Capítulo 3

Ricardo Puentes estava sentado em sua cadeira pensando na noite anterior, que havia voltado para casa carregado por alguns empregados da refinaria. Seu irmão, Damião, entrou em sua sala.

- Onde está seu juízo? Não pode mais continuar com essa vida! Está colocando tudo em risco com suas farras. Quando o papai partiu disse para nós cuidarmos o que era dele. Onde está seu compromisso com sua promessa?

Ricardo riu. – Está enterrado à sete palmos debaixo da terra, junto no caixão do velho.

- Não pode continuar com isso, irei pedir para o conselho o afastar se continuar assim!

- Você não faz ideia do que é vida, caro irmão!

- Faço sim! Minha vida é muito boa junto com minha família!

- Vocês são uma piada!

- Você e sua mãe são uma piada! Aquele presente dado para minha esposa, não acreditei naquilo!

- Mamãe foi muito criativa, uma planta muito adequada para a ocasião!

Damião pegou seu irmão pela gola.

- Não gosto dessas insinuações, minha esposa é uma ótima pessoa! Trabalhadora e honesta. Diferente de sua mãe que engravidou do papai para pegar parte da sua fortuna.

- Ela foi inteligente! Assim como a sua... Quem diria que uma faxineira teria essa sorte na vida?

- Você vale tanto quanto sua mãe!

- Com certeza! Somos muito valiosos, graças a inteligência dela...

Damião saiu batendo a porta para não bater em Ricardo. Pensou em sua pobre mãe, o quanto havia sofrido com a descoberta da existência de Ricardo, e principalmente a forma que ela perdoou seu pai depois do acontecido. Ele não conseguia entender tudo aquilo, qual motivo de passar por uma humilhação igual aquela. Realmente Damião não era igual ao seu pai e seu irmão mais novo. Estava dobrando no corredor a direita e encontrou Mercedes indo limpar sua sala.

- Com licença, posso pegar minhas coisas antes, por favo? Aproveito e vou almoçar em casa, deixarei a senhora sossegada para trabalhar.

De longe percebe-se que Ricardo não é a sombra de Damião, que é um homem cheio de grande bondade. Ricardo por sua vez o oposto do que se vê em toda família Puentes, um jovem milionário arrogante, convencido e muito sem escrúpulos. O fazia com que seus irmãos e irmãs mais velhos o mantivesse distante de suas vidas, menos Damião, que acreditava que seu irmão poderia e um dia seria uma pessoa melhor, por esse motivo, ele não se afastava de Ricardo.

Voltando do almoço tiveram uma reunião para decidir a exportação de um novo produto, que seria muito rendoso para a empresa. Sendo assim todos os sete irmãos, Damião, Lupita, Lourdes, Jerônimo, Clóvis, Valentina e Ricardo, deveriam se reunir com o conselho para avaliar as propostas realizadas para empresa.

Damião deu início, sem mesmo esperar Ricardo chegar, pois já passava mais de quarenta minutos do horário marcado.

- Conforme conversamos anteriormente, as propostas feitas para a refinaria nos trarão lucros acima do esperado, poderemos começar as contratações para atender a demanda.

- Meu irmão! – Disse Lourdes. – No setor de compras irei solicitar duas pessoas responsáveis apenas pela cana de açúcar, de preferência que tenham um sólido conhecimento nessa área.

- Acho uma excelente ideia, minha irmã! – Clóvis completou. – Já na minha área quero um caldeireiro que seja autossuficiente, no momento preciso de alguém que não precise aprender o trabalho.

- Promova alguém e contrate um auxiliar! – Sugeriu Lupita, responsável pelo departamento de recursos humanos. – Podemos, não, devemos apoiar e motivar as pessoas que trabalham conosco, assim teremos funcionários mais contentes dentro da empresa.

Ricardo chegou totalmente bêbado, entrou e sentou colocando os pés para cima da mesa.

- Já acabaram com a palhaçada?

Damião levantou, pegou-o pelo braço arrastando-o para fora da sala.

- O que está fazendo? Estamos no meio de uma reunião muito importante, por que você bebeu?

- Para poder olhar para a cara feia de vocês e daquele monte de porcos que se denomina conselho!

- Vai para sua casa, amanhã conversamos!

Ricardo saiu, assim Damião retornou para dentro da sala.

- Por que você ainda admite que ele fique na empresa?

- Jerônimo, ele precisa de nós, está perdido e é nossa obrigação como irmãos mais velhos.

- Eu descordo totalmente, irei ajustar os orçamento e lhe passar os relatórios por e-mail, me recuso continuar participando de reuniões assim! – Valentina levantou se dirigindo para a porta.

Clóvis baixou a cabeça. – Mais alguém irá sair?

- Eu irei conversar com ela. Preciso que me enviem as solicitações das novas contratações, por favor. – Lupita saiu logo em seguida para alcançar sua irmã.

- O conselho tem alguma manifestação a declarar?

- Acredito pode ser aplicada uma medida disciplinar quanto ao comportamento do senhor Ricardo Puentes, sabendo do desejo de seu pai em mantê-lo na vice-presidência não podendo destituí-lo do cargo. Medidas assim são muito necessárias para o convívio dos membros, principalmente se tratando de familiar.

- Concordo com o senhor presidente do conselho, meu irmão! – Disse Lourdes se dirigindo até a porta. – Peço licença, pois irei começar a preencher a documentação para a contratação das pessoas necessárias.

- Agradeço a todos, tenham uma boa tarde de trabalho.

Damião levando tomando rumo da saída da sala de reuniões. Saiu, em seguida se dirigiu para a sala de seu irmão, Ricardo, o qual já havia ido embora. Damião foi para sua sala e começou pensar na tal medida de afastamento.

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