Narrado pelo Sheikh
O carro serpenteava por entre as pedras do deserto como se cortasse carne antiga. O sol queimava alto, e a areia refletia o calor que dançava na estrada. Eu olhava pela janela sem realmente ver, os dedos firmes sobre meu bastão de marfim. Aos sessenta e cinco anos, aprendi que os verdadeiros inimigos nunca gritam. Eles apenas chegam. Como Khaled.
O comboio parou diante da propriedade de Hamzah, e os criados se apressaram, abrindo as portas como se meu silêncio fosse mais pesado que qualquer rajada de vento.
Não esperei ninguém me anunciar.
Entrei.
O palácio de Hamzah era exagerado — dourado, barulhento, como se precisasse gritar para ser notado. Diferente do meu, onde cada sombra tinha um propósito. Onde cada parede já viu sangue.
Ele me esperava no salão, com um robe escuro e um sorriso forçado.
— Sheikh… que honra — disse, abrindo os braços.
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