Narrado por Natália
O som das correntes do bracelete escorrendo pelo meu pulso era a única coisa que eu escutava naquela sala imensa enquanto ajeitava o véu sobre os ombros. A seda do vestido vermelho colava na minha pele como uma promessa maldita. A noite era quente. Não só por causa do calor sufocante de Dubai, mas pelo que estava por vir.
O jantar com o Emir Faisal não era um simples evento diplomático. Era um campo minado. Um jogo onde cada olhar dizia mais que palavras, e onde eu precisava manter minha postura como se não soubesse que tinha sangue fresco na fundação daquela casa. O sangue do Sheikh Abdul Rahman ainda estava impregnado nas paredes do palácio, mesmo que ele estivesse enterrado a metros debaixo da areia.
Me olhei no espelho uma última vez. Cabelo solto com leves ondas, olhos delineados com precisão, batom vermelho escuro. Uma imagem calculada. Uma armadura. Porque eu não podia me dar ao luxo de parecer frágil.
Desci as escadas da mansão com passos lentos, os saltos