Ponto de Vista de Mara
Desde que aceitei quem sou – filha do rei e da rainha dos lobos, herdeira de uma força ancestral e indomável – algo dentro de mim mudou de forma irrevogável. Eu já não temia o espelho, nem as vozes que, de tempos em tempos, ecoavam no meu interior. Agora, quando olhava meu reflexo, via a mulher e a deusa, a loba e a Filha da Lua, e a visão me enchia de uma confiança que beirava a soberba.
E ao meu lado, meus companheiros… Apolo e Arthur. Duas metades de um mesmo fogo, forjados para me completar. Eles eram o meu eixo, minha força e minha doce perdição.
Na alcateia, todos me tratavam com um respeito reverente, mas permeado de carinho. Havia uma aura diferente no ar, quase elétrica, como se a própria presença da deusa em mim tivesse despertado uma nova esperança e vitalidade entre os lobos. Eu tentava manter alguma aparência de normalidade, participando das decisões do Conselho, ouvindo os anciões, aprendendo com minha mãe Annabelle, Mas, à noite, no santuário