha memória.

E ali estava ela, cheia de árvores frutíferas, quantas vezes desejei explorar aquela floresta tão enorme na minha imaginação infantil.

Sim, havia uma chácara em frente à minha casa, mas tudo ali tinha um ar de mistério, era um lugarejo chamado Santana, ora, não era, ainda é, pois, esse lugar ainda existe, acontece que lá já não tem mais os encantos de outrora.

Haviam alguns personagens interessantes, porém temo citar alguns nomes, pois eles nem sequer imaginam que dentro do nosso mundo de criança, se transformavam em seres fantasiosos.

Mas em meio à tantas lembranças não posso deixar de falar de tigre, um cachorro grande e forte, coberto por um lindo pelo malhado, contudo para meu irmão Ramon e eu, tigre era um enorme cavalo.

Não me recordo quanto tempo o tigre viveu, porém é bem claro, que o seu desaparecimento deixou um grande vazio no nosso cenário infantil, se os animais marcam a vida de quase todos os adultos, imaginem, a vida da maioria das crianças.

Em Santana comemoravam anualmente uma festa, acontecia em meados de julho, é impossível tirar da mente as bandeirolas coloridas, as barracas enfeitadas e as palmeiras plantadas artificialmente, ouço bem forte agora, o som da bandinha que animava o ambiente.

Tento segurar a emoção ao sentir o cheiro das cocadas baianas, de coco e das pamonhas de tapioca que meus avós paternos, Dona Laura e Sr. Afonso vendiam na barraca improvisada, que eles próprios construíam usando palhas, cipós e madeiras.

As festas nesses pequenos vilarejos traziam uma atitude de nobreza, pois todos se uniam, organizando um enorme mutirão, guiados por um objetivo em comum: A diversão.

Ah! E os bailes nas roças? Essas lembranças não me pertencem, contudo pertencem ao meu pai, Manoel Afonso, ele conta que acompanhava o seu tio Chico, um tocador de sanfona, juntos viajavam a cavalo e ao chegarem no local, o arrasta-pé estava garantido.

A animação contagiava e meu pai ainda garoto, ficava ali observando e eternizando dentro de si, os episódios engraçados.

 As gargalhadas ouvidas por ele, ecoam agora em meus ouvidos.

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