O tempo foi fragmentado em pequenas emoções humanas resultantes de uma linha do tempo caótica e repleta de confusão. A emoção humana transformou uma semana em lamentos de um mês, uma tênue sensação de frio com o congelar os ossos.Tudo que lhes ronda é uma melancolia incomum trazida pelo tempo gelado, as sopas e o molho pardo. Enquanto uma série de assassinatos incomuns rondam uma cidade que antes fora sempre tão calma, Spencer navega entre delírios e remédios mal intencionados, acordando em cenas de crime e encontrando muitas vezes conforto em um sonho antigo sobre cabanas e garotas mortas. Conversando com uma garota que parece ser fruto de sua imaginação, o Viajante se sente distante de tudo, procurando um sentido para todos os sonhos que o acercam e todas as garotas mortas que perseguiu pela floresta. Dentre todos seus demônios escondidos há sete chaves, Nadia encontra uma relação comum com um rapaz perturbado, revelando fazer parte de algo tão maior para ambos.
Leer másEm Os Demônios de Truskaw, a confusão momentânea e o devaneio constante fazem parte da memória da vida onde cada uma das pessoas citadas têm alguma importância ou tampouco importam. Cada um é protagonista de sua própria história e assim como cada indivíduo da espécie costuma associar, alguns deles são bastidores, peças extras ou totalmente indiferentes.
Iniciamos nossa jornada com um vislumbre do passado, presente e futuro, onde todas as ações de Spencer parecem partir de uma confusão, um devaneio ou lembrança. Junto à narrativa somos apresentados a uma figura cumprida, rodeada por cães de caça e biscoitos de estrelinha. Como contrapartida, temos a apresentação frustrante de Nadia Jaworska, uma sargento procurando algum tipo de redenção, uma missão não cumprida e uma promoção tão aguardada.
Dentro de seus núcleos podemos caminhar sobre seu subconsciente onde todas as verdades se escondem, os traumas de Nadia, os segredinhos de Henry e toda a confusão de Spencer são tão abertas, onde o silêncio de Teresa diz tanto. Separadas em pequenas pastas que tenho acesso apenas de vez em quando, pois mesmo nós sendo agora uma divindade tão onipresente, a mente é um grande labirinto e as emoções mundanas tendem a mudar fatos.
Com isso podemos concluir que algumas vezes eu irei lhe contar um fato e você descobrirá entrelinhas que aquele fato pode ter uma mescla de emoção, de encurtamento ou uma versão inteiramente diferente há poucos núcleos à frente, que algumas linhas do tempo existentes podem ser alteradas pelas próprias personagens.
Dito isso, podemos partir para o princípio de um prelúdio, onde todos os fatos são apenas fragmentos de uma verdade tão ampla, onde aos poucos vamos descobrir do que se trata, talvez em poucos núcleos ou quem sabe entre sonhos e memórias esquecidas há tanto.
O tempo foi fragmentado em pequenas emoções humanas resultantes de uma linha do tempo caótica e repleta de confusão. A emoção humana transformou uma semana em lamentos de um mês, uma tênue sensação de frio com o congelar os ossos.Tudo que lhes ronda é uma melancolia incomum trazida pelo tempo gelado, as sopas e o molho pardo.
Mas acima de tudo há uma grande força escondida entre a grande floresta que os acerca, chamada de “Floresta assombrada”, onde a Velha Bruxa, que segundo as crenças de muitos, reinou no mundo junto com tantos outros, aguarda oferendas e o momento certo de voltar a superfície e lançar o caos sobre todo o globo. Como contrapartida, temos um amontoado de seres talentosos à sua maneira, marcados em nascimento por um dom incomum de caminhar pelo vale da vida e da morte, entre o tênue espaço branco, cinza e muitas vezes negro que está entre ambos. Ali é onde toda a fragmentação de tempo ocorre, na hora da coruja, onde todos dormem. Entre Sonhos de Lua e Antisonhos, há de haver algum equilíbrio.
TERESA SE TORNA UMA SEMELHANTE. A noite era escura e cheia de mentirinhas. Sempre que encarava ao redor, Teresa conseguia enxergar todos os olhos que a floresta mantinha sobre si, todo o pesar e as fofocas. Não precisava ouvir para saber de quem falavam ou do quê. Era sempre do mesmo. E com suas capas de inverno e lanternas, adentraram a floresta assombrada. Eram pinheiros sentinelas com seus dentes de gelo, a Lua grande e redonda pronta para engolir todo o planeta e o silêncio. Sempre que alguém pisava em alguma folha seca fazendo as meninas se assustarem, Teresa imaginava qual seria a sensação. Não lembrava de se quer ouvir qualquer som, por menor que fosse. Quando ela e Magnus eram apenas crianças bobas, ele costumava gritar ao seu ouvido ou arremessar coisas no chão, quebrar pratos e bater a madeira de lenha no piso da sala comum. Nada ouvia. Ela também não conseguia se lembrar de um único dia em que não estavam juntos. Sempre que
SPENCER. Por detrás das cortinas o vento dançava em sua melancolia comum. O tecido alvo que mantinha certa transparência estava escondendo seu corpo erguido por lençóis de sangue e seus pés estavam machucados. Sempre que se aproximava um pouco mais absorvendo toda a energia pesada e ficando de frente as pombas brancas que voavam ao redor e tomavam um pouco daquele líquido rubro intenso que caía para a tigela de vez em quando, Spencer sentia que suas pernas travavam. Talvez fosse todo o suor e a sensação dominando seu cérebro por completo o fazendo acordar sempre. A garota ao seu lado ofegava baixinho com cabelos negros grudando ao crânio enquanto ele sentia seus corpos colados de forma levemente desconfortável. Spencer odiava transar de lado. — Fique surpresa quando você me ligou — ela disse ao se separarem e subitamente cada um ir para seu lado da cama. Ela estava se levantando para se limpar — As vezes eu acho que você esquece que
TERESA. Quando o sol se punha atrás das árvores e todo o mundo comum se tornava escuro por alguns instantes curtos, Teresa sentia a forte brisa da primavera sobre os cabelos. Era estranho caminhar sobre a floresta assombrada com um carrinho de mãos cheio de terra Negra e sementes, com uma garrafa mediana de água e medo. Aquele lugar era capaz de destruir a mente mundana. Diziam as lendas que todas as bruxas da floresta moravam naquele lugar onde as árvores se inclinavam para frente abraçando seus donos com tanto louvor e fora lá, onde as árvores tinham espinhos e olhos vermelhos que ela foi parar. Quando olhava para o céu poderia enxergar toda a escuridão pincelada pelas poucas estrelas com a Lua tão pequena que mais parecia uma lanterna velha e quase sem bateria. Ela cruzou todo o caminho estreito e as linhas ingremes a frente, encontrou plantas vermelhas como sangue e algumas outras quase transparentes, os dedos de gelo começavam a se forma
O SONHO FRANCÊS. Quando o céu estava limpo e as estrelas dominavam o mundo comum, grilos começavam seu coro da madrugada e ela sabia que iria chover. Mesmo quando algum lobo uivava longe ou quando as corujas insistiam em piar em cima do telhado, ela sabia que iria chover. Era como um passe comum naquela estação onde todos os animais do mundo se uniam para avisar um ato natural por mais simples que parecesse. Quando os pássaros voltavam a fazer seus ninhos próximos ao bosque ela sabia que já era primavera, que já não estavam transitando entre o mundo gelado e um mais quente, harmonioso. Quando Tessa voltava às aulas ela sabia também que o pior havia passado. Ela se lembrava de fazer tudo sozinha desde sempre. Quando criança costumava acordar cedo e preparar seu café da manhã, de passar sua roupa e queimar a ponta dos dedos para testar a temperatura do ferro, de nunca saber se tinha lavado o cabelo no dia certo ou sequer se havia lavado direito
Nadia. Quando não estava totalmente escuro ou neblinoso, a cidade de Truskaw não parecia tão ruim. Nadia poderia encontrar o canto de pássaros pela floresta assombrada, o intenso verde das folhas e o marrom da terra, as formigas caminhando entre tronco e lebres. Nadia sentia falta de caçar lebres. Lembrava de quando era nova e tudo que tinha que fazer da vida era estudar e brincar. Seus pais costumavam lhe dizer que seria a mulher mais inteligente do mundo quando crescesse, poderia até ser verdade, mas ela nunca sentiu-se nem ao menos esperta. Rita estava caminhando muito mais à frente. Esta era uma garota cautelosa, havia aprendido tanto nos últimos anos. — Estamos quase lá — quis anunciar mesmo Nadia tento a total consciência de onde iriam. Talvez o fato de não ser totalmente moradora de lá fizesse as pessoas acharem que ela não conhecia a cidade. Quando subiram uma grande elevação encontrando o ponto de partida, uma grande
FAYE. Mesmo quando caminhava pelo grande vale profundo, Faye sentia como se ainda houvesse uma saída. Em seus poucos Sonhos de Lua, procurava pela energia do Sol, pela sabedoria das constelações que tanto viram em seus dias de vida. Se conseguisse energia o suficiente, poderia virar o jogo. Sempre que encarava ao redor, o mundo comum parecia mais distante. Era como se as paredes brancas fossem apenas peças de vidro e tudo que a acercava era o vazio de um mundo atópico. Como se todos os móveis velhos e manchados de sangue, poeira e tristeza fossem toda a humanidade que a acercava. Earl havia lhe contado sobre o rapaz da Inglaterra. — Ele está nos alimentando todas as manhãs e noites com carne mundana — lhe disse na língua dos lobos. Faye estava com o grande lobo no colo, ou pelo menos toda a parte que cabia em seu colo, ela gostava de passar as mãos sobre a cabeça do animal como fizera anos antes. Grande parte de si gostaria d
Último capítulo