Traição Antes da Cerimônia de Marcação
No dia da cerimônia de marcação, o que me aguardava não foram flores ou a aceitação da alcateia, mas sim a notícia de que meu namorado, Alex Costa, havia sido pego por uma nevasca e estava desaparecido, sem deixar vestígios.
Eu, Aurora Santos, perdi o homem que amava, e o filhote de lobo em meu ventre perdeu o pai.
Quase morri de tristeza, mas todos tentaram me consolar:
— Aurora, tente ser forte, pelo menos pelo seu filho.
No dia do velório, Heitor Costa, o irmão gêmeo de Alex, que fazia a patrulha na fronteira da alcateia, voltou para casa trazendo sua companheira.
Sempre que eu via Heitor, com aquele rosto idêntico ao de Alex, meu coração se contorcia de dor.
Até que, numa noite, ouvi sem querer uma conversa entre minha sogra, Dona Luna, e Heitor:
— Alex, você precisa fazer isso. Seu irmão morreu para salvar você. Sua cunhada está sozinha, não é fácil para ela. Quando ela tiver o bebê e se sentir mais forte, você pode realizar a cerimônia de marcação com Aurora.
Depois de um longo silêncio, ouvi a tal resposta de Heitor:
— Mas e Aurora? Ela ainda está esperando um filho meu.
Dona Luna suspirou e disse: — Aurora é uma menina forte, muito compreensiva. Ela vai entender.
Heitor respondeu resignado: — Tudo bem, mãe, farei como você pediu.
Foi só então que entendi: Alex nunca havia morrido.
O Heitor, meu cunhado, diante de mim era, na verdade, Alex disfarçado!
Meu coração se despedaçou e liguei para meu irmão, que morava na alcateia do sul:
— Mano, quero voltar para casa. Alex já morreu, não faz sentido eu ficar aqui.