Capítulo III: Sob o Lustre de Ferro

 A chuva começou a cair no instante em que todos se reuniram à mesa de jantar. Mercstzine recebeu Tarci com um tapa na cabeça e comentou sobre a sorte dos três não serem pegos pela nuvem que caía, mas disse que teriam o seu magnífico chá para ajudar no caso de um indesejado resfriado, informação que os obrigou a torcer o nariz.

 A lenha crepitava na lareira em uníssono com as gotas de chuva que açoitavam a estalagem. Mercstzine fizera uma sopa de legumes para ajudar a espantar o frio, algo que fez Nico agradecer, apenas seus pés reclamavam da ausência de calor. Endrick se enganara ao pensar que tinha um par extra de botas, e os pés de Tarci eram menores do que os de Nico, a única solução foi continuar descalço.

 Endrick apoiava o queixo em suas mãos e os cotovelos na mesa. Ondeava a sopa com o talher de forma distraída, sequer cogitava tomar um pouco. Seus pensamentos estavam distantes, além do mar, porém permanecia ciente de tudo ao redor. Nico não o vira comer nada o dia inteiro, algo que notara outras vezes, contudo sabia que o amigo não era descuidado.

 Havia um feixe de preocupação aceso nos olhos de Mercstzine, mas também um brilho de curiosidade. Seu olhar não parava de pousar no marido, cujo cabelo longo e completamente branco encobria parte do rosto e dos ombros. Sombras projetadas em sua face transformavam-no em alguém severo e cruel. Mesmo sem o peso do seu olhar em troca, qualquer pessoa se sentiria intimidada em encará-lo por mais de três segundos.

 De uma forma ou de outra, todos esperavam que Tarci falasse sobre o que tinha visto no seu sonho e o que tinha sido feito em Elisesile, mas ele permanecia lacônico. Nem mesmo Nico resolveu perguntar dessa vez, o silêncio sentava com eles e era uma companhia desconcertante. Os trovões permaneciam fortes, as nuvens falavam entre si e ignoravam o resto do mundo.

 Quando uma voz enfim se ouviu, foi a de Mercstzine:

 — Quer dizer então que vocês nem colocaram os pés em Elisesile?

 — Não, senhora Mercstzine— respondeu Nico, girando o talher entre os dedos.— Tarci resolveu voltar mais cedo. Encontramos ele no caminho.

 — Sério? Voltou mais cedo?

 — Não, senhora Mercstzine— respondeu Endrick, largando o talher.— Nós estávamos atrasados e ele começou o caminho de volta, pois já havia anoitecido. Por isso o encontramos na estrada.

 — Logo depois que um cavalo passou correndo por nós— disse Nico.

 — Um cavalo?

 — Sim, mas a sela estava vazia— Endrick limpou a garganta.— Vinha de Elisesile, correndo veloz nessa direção. Tarci certamente deve ter escutado o galope.

 — Escutei— disse Tarci.— mas não imaginei que estivesse sem cavaleiro.

 — Vocês acham que foram bandidos?— perguntou Mercstzine, espantada.— Sinto pena pelo o que tenha acontecido a esse pobre homem, mas sou grata que nada tenha me tirado o meu Tarcísio.

 — Obrigado, minha flor.

 — Não foi nada, meu bem— Mercstzine sorriu.

 — Os dois não comecem, por favor— Nico interrompeu-os antes que Tarci continuasse.— Não na nossa frente.

 — É possível que tenha sido um ataque— disse Endrick—, há meses que não acontece por essa região.

 Tarci balançou a cabeça em sinal de concordância.

 — Quando o vento se aquieta demais, é melhor a alma estar preparada.

 — Para o quê?— Perguntou Nico.

 — Para quando ele voltar a soprar e trazer seja lá o que Ávaro permitir que ele carregue.

 Nico assentiu.

 — O que acha de falar agora sobre o que foi fazer naquela cidade?— Indagou Mercstzine.— Você saiu cedo e voltou apenas à noite, ainda por cima bêbado! Não percebe a sorte que teve de o destino de outro homem não cair sobre você da mesma forma? E isso por quê?

 — Eu sabia que a única coisa que poderia cair sobre mim era a chuva.

 — Não me diga, Tarcísio. Sério? E se isso mudasse? Já mudou certa vez.

 Tarci abaixou a cabeça e suspirou. Seus braços envolviam seu corpo de forma estranha, Endrick suspeitava que escondia algo.

 — Você está certa— disse.— Como sempre, aliás. Fui imprudente, mas o impulso que eu sentia... não podia ser deixado de lado.

 — O que o sonho lhe mostrou?

 — Uma caixa azul.

 Nico riu.

 — Uma caixa? Muito interessante.

 — Deixe que continue— Endrick repreendeu.

 Tarci umedeceu os lábios antes de prosseguir.

 — Eu tive visões assombrosas, pessoas e mortes. Vi o caminho que levava a Elisesile, essa caixa estava lá. Foi me dito onde encontrá-la, eu vi o céu escurecer, o tempo limite para pegá-la era o primeiro trovão retumbar mais alto. Porém sua localização foi perdida quando acordei, havia apenas espaços em branco, eu esqueci. Por isso eu bebi, para que me lembrasse.

 — Isso deu certo? Porque normalmente as pessoas bebem para esquecer.

 Mercstzine e Endrick encararam Nico.

 — Desculpe, pode continuar.

 — Bom, eu me lembrei e... A encontrei.

 — E onde estava?— Perguntou Mercstzine— Onde está agora?

 Tarci hesitou.

 — O que importa é que ela está aqui— ele tirou o que ocultava de forma discreta dentro da sua roupa: uma caixa retangular pouco menor que seu antebraço, com a largura da palma da sua mão e medida de três a quatro dedos da base à tampa.

 — Nosso Criador, Tarci!— disse Nico— Essa caixa é vermelha, você pegou a errada.

 — C-como é?

 Endrick controlou o riso. Mercstzine deu um tapinha na cabeça de Nico.

 — É uma caixa azul, Tarcísio. O que tem escrito na tampa dela?

 — Eu não sei— Tarci apontou a caixa na direção da esposa.— Consegue ler?

 — Estranho— ela semicerrou os olhos, tentava distinguir uma letra entre os entalhes de flores em baixo relevo.— Parece um “M”.

 — Ou um “W”— sugeriu Nico.

 Endrick concordou com a teoria de Mercstzine.

 — O que significa?

 — Eu só sei que não pode ser aberta— Tarci indicou a fechadura— Não há chave e nem penso em quebrá-la. Desconheço o que ela pode conter, mas vejo que é necessário guardá-lá comigo. Por qual outra razão a veria nos meus sonhos?

 Nico bocejou.

 — É uma caixa bonita. Deve servir de decoração.

 — Vou usar de decoração na sua cabeça, garoto, quando você pensar em voltar a Nider Cinstrice de novo.

 — A Arena!— lembrou-se Tarci— Como foi sua Noite? Venceu Abnor?

 — Não exatamente... eu perdi.

 Tarci balançou a cabeça.

 — Todo mundo perde às vezes. Claro que Abnor nunca foi derrotado na Arena, mas qualquer pessoa que não seja ele já perdeu.

 — É, obrigado pelas palavras.

 — De nada. Eu contei minha história, qual de vocês vai falar a sua?

 Nico bateu no ombro de Endrick, que suspirou.

 — Está bem, mas é melhor não me interromperem.

 — Mais uma maravilhosa narração sobre a Arena— Mercstzine cruzou os braços, sua máscara de ironia sorrindo.

Na quase escuridão do corredor da Arena, Nico se sentia perdido em meio às vozes da multidão acima. Embora o caminho tenha se tornado um pouco familiar e levasse a uma única direção, essa sensação o acompanhava de perto. Lembrou-se da primeira vez em que seus pés pisaram nesse lugar. De como o ímpeto de voltar e desistir era grande, cada batimento era um “não vá”. Não se sentia um lutador da Arena, mas sim um garoto perdido na imensidão de um mundo onde as sombras dominavam. A insegurança o abraçava.

 Naquela mesma noite, sua primeira em Cinstrice, ele enfrentou um adversário experiente, bem maior do que esperava. Todos diziam seu nome e o incentivavam a acabar logo com o novato magrelo. Nico se via pequeno e incapaz, cada passo em direção ao oponente não parecia ser executado por ele, estava distante e ao mesmo tempo presente. Sentia o calor que emanava do Lustre de Ferro sobre sua cabeça, e sentia o suor frio que escorria por seu rosto. Mas nunca se esqueceria de um batimento bem forte no peito: “vá!”.

 Desviou da investida veloz do oponente e atacou com força. Pela primeira vez na noite, descobriu-se digno de estar na Arena. Conseguiu ser forte quando não acreditava; quando acreditou, venceu a luta em questão de dois minutos. Aquele mero desconhecido tinha então o nome na boca de cada pessoa ali.

 Agora que ele andava pelo corredor outra vez, algo havia mudado. Era sua quinta Noite, todos o conheciam, porém a confiança depositada nele não existia mais. Vencera sua segunda luta contra um adversário melhor que o primeiro, mas a terceira não seria como as anteriores. Recebeu um convite do campeão da Arena, Abnor, para enfrentá-lo. Ignorando completamente as palavras de Endrick, aceitou. Como esperado, teve sua primeira derrota sob o Lustre de Ferro.

 A segunda veio como um pedido de revanche, a partir de então ninguém acreditava mais em Nico. Seu nome virou piada na Arena. As pessoas estavam ali, naquela terceira noite com os mesmos oponentes, para rir e assisti-lo perder. Enfrentaria Abnor mais essa vez e não daria esse gosto a ninguém.

 Seus passos pararam ao escutar seu nome, um rosto pálido surgiu a sua frente e desapareceu rapidamente, como se o vento levasse. Estava desatento, mas percebeu que a figura parecia Johen. Nico balançou a cabeça e seu nome foi dito novamente ao dar apenas um passo.

 — Nico!— Era uma voz que vinha da multidão, cujos assentos ficavam sobre o corredor.

 Ele se esforçou para escutar.

 — ...contra o mesmo?— Era a voz mole e desajeitada de um bêbado— Você acredita que pode dar um resultado diferente?

 — O quê?— Surgiu a voz de quem falara primeiro.

 — Você acha mesmo que Nico pode se sair melhor?

 — Só se for melhor como tapete beijando o chão!

 Os dois caíram na gargalhada.

 Isso bastou. Nico olhou para cima, para as tábuas de madeira do teto do corredor. Aqueles dois, quem quer que fossem, estavam num lugar ideal. Nico preparou-se, mirou e saltou, desferindo um soco estrondoso no teto. Um barulho de metal contra madeira se destacou em meio aos gritos de susto e impropérios, alguém havia deixado a caneca de cerveja cair. Nico apenas conteve o riso e seguiu satisfeito seu caminho, indiferente à cerveja que escorria pelas frestas do teto.

 Chegando ao fim do corredor, estava de frente para o portão que levava ao Cerco, onde ocorriam os duelos. Todas as tochas se apagaram ao mesmo tempo, a escuridão se tornou completa e da plateia só restaram murmúrios.

 Ouviu-se o barulho de metal que indicava a elevação dos portões, abrindo passagem para os lutadores. Nico deu três passos a frente e sabia que, do outro lado do Cerco, Abnor fizera o mesmo. Ao acender do Lustre de Ferro, a luta estaria iniciada.

 — Sintam-se parte da Arena de Cinstrice!— Uma voz forte ecoou por toda a parte, o Lorde da Noite, o anunciador das lutas.— Esta noite, assim como todas as próximas, sintam-se a voz e as entranhas da Arena do Lustre de Ferro!

 Fizeram-se aplausos e vivas por um momento, então ele retomou a falar.

 — Teremos aqui um novo duelo que todos querem ver, e eu logo aviso, vocês que vieram de longe e vocês, doidos o suficiente para morar em Cinstrice, será belíssimo! Teremos Nico de Ellefen!

 Archotes acenderam-se próximos a ele. Uivos baixos e risos chegaram aos seus ouvidos entre os aplausos.

 — E o nosso atual grande campeão, invicto histórico, Abnor!

 Os aplausos foram constantes e com bastante entusiasmo. Quando viu a face confiante e convencida do seu rival, Nico desejou quebrá-la mais ainda.

 — Agora chega! Escutem-me, pois logo calarei minha voz, para infelicidade de todos. Não fechem os olhos ou a boca, não se esqueçam de que seus pulmões precisam de ar e aproveitem a Grande Noite! Rarterien!

 O Lustre de Ferro se acendeu em chamas vermelhas e douradas, incendiando a voz da plateia com vigor renovado.

 Nico cobriu os olhos devido a claridade, porém logo suas pupilas se acostumaram. Olhou para o oponente, que bateu duas vezes os punhos nos peitos e os ergueu em direção às arquibancadas, gritando para incentivar sua torcida. Abnor era maior e mais velho, não tão rápido, no entanto bem forte. Tinham estilos de luta parecidos, mas Abnor é acostumado a vencer rapidamente, isso quer dizer que talvez possa se cansar rápido se a luta permanecer muito. Era tentador, mas Nico não queria testar a ideia.

 O olhar de ambos se encontrou e eles levantaram guarda. Abnor avançava com maior velocidade, suas pernas longas e fortes faziam seus passos parecerem três dos de Nico, e Nico não era mais que dez centímetros menor que ele, o mais novo apenas aproximava-se com cautela.

 Abnor desferiu o primeiro golpe, um soco de esquerda. Nico abaixou, acertou dois socos no estômago do adversário e girou rapidamente, sem desfrutar de tempo para sentir a dor por bater em algo tão rígido. Agora, um estava na posição iniciante do outro.

 Nico sentia a vibração no seu peito aumentar e seus sentidos se aguçarem a cada expiração. Firmou os pés no chão e se preparou para receber mais uma investida. Abnor avançou e dois socos passaram pelo canto de visão de Nico, enquanto ele esquivava para a direita e acertava um golpe na lateral do corpo de Abnor, uma careta surgindo no rosto. Abnor tentou acertar seu cotovelo na cabeça de Nico, porém o mais novo conseguiu abaixar antes de ser golpeado e acertou as costelas do oponente mais uma vez.

 Exibindo uma nova careta de dor, Abnor se permitiu cair sobre o joelho, apertando a lateral do tronco com a mão. Nico aproveitou a chance, acertou duas de direita e uma de esquerda na cara do adversário, terminando a sequência com uma joelhada no queixo.

 Abnor foi jogado ao chão e a voz irrequieta da plateia ganhou um tom mais silencioso. Nico partiu para cima do oponente, que girou rapidamente sobre o piso de terra batida do Cerco e se ergueu com facilidade. Uma explosão de luz tomou a visão de Nico, Abnor acertou uma sequência no seu rosto. Um soco acertou a clavícula de Nico, causando uma dor imensa, e um chute no abdômen o expulsou para trás.

 Nico caiu ao chão, uma tosse seca não queria permitir que levantasse. Mesmo assim, ele a afastou e se colocou de pé para encarar Abnor. O rosto ainda confiante, nada abalado em sua expressão, o leve sorriso zombeteiro presente. A luz do Lustre de Ferro refletia em seu suor. Nico sentiu uma gota de algo quente tocar seu pé, pensou que fosse seu próprio suor, mas era o sangue que escorria do seu nariz. Notou que sequer estava vermelho onde acertara Abnor.

 Nico enxugou o nariz e ergueu os punhos cerrados. Abnor fez o mesmo e disse:

 — Podemos começar agora.

 Ambos avançaram correndo ao mesmo tempo, Nico saltou e acertou um golpe com a perna esquerda no peito de Abnor e, girando rapidamente no ar antes de cair ao chão, desferiu um chute com a direita no rosto do adversário, fazendo Abnor recuar.

 Nico se levantou e preparou um novo golpe, mas Abnor agarrou seu punho e o puxou para uma cabeçada. Abnor acertou três socos no abdômen de Nico, que se afastou e tentou bloquear um soco de esquerda com o cotovelo, no entanto, falhou. Ele foi jogado ao chão e Abnor tentou chutá-lo nas costelas, porém Nico agiu mais rápido e acertou a panturrilha do oponente, obrigando-o a se ajoelhar.

 Nico se ergueu, distanciando-se para poder respirar. Sua visão estava pesada assim como seu corpo inteiro, tinha certeza que estaria com uma dor de cabeça no dia seguinte. Abnor andava em sua direção, não parecia disposto a dar um tempo de descanso. Sua expressão agora era de raiva, algo que demorava a surgir nas Noites anteriores. Nico sorriu e a luta recomeçou.

 Mais dois minutos se passaram e o pouco do equilíbrio que existia no início se perdeu. Infelizmente, não foi a favor de Nico, que começava a cambalear no Cerco. Marcas de sangue jaziam sobre o chão e, àquela altura, Nico não era o dono de todas elas. Mesmo assim, estava perdendo, as pessoas já consideravam a luta ganha para Abnor, mas a teimosia não permite os tolos desistirem. Nem os bravos.

 Nico investiu com um golpe de direita, Abnor desviou e acertou um soco nas suas costelas e outro na cabeça, fazendo Nico recuar tonto. Abnor o puxou pelo braço e o chutou, desferindo vários golpes com a mão que estava livre. Nico acertou um soco no rosto de Abnor, fazendo o oponente soltá-lo, porém Abnor agiu rápido e agarrou Nico por trás.

 O abraço forte roubava seu ar, Nico tentava inutilmente acertar o rosto do adversário até sentir tudo girar e seu peso desaparecer. Uma pancada forte fez sua cabeça doer mais do que nunca. Ele estava tossindo no chão. O Lustre de Ferro parecia um sol diante dos seus olhos, porém não o fazia se sentir forte e nem aquecido por dentro. As vozes da multidão pareciam distantes. Olhou para onde estavam e um rosto se destacou, a face pálida e inconfundível de Johen.

 — Parece que você aprecia perder de verdade— os lábios dele se moveram em cada palavra, mas foi a voz de Abnor quem disse.

 Um último golpe o apagou. Nico só foi acordar apertado em uma carroça, com dor de cabeça e sem botas.

Quando Endrick terminou sua narração, com poucas interrupções de Nico, apenas os grilos pareciam contentes com o desfecho. As nuvens se calaram e a chuva era um leve chuvisco, perdendo a intensidade mais cedo do que Mercstzine imaginava.

 — Você chegou perto— disse Tarci— Meus olhos gostariam de ver essa luta, eu digo. Seria mais prazeroso ver você vencendo, mas isso não é tudo. Aprendizados maiores se ganham perdendo.

 Nico coçou a cabeça.

 — Não sei se esse final está certo, mas eu agradeço.

 — Você quer ir à Arena mais uma vez?— Perguntou Mercstzine.— Não acha que está na hora de parar?

 — Não...— disse ele após um breve silêncio.— Não quero parar.

 — Você quer se matar, garoto? Não está vendo? Endrick, já chega...

 — Não é Endrick quem pode escolher por mim, nem ninguém. Eu quero. Eu vou. Vencerei Abnor, a senhora verá.

 — Por quê? Por que esse desejo de se provar? E para quem?

 Nico balançou a cabeça.

 — Ninguém, senhora Mercstzine.

 — Eu o proíbo de pisar em Nider Cinstrice novamente!

 — A senhora não pode fazer isso.

 Mercstzine bateu na mesa.

 — Enquanto dormir aqui, eu posso!

 — Esse é o problema?— Nico levantou-se.— Posso ir embora agora mesmo!

 — Sente-se, Nico— disse Endrick.

 — Eu não...

 — Calem-se!— Ordenou Tarci.— Tem alguém batendo à porta.

 Batidas fortes soaram, como se não fosse a primeira ou quinta vez que alguém tentasse ser ouvido.

 — Essa conversa continua— disse Mercstzine, saindo da cozinha.

 Endrick lançou um olhar para Nico e a acompanhou até a porta para ver quem poderia ser. Quando Mercstzine abriu a porta, o corpo de um homem desabou sobre o tapete.

 — Nosso Criador!

 Um outro homem caiu de joelhos, seu olhar encontrou o de Mercstzine.

 — Temos um abrigo aqui essa noite?

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