Capítulo 6 Prometida

Uma profecia..

Dei alguns passos para trás diante da revelação de Hades, ele me observava imóvel.

Nessa profecia eu serei sua esposa?- perguntei minha voz falhando.

Ele assentiu mas rapidamente acrescentou.

— Mas você não está aqui para se casar comigo, e sim para se proteger de Ares, eu nunca obrigaria você a um casamento.

—  Mas está me mantendo prisioneira aqui. —  ressaltei reencontrando minha voz novamente. 

Hades deu alguns passos em minha direção.

—  Você é priosioneira de sua própria fragilidade. — retrucou na defensiva.

Analisei suas palavras com cuidado e uma idéia me ocorreu.

Então o único motivo de eu me encontrar nesta situação é minha fragilidade e fraqueza..fácil de resolver, me ensine a lutar.

Hades franziu o cenho confuso, duvidava que eu falava sério.

Para reforçar minhas palavras desferi um soco contra ele, que com uma facilidade constrangedora para mim, aparou meu golpe.

—  Então a deusa das flores quer lutar?—  perguntou sorrindo enquanto segurava meu pulso firme.

Me soltei de seu aperto e pulei para trás.

—  Vamos ver se sua fama é exagerada.— exclamei e Hades permaneceu imóvel me fitando com uma expressão divertida no rosto.

— Não quero machucar você Perséfone.—  retrucou.

— Então eu machuco você! — rebati e peguei um bastão de ferro que estava em uma prateleira com diversas armas de combate.

Segurei firme o bastão.

—  Seria melhor criar sua própria arma. —  sugeriu.

— Gostei dessa. —  respondi.

Hades avançou sobre mim com as mãos nuas e eu levantei o bastão contra ele, bati com toda minha força de divindade mirando em seu rosto, com agilidade Hades levantou o braço aparando o golpe.

O bastão quebrou ao meio na minha frente.

Hades segurou minha nuca me obrigando a olhar para ele e exclamou.

Você não é uma deusa da força física, explore seus pontos fortes!

— Me solte! — exclamei o empurrando para longe.

— Eu machuquei você? —  ele perguntou me encarando surpreso com os olhos arregalados.

—  O que? Ah não.. — respondi.

Hades não parecia nada com o deus cruel e violento que ouvi dizer pelo Olimpo

—  Mas não gosto que gritem comigo.. —  ressaltei.

A porta se abriu e Hermes surgiu por ela.

— Zeus o convoca ao Olimpo junto de Perséfone. — Anunciou Hermes.

Respirei aliviada, voltaria para casa.

Hades assentiu em concordância, se aproximou de mim e segurou em minha cintura, tudo ao redor desapareceu em névoa negra inclusive Hermes.

Eu não via mais nada só sentia as mãos de Hades ao redor de mim.

Um segundo depois estávamos diante do trono do Olimpo e nele estava Zeus.

Ao lado de seu trono estava Hera em todo o seu esplendor, abaixo deles, Deméter, Afrodite e Ares.

Hermes surgiu correndo porta adentro como um raio.

— Perséfone! — gritou minha mãe e eu corri para ela.

Nos abraçamos.

— Hades, meu irmão porquê você surgiu do submundo para sequestrar donzelas? É isto que faz agora em suas horas vagas? —  Zeus tripudiou se levantando do trono.

— Receio que eu tenha aprendido com você irmão. — Hades retrucou deixando Zeus furioso.

—  Ele desafia você Zeus. — Hera acusou.

— Ele me salvou de Ares, fui atacada por ele. — revelei o defendendo.

—  Ela mente em favor dele meu pai, o mundo inferior fez mal a mente frágil dela. —  rebateu Ares.

MALDITO!

—  Não estou mentindo! — esbravejei em fúria.

—  Deméter tire Perséfone do salão. —  Hera ordenou.

Não! Hades não me fez mal mãe!

— Perséfone vamos! — Deméter me puxava para fora.

Não! Ares me atacou!

—  Calada garota! — Hera ordenou se levantando.

— Vá Perséfone. — ordenou Hades.

Me soltei de Deméter e corri até Hades.

—  Conte a eles tudo que aconteceu no bosque Hades. — implorei olhando em seus olhos.

— Não irá adiantar Perséfone.. —  murmurou para mim, segurou minha mão e senti ele deixar um objeto nela.

Deméter me puxou para longe e eu fechei bem as mãos.

Saímos pela porta deixando Hades, Zeus, Hera, Ares,Hermes e Afrodite em audiência.

— Mãe, foi Ares. —  tentei convence-la.

Ela me levou para meu antigo quarto.

—  Perséfone você esta confusa, Hades é o deus dos mortos e confundiu sua mente no mundo inferior, em seu reino ele é muito poderoso. — tentou me convencer.

O que? Não! Vocês estão confusos, ele não me fez mal.

— Manteve você prisioneira Perséfone!—  exclamou.

Sim! Mas não tocou em mim e me salvou de Ares e Dioniso, não estou dizendo que ele é o sinônimo da inocência mãe mas ele não é culpado do que dizem.

Eu não contaria a ela sobre a profecia, por causa dela Hades me salvara e havia me raptado e parecia estranhamente pessoal,ela não estava sendo ela mesma desconfiando da minha versão dos fatos, não senti vontade de compartilhar isso.

— Afrodite contou que Hades levou você a força envenenando o Hidromel, Ares e Dioniso contam a mesma versão.—  Revelou e de repente tudo ficou bastante claro para mim, é claro que a escória se uniria para corroborar suas mentiras vis, minha mão se fechou com força sobre o objeto que ele me dera estando ciente de que ele estava agora sendo acusado de coisas das quais não tem culpa.

—  Todos mentem descaradamente. —  murmurei.

Ela me olhou como se sentisse pena, como se tivesse perdido o juízo.

—  Vou deixar você descansar minha filha, mandarei as servas trazer uma refeição completa para você. — anunciou e antes que eu pudesse dizer algo saiu pela porta.

Sentei na cama e abri minha mão.

Era um anel, cuja a pedra era negra como as pedras do portão do castelo, alisei o objeto tão delicadamente feito e olhei com mais atenção para a pedra negra e percebi que se tratava das mesmas pedras dos portoes do castelo, eram de um tom escuro demais e pareciam conter um oceano dentro delas porque era essa a sensação que eu tinha ao olhar para a pedra, estar olhando para um mar negro e revolto.

Porque ele havia me dado o anel eu não fazia ideia, comecei a pensar sobre tudo que poderia estar acontecendo na sala do trono e todas as mentiras que deviam estar sendo repetidas e uma agonia e frustração me atingiu.

Ares! Malditos todos eles!

Afrodite também estava mentindo para proteger aquele verme!

Será que Hermes intercederia por Hades?

Coloquei o anel no dedo e o alisei impressionada com sua beleza e percebi que ele acabaria sendo um lembrete de minha curta estada no mundo inferior.

Algum tempo se passou e servas entraram com uma refeição que eu nem mesmo olhei.

Hermes viria aqui me contar o que foi dito?

Eu contava que viesse.

Horas se passaram até que ouvi uma batida na porta.

— Entre! — gritei a ansiedade transparecendo em minha voz. 

A porta se abriu e Hermes entrou por ela.

O abracei e fechei a porta.

— Vamos me conte, o que houve? —  perguntei Aflita.

— Ares e Afrodite contaram uma história mentirosa, que Dioniso confirmou quando foi confrontado sobre o seu rapto, Hades contou a verdadeira, Hera apoiou o filho e Zeus mesmo não estando convencido sobre a culpabilidade de Hades o baniu de pisar no Olimpo e no mundo dos vivos..—  revelou com pesar.

Eu não pudia acreditar no que ouvia..

Maldito seja Ares!

Banido por quanto tempo? —  perguntei.

— Duzentos anos. — respondeu Hermes e abaixou a cabeça.- mas isso não é o pior Perséfone.

— O que mais aconteceu Hermes? —  perguntei.

—  Ares exigiu sua mão em recompensa por ter tentado salvar você de Hades, jurou diante de todos os deuses protege-la dele, contou ser apaixonado por você e prometeu a sua mãe que não deixaria Hades nunca mais leva-la para longe dela.

Eu me sentia enojada ao ouvir isso.

— O que Zeus e minha mãe responderam? — perguntei mas no fundo eu já sabia da resposta.

Você está prometida a Ares com o consentimento de Deméter e Zeus, e com a bênção de Hera.

Todos esses dias eu acreditei ser o mundo inferior o inferno mas estava enganada, o Olimpo era.

Eu precisava voltar para o único lugar onde Ares não me procuraria.

O mundo inferior.


Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo