O chão se abriu sob meus pés quando vi Angelo Moretti no clube. Não era apenas sua presença imponente, era a forma como ele estava ali, como um predador em seu território. O brilho da luz nas suas jóias contrastava com a penumbra do local, realçando a arrogância em sua postura. A pressa em voltar para o camarim, um pequeno espaço abafado e mal iluminado, foi inútil. O cheiro forte de perfume barato e suor misturados ao aroma de cigarro me acompanhou na fuga apressada. Segundos depois, ele estava ali, irrompendo no espaço feminino, o olhar faiscante me prendendo como um imã, um olhar que parecia atravessar minha pele, me analisando, me avaliando. Maria, uma das meninas, uma garota magra com um cabelo ruivo vibrante sempre preso em um coque desajeitado, tentou contê-lo: "Senhor Moretti, isto aqui é um espaço feminino." Sua voz tremia levemente, mas sua postura era firme, uma tentativa corajosa de proteger o nosso pequeno santuário.
Sua resposta foi um silêncio arrogante, um silênci