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" A ESPONTANEIDADE PODE QUEBRAR BARREIRAS QUANDO O SORRISO SINCERO SE TORNA UMA DE SUAS FERRAMENTAS"Depois da aula eu fui ao cinema, precisava espairecer um pouquinho. Vou ao banheiro, lavo as minhas mãos e meu rosto, tento amenizar minha cara de cansada, já que mal dormi a noite. Comprei uma pipoca, refri e um chocolate. Amo doces por isso precisava ter para minha terapia pós raiva ... Não tinha muito filme em cartaz, mas escolhi um que pudesse prender minha atenção, suspense com terror : Invocação do mal. Parece ser bom, conta a história de um casal paranormal, que são investigadores e viajam para ajudar uma mãe que cria seus filhos sozinhas a se livrar de um espírito demoníaco. A melhor parte ou a pior, ainda estou na dúvida é que o filme é baseado em fatos reais. Isso é assustador, saber que está sendo retratado algo que realmente aconteceu chega a dar medo. Eu nem consigo me imaginar em uma atuação assim, ficaria assustada em cada cena. Escolho uma das fileiras do meio e a quinta poltrona, dá uma visão mais ampla da tela e não tem aquele fuzuê do fundão. Me acomodo, coloco o refrigerante no lugar, pipoca no meu colo e o chocolate na bolsa como emergência ,caso o susto seja muito grande e eu fique em pânico . As luzes se apagam, o trailer começa, logo terá outros filmes muito bons, não vejo a hora de iniciar essa temporada. Pronto, o filme se inicia com aquele ar de suspense e gritos prestes a serem revelados…
-Moça, licença por favor. —É incrível como sempre tem um atrasado para atrapalhar, penso comigo mesma.
Dou espaço para ele passar e o desajeitado quase cai em cima de mim, fazendo com que minha pipoca se vire no meu colo.
-Eiiii, cuidado, meu refri vai derramar desse jeito. Falei enquanto catava as pipocas e as comia.
-Não acredito, é você Maya? —Ele pergunta como se me conhecesse.
Eu o observo mais atentamente, porque estava muito escuro e vejo que para meu azar era o inconveniente do Oliver. Eu sou muito azarada mesmo. Venho esvaziar a tensão que me causaram e dou de cara com ele.
-Não, não, não, aqui não. Você não tem outro lugar para estar? Já procurou outra pessoa para demiti-la do emprego? Que garoto chato. Vai se sentar longe de mim. Me deixe quieta.
-Você é sempre reclamona assim? Perguntou sussurrando enquanto passava para encontrar seu assento..
-Afff, quanta maturidade! Vai sentar no seu canto e me deixa ver o filme.
Ele se senta do meu lado e começa a pegar minha pipoca durante o filme. Para não me estressar mais eu resolvo desprezá- lo. Confesso que estou fazendo muito esforço para manter minha paciência. Eu olho para ele com a cara ranzinza e ele ri. É muito cara de pau.
-Olha, olha Maya, ela vai invocar o espírito . Xiiiii...eles vão morrer. Quer apostar? Falava e me cutucava.
-Garoto, assiste calado. Shiiiiii. — Eu estava rindo por dentro, ele parecia uma criança.
-Mayaaa, a cadeira flutuou , o covarde vai morrer. Correeee burra. — Ele roía as unhas. Eu não sabia se prestava atenção no filme ou se nesse medroso ao meu lado.
-Seu você não ficar quieto eu vou sair daqui Oliver, você está atrapalhando eu assistir.— Eu estava me divertindo, isso sim, por alguns instantes eu até me esquecia que o filme era de terror.
-Tá bom, parei garota sem graça. Só estou tentando te dar um apoio emocional.
Depois de uns segundos ele me cutuca de novo, dessa vez para mostrar que o refrigerante dele acabou.
-E o que eu tenho a ver com isso? Vai comprar ? Falei enquanto bebia meu refri lentamente.
Oliver então, toma o copo de mim e bebe meu refrigerante todo e ainda tem a coragem de mostrar o copo vazio, fazendo barulho com o canudo.
-Seu idiota!!! Era meu refrigerante. Dei um beliscão nele que o fez rir de mim. Eu não aguentei e ri também.
O filme estava quase acabando, peguei meu chocolate e fui mordendo bem devagar. Gosto de sentir ele derretendo na boca, apreciando a textura e o sabor...humm
. Até que o Oliver, se vira e dá uma mordida no chocolate, no meu chocolate.-Não é possível, você de novo. Eu te ofereci, por acaso? Garoto intrometido. Desconfie, você não é bem vindo —Falei brava, ninguém mexe no meu chocolate.
-Eu não sou intrometido. Se fosse educada e tivesse me oferecido eu não teria dado uma mordida tão grande, você que é gulosa e queria comer tudo sozinha, por isso mordi. Tem mais aí, garota chata?
Eu me viro para não lhe responder com grosseria, até que ele segura minha mão.
-Vou cuidar de você, mocinha. Segure minha mão para seu medo passar. —Ele não me olha, mas suas palavras mexem comigo, achei fofo seu medinho.
-Capaz!! Você que é frouxo e está com medo, não coloque a culpa em mim se não aguenta ver filme para adultos— Puxo minha mão e me recomponho na cadeira.
-Você vai me dar trabalho, garota rebelde. Mas eu gosto de você. Não sei porque, se você só me maltrata. Seus pais não te deram educação? — Seu cinismo é tão grande que não me contenho e começo a rir.
-Você não existe!! Aprontou com seus amiguinhos no meu trabalho e eu que sou rebelde? Affff, vai procurar outra pessoa para atormentar.
-Esquece aquele dia menina, deixa de ser rancorosa. Qualquer dia você ainda vai me agradecer por ter saído de lá. E por falar nisso não esqueça da entrevista. É amanhã. - Ele fala apontando o dedo em meu rosto. Eu seguro seu dedo apertando e respondo:
-Eu não vou. Não quero . Me deixe em paz. Que chatice. E cala a boca , quero prestar atenção no filme, foi por isso que vim.
Ele se cala por uns minutos. Durante esse intervalo há uma cena de suspense, eu me assusto e sem querer aperto seu braço, mas foi por impulso.
-Sabia que não ia resistir ao meu charme. Eu sou demais garota. —Ele fala como se quisesse ouvir um elogio de mim.
Eu o encaro com cara de desprezo e continuo assistindo.
Finalmente o filme termina, para variar foi muito bom, esse toque paranormal dá uns bons suspenses. Me organizo juntando o lixo e ao me levantar ele puxa minha bolsa me fazendo sentar na cadeira novamente.
-Maya, foi bom estar com você hoje, foi divertido assistir o filme com você. Mesmo você não me deixando prestar atenção nos detalhes do filme. Sei que fui um babaca no barzinho por isso te peço para aceitar e ir na entrevista. Por favor garota, deixe de ser marrenta.
-Sinceramente Oliver, é melhor a gente manter distância. Obrigada, mas não quero.
Eu me levanto pela segunda vez, as luzes se acendem e caminhamos para a saída.
.-Não adianta me ignorar. Se você não aceitar eu vou te seguir e falar na sua cabeça até você aceitar.E já vou adiantando , sou persistente.
E por sorte do destino encontramos a Allana em uma loja próxima ao cinema.
-Oi amore, porque não falou que ia dar uma volta no shopping, eu teria lhe feito companhia. —Allana fala com Oliver virando a cara para mim.
-Eu resolvi de última hora pegar uma sessão. Mas já estou indo embora. —Oliver responde e continua atrás de mim.
Allana o puxa para perto de si, colocando seu braço entre o dele, apertando-o como se fosse um abraço, e o levando para dentro da loja , ele sem jeito lhe segue e me olha antes de entrar.
-Não esqueça garota. Faça o que eu te falei. —Oliver dá um sorriso e uma piscadinha para mim enquanto é arrastado pela Allana.
Eu começo a rir , vendo que ele se tornou a marionete dela.
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