Narrado por Lara
A manhã nasceu abafada. Eu ainda sentia o gosto amargo da noite anterior na boca. A sensação de estar dividida por dentro me impedia de respirar com facilidade. Mas naquele dia… algo mudou em mim.
Eu decidi não ficar só sentindo.
Eu precisava saber.
Precisava ver com meus próprios olhos.
Khaled tinha me contado sua verdade. Mas e a minha?
Ele dizia que as minhas irmãs estavam “fora de alcance”. Que estavam “apagadas”. Que agora, finalmente, eu estava segura. Mas o que isso significava na prática?
Onde estavam?
Como sumiram?
E o que ele fez exatamente?
Andei pela casa em silêncio. Os empregados sempre me tratavam com respeito, mas notei que evitavam me olhar diretamente nos olhos. Sinais de medo. Ou pior… de cumplicidade.
Desci até a biblioteca da mansão, onde sabia que Khaled costumava guardar documentos. A chave da porta estava em um vaso — um dos poucos esconderijos que aprendi a decifrar. Entrei.
Tudo ali era ordenado. Gavetas trancadas. Pastas com etiquetas impecá