Oton observava os documentos sobre a mesa, depois de desligar a chamada.
Uma lembrança antiga o atingiu com força... o dia em que tudo começou.
Dante tinha apenas doze anos quando o destino cruzou seus caminhos.
Naquele inverno, o carro em que Oton viajava com o motorista e o filho de Luca, Lian, perdeu o controle em uma curva estreita da estrada, em Liège e despencou no rio. O impacto foi tão violento que o veículo afundou rápido, sendo engolido pelas águas geladas.
Sem pensar, Dante, ainda garoto, que passava pela ponte com uma caixa de engraxate nas costas deixou tudo e pulou.
A água estava quase congelando, cortava-lhe a pele como lâminas, mas ele não parou. Lutou contra a corrente, segurou o corpo pequeno de Lian e o puxou para fora, tossindo e ofegante, sem sentir as mãos.
Foi então que o viu voltar para ajudá-lo, pois ficara preso a porta emperrada.
Dante mergulhou de novo, prendeu a respiração e usou uma pedra para forçar a porta do carro submerso. Oton se lembrava do olhar de