O amanhecer na Vespera trouxe consigo uma luz fria e impiedosa, que se infiltrava pelas janelas da cabine, revelando não apenas a vastidão do espaço, mas também as sombras que se agitavam na alma de João. A euforia da noite anterior, a fusão de energias, a promessa de um novo horizonte, tudo parecia se desvanecer sob o peso de uma crise de arrependimento avassaladora. Ele se virou na cama, o corpo pesado, a mente em turbilhão, e a imagem de Kael, tão íntima e recente, o assombrava como um fantasma.
Elara, sentindo a mudança na atmosfera, a tensão que emanava de João, se aproximou, sua voz suave. "João, está tudo bem?" A pergunta, simples e carinhosa, foi o gatilho para a explosão que se seguiu. João se sentou abruptamente, os olhos arregalados, o rosto contorcido em uma mistura de raiva, confusão e uma dor profunda. A fúria baiana, que Elara pensava ter apaziguado, ressurgia com uma intensidade ainda maior.
"Tudo bem?!" ele bradou, sua voz rouca, carregada de mágoa. "Nada está bem, El