O terno e a gravata disfarçavam a verdade. Sentado entre os acionistas da Moretti, eu, Angelo Moretti, parecia um empresário qualquer, mas a realidade era bem diferente. A empresa era a fachada perfeita para lavar o dinheiro sujo da máfia italiana, meu verdadeiro império. Após fechar alguns negócios, deixei a empresa e segui para casa, para o almoço familiar. Às 12h em ponto, a família Moretti se reunia. Eu, o primogênito, ocupava a cadeira principal, controlando tudo. Ao meu lado,Michael que era o irmão do meio casado com Brianna; e por fim Derrick e Tifanny que eram os caçulas e por conseguinte mais protegidos da família.
O almoço foi tenso, silencioso. Depois, chamei meus irmãos para o escritório. Um grupo rival estava ameaçando um de nossos pontos de tráfico de drogas, e a situação exigia ação imediata. __"Esta noite, quero isso resolvido. Entendido?", ordenei, meu tom de voz deixando claro que não toleraria falhas. Reuni alguns homens da máfia e, sob a capa da noite, partimos para o ataque. Encapuzados e armados, surpreendemos os rivais. A luta foi rápida e brutal. Dizimamos a maioria, enquanto os restantes fugiram. O custo foi alto: cinco homens perdidos, enterrados com honra, em um momento de silêncio respeitoso antes de incinerarmos os corpos dos inimigos. A celebração da vitória foi breve, em um bar mal iluminado. O clima festivo logo se tornou tenso. __"Deveria nos dar uma compensação mais justa. Não é hora de estarmos aqui", reclamou Michael, seu descontentamento evidente. __"Vocês estão gananciosos. Já lhes dou muitos privilégios", respondi, minha paciência se esgotando. Deixei-os e fui encontrar Roxana, minha noiva. Ela me recebeu com um abraço apaixonado, um beijo ardente. Fechei a porta com o pé, a levando para o quarto. A violência e o desejo se misturaram naquela noite. Algemei-a na cama, arrancando suas roupas. O chicote cortou sua pele, enquanto o prazer e a dor se entrelaçavam em um ato selvagem. Só ao clarear do dia, me levantei, tomei um banho e voltei para casa. Demarco, meu braço direito, me esperava no escritório, com uma planilha em mãos. Os nomes dos traidores estavam ali, uma sentença de morte implícita. Neste mundo, não havia perdão para a traição. __"Mudando de assunto, hoje é sexta. Vamos ao clube noturno. Dizem que chegaram novas garotas," disse Demarco, tentando quebrar a tensão. __"Estou sem tempo." __"Ah, esqueci que agora você é um noivo certinho", provocou Demarco, com um sorriso irônico. ___"Não seja idiota, Demarco. Sabe que isso nunca me impediu." Ele abaixou a voz, conspiratório: __"Estão falando em leilão de virgens." Ri alto. "Ainda existe isso?" __"Parece que sim, provavelmente deve ser uma senhora . Vai aparecer?" __"Não gosto de virgens." __"Nem precisa. Lá tem mulheres de todos os tipos, e elas te adoram." Lembrar daquelas noites no clube me fez sorrir. __"Talvez eu apareça mais tarde. Mas não garanto nada." Demarco se foi, e eu voltei aos assuntos da máfia, um império construído sobre sangue e traição. Passei o restante do dia enfiado no escritório, um tédio insuportável. Assim que a noite caiu, decidi aceitar o convite de Demarco, estendendo o convite ao Derrick, que era o irmão que era mais próximo, Ele aceitou na hora. Tomei um banho demorado, vesti meu terno Armani, fiz um coque nos meus cabelos rebeldes – que insistiam em desafiar a ordem –, coloquei meu relógio de ouro, passei meu perfume preferido e enfiei na cintura minha inseparável Glock. Desci as escadas e lá estava Derrick, arrumado, mas bem mais casual que eu, com uma jeans e camiseta. __“Para onde vocês estão indo?”, perguntou Tiffany, sua voz carregada de curiosidade. Derrick e eu trocamos um olhar cúmplice, um sorriso malicioso nos lábios. __“Nos divertir, irmãzinha”, respondi, deixando a curiosidade dela no ar. Cada um foi em seu próprio automóvel. Peguei minha Ferrari vermelha, um rugido selvagem pronto para ser solto. Derrick preferiu sua motocicleta, um monstro de duas rodas. Saímos os dois, rasgando o asfalto, ignorando os sinais de trânsito como se fôssemos donos das ruas. Chegamos ao galpão subterrâneo que servia de casa noturna. Era um lugar reservado, discreto, exatamente o que procurávamos. Fomos recebidos e conduzidos a uma mesa escondida em um canto mais escuro, onde Demarco já nos esperava. __“Ora, pensei que não viria”, disse Demarco, um sorriso ladino nos lábios. __“Mudei de ideia. Preciso me divertir, assim como esse fanfarrão aqui. Tem anos que não sabe o que é uma mulher”, provoquei Derrick. __“Não sou tão promíscuo quanto você.” zomba da minha cara __“Ou não gosta de mulheres”, completei, com uma piscadela para Demarco, que gargalhou. Eu sempre zombava de Derrick por ser o “certinho” da nossa família torta. Um garçom se aproximou; pedimos uísque. Brindamos, e eu dediquei a bebida ao fim do celibato de Derrick, o que rendeu novas gargalhadas. A noite prometia ser longa e divertida. O suor grudava na minha camisa. Três moças tinham acabado de se sentar em nossos colos, o ar denso de perfume barato e expectativa. Arrisquei uma brincadeira com Derrick. __"Pode aproveitar, irmão, eu pago." Ele revirou os olhos, um sorriso ladino nos lábios. Entendia perfeitamente a minha jogada. A música parou de repente, um silêncio pesado caindo sobre a sala. Então, ela surgiu: Madame Bouvary, dona do estabelecimento, uma figura extravagante, com um vestido vermelho escarlate decotado que parecia gritar vulgaridade. Ela se posicionou no pequeno palco improvisado, um sorriso calculista nos lábios. __"Boa noite, cavalheiros! Hoje temos uma novidade na casa. Vamos leiloar... uma virgem!" Um rugido explodiu na sala. Os homens uivaram, bateram palmas, um coro de excitação animalesca que já estava acostumado. E então, ela apareceu. A dita garota. Caminhando lentamente, cabeça baixa, ela parecia carregar o peso do mundo em seus ombros jovens. Seus cabelos ruivos e longos caíam pelas costas, contrastando com a pele clara e quase translúcida. A seda fina e brilhante do vestido mal disfarçava a fragilidade do seu corpo, mas ao mesmo tempo, essa fragilidade, essa aparente inocência, a tornava irresistível. Um desejo estranho, uma atração pela vulnerabilidade, me atingiu com força.O medo era um nó na garganta, me paralisando. A voz de Madame Bouvary, ecoando pelo salão, anunciou minha entrada. A cabeça baixa, os passos pesados como se cada pé pesasse uma tonelada de chumbo. O coração batia forte, ameaçando explodir o meu peito. Cheguei ao palco improvisado, onde Bouvary me esperava com um sorriso falso, cruel. Sua mão na minha, um giro brusco, e me senti exposta, um frango destinado ao abate. Os homens, jovens e velhos, me olhavam com uma voracidade animalesca, salivando como se eu fosse um pedaço de carne. Nunca me senti tão vulnerável, tão amedrontada. __“Essa jovem ruiva só tem 19 anos, cavalheiros, ainda uma flor em botão, e somente um de vocês terá o privilégio de vê-la desabrochar. Primeiro lance...” Cem mil. Duzentos mil. Os números subiam, cada lance me dilacerando por dentro. Eu era um objeto, sendo avaliado, comprado, meu valor medido em dinheiro. As lágrimas escorriam sem parar, incontroláveis. A disputa acirrada entre os homens, até que uma voz
Este provavelmente foi o pior momento da minha vida. A dor física, a humilhação e a culpa me consumiam. Apesar do que aquele homem dissera, o preço pago foi insuportável; sentia-me destroçada. Fiquei ali imóvel fitando o teto, sentia uma estranha sensação de vazio, de sujeira. Tudo o que eu mais queria era um banho para tirar o cheiro daquele homem da minha pele. Quando arrisquei olhar para ele, vi que dormia a sono solto. Aproveitei a oportunidade, vesti meu vestido, peguei a maleta com o dinheiro e meus saltos, e saí correndo. Me perdi nos inúmeros cômodos, mas encontrei a porta de saída e corri como um passarinho livre. No térreo, continuei correndo até estar longe daquele prédio. Disquei o número de Kim, que atendeu na terceira chamada. __“Sofia, por que está me ligando essa hora?” __“Vem me buscar por favor!”, disse chorosa. __“Onde você está?” __“Não sei…” __“Me fale o que tem na sua frente.” Só neste momento que pude olhar o ambiente é que notei que o apartamento er
O cheiro dela, morango e baunilha, ainda impregna minha pele, mesmo depois do banho. Um banho longo, com água quase escaldante, tentando esfregar a lembrança, mas a fragrância teimosa persiste, um fantasma inebriante. Arranco o lençol, manchado de um vermelho escuro que não é vinho, e o atiro no cesto. A empregada nunca saberá a verdade sobre aquele sangue. Ela limpará, sem saber que está apagando vestígios de uma noite de possessivo desejo e fuga. O café amargo não apaga a amargura da minha frustração. Ela se foi. Sumida. Antes mesmo que o sol raiasse, deixando para trás apenas o silêncio e o cheiro dela. Uma proposta? Sim, poderia ter lhe oferecido joias, um apartamento, uma vida de luxo. Mas o que eu realmente queria oferecer era algo que não se compra: minha obsessão. Na mansão, a irritação de minha irmã me atinge como um tapa. — Está precisando casar, Tiffany, assim para de pegar no meu pé! ___ igualmente você, talvez se casasse pararia de amanhecer na farra. disse A voz
A ligação que recebi me deixou de pernas bambas. Finalmente, um coração para a Mavie! Os médicos estavam fazendo os últimos testes de compatibilidade, e me ligariam mais tarde para acertar os detalhes. Saí do trabalho pulando de alegria. Kim me olhou, surpresa: __"Que alegria toda é essa?".__ "Finalmente encontraram um coração para a Mavie! Só estão fazendo os últimos testes...", respondi, radiante. Ela exclamou: __"Meu Deus, que felicidade, Sofia! Como é possível...?". Expliquei que uma mulher havia caído de um prédio, sofrido morte cerebral, mas seu coração estava perfeito. __"Vou torcer para ser compatível", sussurrou... No fim da tarde, a ligação do hospital: era compatível! Quase desmaiei de felicidade. Mas havia um detalhe: precisava da permissão por escrito do meu pai, já que Mavie é menor de idade. Voltei para casa eufórica. Meu pai dormia no sofá. __"Pai, acorde! Tenho uma ótima notícia!", o chamei. Ele se levantou, grogue, confuso: __"O que foi? Por que tanta gritar
Frustração. A palavra ecoava na minha cabeça, um mantra amargo. Aquela ligação… o rechaço. Nunca, em toda a minha vida, uma mulher havia me rejeitado. Nunca. Então, por que aquela garota, aquela fedelha que eu havia arrematado em um leilão, havia me dado um fora tão categórico?Demarco e Derrick invadiram minha sala, parando bruscamente ao ver minha expressão. Demarco, sempre direto, disparou: __“O que aconteceu, homem? Algo deu errado?”.Respondi com outra pergunta, a voz carregada de incredulidade: __“Quem sou eu?”.__“Ângelo Moretti”, respondeu Demarco, um sorriso irônico nos lábios.__“Não apenas isso. Sou bilionário, gostoso, o tipo de homem que a mulherada suspira quando passa . Então, por que ela me rejeitou?”, desabei, a frustração transbordando.Derrick, que até então observava em silêncio, perguntou:__ “Quem te rejeitou?”.__“A fedelha do leilão”, respondi, a raiva me consumindo.__“Então vocês não… consumaram a compra naquela noite?”, Derrick perguntou, um brilho de
Sentada na sala de espera do hospital, a angústia me corroía. A cirurgia de transplante de coração da minha irmã estava em andamento, e a cada minuto que passava, a preocupação aumentava. Kim, minha amiga, me fazia companhia, repetindo insistentemente: "Vai ficar tudo bem!", mas as suas palavras soavam ocas diante da imensidão do meu medo. Havia avisado meu pai, mas ele, como sempre, estava "ocupado". Horas depois, o vi num bar com os amigos, e a decepção me atingiu com força. Como ele havia se tornado tão insensível?O tempo se arrastava, cada segundo uma eternidade. Finalmente, o médico cirurgião apareceu. Levantei-me, apreensiva, o coração a ponto de explodir. __ "E aí, doutor?", perguntei, a voz tremendo. __"A cirurgia foi um sucesso", ele respondeu.Um alívio imenso me invadiu, um peso imenso se esvaiu do meu peito. Abracei o médico sem pensar, um gesto impulsivo de gratidão e alívio. __"É verdade isso, doutor?", perguntei, ainda incrédula. "__Sim", ele confirmou. "
No momento que Demarco me passou a localização exata de onde encontrar Sofia eu não pensei duas vezes, marchei para aquele bar cafona juntamente com ele e meu irmão e meus dois seguranças particulares que ficaram lá fora aguardando e de olho em qualquer movimentação. Nos sentamos atrás das duas mulheres, que bebiam e conversavam tranquilamente, acompanhava cada pequeno gesto da ruiva , o modo que sorria e o ato constante de colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ela vestia um vestido simples que não fazia jus a sua beleza, quando fosse minha queria ver-la vestida os melhores tecidos, seda , cetim... ___ Sério que vamos ficar daqui vigiando igual adolescente? Derrick pergunta ___Por enquanto. Quando elas pediram a conta, paguei discretamente. Sofia me viu e reagiu como se tivesse visto o próprio Lúcifer. Saiu correndo. Um segurança a alcançou. Abordei-a, dizendo que só queria conversar. Ela se debatia, gritava por ajuda. A acalmei, e a convenci a entrar no bar comigo. S
Minha irmã, Mavie, finalmente teve alta. Limpei a casa inteira antes de buscá-la – do chão ao teto. Não queria que ela tivesse uma crise alérgica, recém-operada. Ver sua saúde melhorando encheu meu coração de alegria, mas sabia que os cuidados redobrados seriam essenciais."__E o papai?", perguntou Mavie, sua voz carregada de uma tristeza que me apertou o peito. __"Não sei, provavelmente em algum bar", respondi, a verdade escapando antes que eu pudesse pará-la. Arrependi-me imediatamente, mas estava exausta de fingir.Ela se deitou no sofá velho e duro, enquanto eu ligava a televisão e preparava o almoço. A realidade me atingiu com força: precisaria conciliar o trabalho com os cuidados intensivos de Mavie. Alguém precisaria lembrá-la de tomar os remédios, preparar refeições saudáveis... Suspirei, derrotada. O dinheiro havia acabado. Tudo o que restava eram 200 dólares, minha reserva para emergências, gastos com o tratamento dela no hospital.Quando voltei com a comida, Mavie