A alcateia vivia um raro instante de paz. As semanas após o retorno de Mara passaram como dias dourados: manhãs com neblina que se desfazia em fios de prata, caçadas bem-sucedidas, reuniões no grande salão regadas a risos e à sensação de que algo — finalmente — havia mudado. Havia um tipo de reverência no ar quando Mara caminhava pelos corredores: não era só medo nem adoração vulgar, era um respeito silencioso, misturado a gratidão. O cheiro de mirra e eucalipto, os aromas de Mara, pareciam impregnar o próprio tecido da caverna.
Annabelle e Andreas, as figuras da realeza que agora sabiam ser seus pais, tinham visitado por algumas horas e ido embora deixando promessas e olhares que pesavam como chumbo. Victor mantinha sua aliança tênue; a mansão dos vampiros enviava emissários, e o nome de Mara já atravessava fronteiras como alguém que podia, de fato, tocar naquilo que os outros não alcançam. Para a alcateia, era como se um novo eixo tivesse se formado: Mara no centro, e ao redor dela