Narrado por Khaled
Quando entrei em casa naquela manhã e não a vi na varanda, algo dentro de mim estralou.
Um pressentimento. Frio. Preciso.
Chamei um dos seguranças com o olhar. Ele veio correndo.
— Onde está minha esposa?
— No quarto, senhor. — respondeu, hesitante.
Mentira.
Fui até lá.
A cama estava intacta. Lençóis esticados. Nenhum perfume no ar.
Abri o armário.
A abaya simples, o lenço branco. Sumidos.
Meu coração, treinado para guerra, não acelerou.
Ele congelou.
Abri a gaveta das joias. Um par de brincos de ouro e uma corrente sumiram.
No canto inferior, onde ela guardava os passaportes que eu mesmo devolvi para que ela se sentisse “livre”… vazio.
Sentei na beira da cama.
Fechei os olhos.
Deixei queimar por dentro.